Maestro Jorge Salgueiro: “É um espectáculo sobre o poder e a liberdade que nos lembra que não há machado que corte a raiz ao pensamento”
A Associação Setúbal Voz, através do Coro Setúbal Voz e da Companhia de Ópera de Setúbal, produziu e apresentou neste fim-de-semana, no Fórum Municipal Luísa Todi, dois espectáculos da ópera intitulada “A nave dos diabos”.
“Entre prenúncios de tempestade, o capitão dá ordens bizarras. Com um líder incompetente a nave perde-se na imensidão dos mares. O capitão culpa os marinheiros pela desgraça em que estão metidos. O tempo passa e são tomados pela fome. O capitão propõe um sorteio para sacrificar um corpo aos estômagos dos restantes. É um espectáculo sobre o poder e a liberdade que nos lembra que não há machado que corte a raiz ao pensamento e que um cardume pode devorar um tubarão se disso tomar consciência”, afirmou o maestro Jorge Salgueiro, em declarações a O SETUBALENSE.
Os intérpretes são Capitão Oliveira, pelo barítono João Oliveira; Imediato Néu, pelo barítono Néu Silva; Marinheiro Paes, pelo barítono Frederico Paes; Marinheiro Diogo, pelo barítono Diogo Oliveira; Marujo Simões, pelo tenor Paulo Reis Simões; os Marinheiros, pelo coro masculino; o Mar, pelo coro feminino; os Espíritos das Águas, pelas sopranos Carina Matias Ferreira, Célia Inês Nascimento, Juliana Telmo, Miká Nunes e a Morte, pela actriz Sara Túbio Costa.
A Nave dos Diabos tem concepção e direcção artística de Jorge Salgueiro; Corporalidade, Iolanda Rodrigues; Desenho de luz, Tela Negra; Cartaz, Maria Madalena.
A Companhia de Ópera de Setúbal nasceu a 4 de julho de 2020, por iniciativa de Jorge Salgueiro, como corolário do trabalho desenvolvido no Ateliê de Ópera de Setúbal e no Coro Setúbal Voz.
Em 2020, ocorreram as duas primeiras produções, intituladas “Os Fantasmas de Luísa Todi” e “Vingança”, tendo como objectivo dois espectáculos por ano, procurando reavivar a tradição operática em Setúbal, terra natal da maior cantora lírica portuguesa de todos os tempos, Luísa Todi.
As suas produções procuram uma ligação entre a tradição, o repertório histórico e a contemporaneidade, com base, essencialmente, em criações originais.