Arlindo Mota: “As actividades da Universidade Sénior estão a entrar num ritmo adequado a um novo normal”

Arlindo Mota: “As actividades da Universidade Sénior estão a entrar num ritmo adequado a um novo normal”

Arlindo Mota: “As actividades da Universidade Sénior estão a entrar num ritmo adequado a um novo normal”

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Perto de 300 alunos regressaram este ano lectivo ao regime presencial. Instalações são principal desafio por serem já insuficientes

 

A Universidade Sénior de Setúbal (UNISETI) manteve-se em funcionamento durante os períodos de confinamento, com as aulas a realizarem-se à distância e vários projectos a ficaram em suspenso. Desde Setembro, altura em que voltaram ao regime presencial, as actividades têm vindo a ser retomadas de forma gradual. Em entrevista a O SETUBALENSE, Arlindo Mota, presidente e professor da UNISETI, faz um ponto de situação sobre o novo ano lectivo, que arrancou recentemente, marcado pelo “regresso à normalidade”.

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Como foi vivenciado o último ano e meio no seio da UNISETI?

A pandemia estabeleceu condicionamentos de vulto e ainda indefiníveis em toda a sua extensão. Com o esforço que sempre nos tem distinguido, assegurámos a continuidade das actividades lectivas, com recurso ao on-line, e a colaboração imprescindível de um corpo docente, que nunca disse não, mesmo nos períodos mais difíceis. Poucas universidades seniores, em todo o país, acompanharam este difícil caminho. Muitas sucumbiram de vez, outras encerraram durante este ano e meio, e, no distrito, fomos mesmo a única a manter.

As aulas regressaram na segunda semana de Setembro. De que forma se organizaram?

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Estamos a funcionar de acordo com as regras sanitárias. Exigimos certificado de vacinas obrigatório para inscrição e frequência e uso de máscaras. Perto de três centenas de participantes estão já em actividade presencial, com 22 alunos por sala, ou se o número de inscritos é muito elevado mantemos o ensino à distância. Neste momento, posso afirmar que as actividades estão a entrar num ritmo adequado a um novo normal.

As instalações conseguem dar resposta às exigências que a situação actual coloca?

Esse é o grande desafio com que nos deparamos: as instalações, se já eram exíguas antes da pandemia, agora são um nó górdio de difícil solução, mesmo contando com a solidariedade da Câmara Municipal de Setúbal, que apenas agora tomou posse e está, como é natural, em fase de reorganização. Situação diferente é a que se passa com a nossa unidade 2, na Avenida Alexandre Herculano, onde investimos no seu arranjo mais de 20 mil euros e que tem estado fechada em razão dos confinamentos. De um comportamento exemplar enquanto recuperávamos as instalações tão degradadas, com uma redução transitória de renda, fomos agora surpreendidos por uma intransigência negocial dos senhorios, através de um e-mail que não toma em consideração o esforço que fizemos para manter aquelas instalações, apesar de não realizarmos lá qualquer actividade. Daí teremos de extrair lições, pois a médio prazo poderá pôr em risco o nosso solidário projecto.

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Considera que a universidade corre risco de sobrevivência?

De modo algum, se nos reportarmos ao curto prazo, mas gastar mais do que se arrecada durante muito tempo não é boa gestão e, a médio prazo, representa a obsolescência do projecto, com prejuízo para milhares de pessoas que estão ou irão estar identificadas com a universidade. Quem por acção ou omissão contribuir para este desfecho não está a contribuir para o desenvolvimento harmonioso do envelhecimento bem sucedido dos cidadãos de Setúbal. Acreditamos que a ave da esperança que nunca deixa de nos acompanhar guiar-nos-á para encontrar soluções. Contamos connosco e com os nossos parceiros, sabendo do património que nestes dezoito anos de actividade soubemos construir, e que mereceu a distinção com a medalha de honra da cidade de Setúbal por parte da Câmara Municipal. Os idosos não são abstractos, têm de estar enquadrados. Na universidade sénior, onde a actividade é diária, prolongamos a vida das pessoas. A UNISETI hoje são os laços que se foram estabelecendo e significam a existência de uma comunidade.

Que projectos têm e quais os planos para o futuro próximo?

Nesta travessia de adaptação, que é ainda uma espécie de caminhar sobre uma ‘fina camada de gelo’, não esquecemos que o 18.º aniversário da UNISETI tem lugar já esta quarta-feira, dia 3. A 12 e 26 [de Novembro] reaparece esse importante lugar de encontro e formação de públicos cinéfilos, a iniciativa Cine Maior Idade, e nesse mesmo período iremos inaugurar o nosso cine-estúdio, na unidade 2, que a pandemia impediu no tempo devido. A curto prazo, iremos retomar actividades como idas ao teatro, visitas de estudo e convívio pela cidade e pelo País e temos até marcada para 12 de Dezembro uma ceia natalícia. Tencionamos prosseguir, numa parceria com a Junta de Freguesia de São Sebastião, os roteiros do património, desta vez com destino a Castelo de Vide e Marvão, e recomeçaremos em breve as actividades do Centro de Iniciativas Manuel Medeiros. Temos ainda previstas, para 2022, publicações com a chancela UNISETI, algumas sobre história local. Estamos ainda integrados no movimento da Rede de Universidades Seniores (RUTIS), com quem temos mantido contacto e colaborado com aulas de divulgação sobre Setúbal e a região, e a trabalhar no sentido de conseguir o reconhecimento da UNISETI como pessoa de utilidade pública. Creio que temos um dinamismo notável e condições para, se tivermos novas instalações, sermos um movimento forte de estímulo, uma universidade com projecção na cidade. Depositamos grande confiança na autarquia, que sempre nos tratou bem, e nos outros grupos autárquicos, que têm grande apreço pelo nosso trabalho. Sei também que está a decorrer um sistema de apoio, a Pró-Associação dos Amigos da Universidade Sénior (PAAUSE), cujo primeiro subscritor é o prestigiado Doutor Mário Moura, nosso professor, e que irá recolher assinaturas pelas novas instalações, as prometidas ou equivalentes, que devem ser inscritas na promissória dos altos cargos que governam ou irão governar a cidade. A UNISETI, cuja direcção, apesar de não ser promotora da iniciativa, assinará este documento, já mostrou que o merece. Resta a consolidação de vontades que ambas as partes já demonstraram.

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