Associação de Navegação quer apurar culpa do sindicato dos estivadores na paragem do porto

Associação de Navegação quer apurar culpa do sindicato dos estivadores na paragem do porto

Associação de Navegação quer apurar culpa do sindicato dos estivadores na paragem do porto

O Porto de Setúbal está parado desde o passado dia 6, o que leva a Associação dos Agentes de Navegação de Portugal a querer que as autoridades investiguem a responsabilidade do Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística

 

Faz hoje 13 dias que está parado o trabalho portuário nos terminais de contentores e RO-RO do Porto de Setúbal, pelo menos é o que a AGEPOR – Associação dos Agentes de Navegação de Portugal refere sobre greve do Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística (SEAL).

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A paragem dos estivadores foi decretada no passado dia 6 depois da reunião entre membros do sindicato e alguns trabalhadores com responsáveis do porto não ter terminado em acordo.

Em comunicado, a AGEPOR afirma que “nenhuma greve ao trabalho em horário normal está legitimamente decretada e em vigor”, e que a greve que existe é às horas extraordinárias. “Mais uma decretada pelo SEAL que se soma aos cerca de 120 pré-avisos de greve que emitiu nos últimos 10 anos. Já para não falar dos constantes plenários de trabalhadores aos quais correspondem dezenas de dias de ausência de trabalho. E das manifestações com obscenas palavras de ordem em que nem os ministros são respeitados”.

A direcção nacional do AGEPOR diz ter sido informada que o “SEAL boicotou a assinatura de 30 contratos de trabalho permanentes que iam ser assinados em Setúbal nos primeiros dias de Novembro”, e que o sindicato “exigiu aos operadores que os contratos que foram apesar de tudo assinados sejam rasgados”.

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Refere ainda a associação através de comunicado que “o que nos dizem é que os trabalhadores que querem assinar contratos e trabalhar são coagidos, bem como as suas famílias, para que não o façam, para que não trabalhem. O que nos dizem é que os trabalhadores, sobretudo em Lisboa, durante as greves vão para as baixas médicas para não perderem rendimento”.

Perante este leque de acontecimentos, a AGEPOR quer confirmar se os mesmos são verdade e “apela ao Ministério do Trabalho e Segurança Social que investigue se a paragem do trabalho sem greve é legítima e se as baixas são legítimas”. Mais ainda, pretende que a Autoridade para as Condições de Trabalho “investigue se houve eventuais pedidos de que contratos sejam rasgados”, e que as forças da ordem “possam ajudar aqueles que legitimamente querem trabalhar a poderem fazê-lo”. Quanto às alegadas coacções pretende que o Ministério Público também “investigue”. Considera também importante que o Ministério do Mar apure a verdade.

Contactado por O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO, o presidente do SEAL, António Mariano, não adianta muitos comentários. “Só consigo responder depois de ler o conteúdo do comunicado. Face a parecer existir acusações aparentemente graves”.

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Segundo texto

Trabalhadores do Porto de Setúbal queixam-se à ACT

 

Uma dezena de trabalhadores do Porto de Setúbal enviou uma queixa à Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) contra a administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, alegando excesso de carga horária, segundo um documento a que a Lusa teve ontem acesso.

De acordo com o pedido de intervenção inspectiva enviado à ACT, em 09 de Novembro, os trabalhadores alegam “horário de trabalho irregular”, que não está em conformidade “com o código de trabalho, contrato colectivo de trabalho, portaria que regula o pessoal das administrações portuárias”, nem com o contrato individual de trabalho.

“Neste horário só é adquirido mais um dia de descanso quando as 24 horas de trabalho sejam coincidentes com um sábado, domingo ou feriado”, lê-se no documento.

De acordo com os trabalhadores, a carga de trabalho semanal é sempre ultrapassada, oscilando entre as 48 e as 72 horas. Por sua vez, a carga horária anual atingiu as 2.376 horas em 2015 e as 2.352 horas em 2016 e 2017.

A situação aplica-se a 11 trabalhadores – cinco mestres, cinco maquinistas e um marinheiro – não existindo “qualquer remuneração” pelo trabalho extraordinário.

Segundo o documento, as situações já foram objecto de tentativa de resolução junto da administrações dos portos visados, através de um advogado, não tendo as partes chegado a acordo.

“A empresa, desde 2003, ficou de mudar o horário e, até hoje, nada feito […]. Somos os únicos na empresa com este horário e as únicas [entre as] administrações portuárias. Apela-se à mudança de horário e à igualdade com as restantes administrações”, concluem.

Humberto Lameiras

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