André Dias: “Setúbal tem todo o potencial para liderar o País em vários setores de valor acrescentado”

André Dias: “Setúbal tem todo o potencial para liderar o País em vários setores de valor acrescentado”

André Dias: “Setúbal tem todo o potencial para liderar o País em vários setores de valor acrescentado”

Cabeça de lista do partido ecologista destaca a habitação, a economia e turismos sustentáveis e as acessibilidades entre Setúbal e Azeitão como principais prioridades

André Dias, 30 anos, é o candidato do Livre à presidência da Câmara Municipal de Setúbal nas próximas eleições autárquicas, que se realizam a 12 de outubro. O partido ecologista candidata-se pela primeira vez aos órgãos municipais deste concelho.

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A habitação é uma das principais preocupações, com o cabeça de lista a defender que 10% das casas em Setúbal deverão ser de habitação pública. Apoiar cooperativas é também uma medida, com o candidato a considerar que os fundos europeus serão uma mais-valia para investir neste setor.

No leque de prioridades destaca ainda uma economia sustentável, a aposta na criação de emprego, no turismo sustentável e na fiscalização das atividades poluentes na serra e no estuário.

O argumentista e profissional de comunicação fala ainda na acessibilidade, entre Setúbal e Azeitão, com vias rodoviárias alternativas e mais ligações pedonais e ciclovias e, defende a travessia fluvial Setúbal-Tróia.

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Em entrevista a O SETUBALENSE o número três da lista do Livre por Setúbal nas últimas eleições legislativas entende que é necessário fazer o combate à violência doméstica e reforçar o policiamento de proximidade, com a ajuda do Governo. Na cultural, e se forem eleitos a 12 de outubro, vão apostar nas “casas de criação” e nos apoios às associações que trabalham na cultura.

Por que razão se candidata à Camara de Setúbal?

Todos queremos fazer a diferença na nossa comunidade. Eu cresci em Setúbal, em Brejos de Azeitão, para ser mais específico, foi aqui que estudei e passei grande parte da minha vida. E à medida que fui crescendo ao mesmo tempo que a minha terra, comecei a sentir falta de uma visão progressista, horizontal e de futuro que prepare Setúbal para os desafios do século XXI: as alterações climáticas, a mudança demográfica, a crise da habitação ou a deriva neoliberal de “tudo pelo mercado, cada um por si” que contamina o discurso social.

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E foi por isso que concorri às eleições primárias do Livre em Setúbal, onde fui escolhido para representar esta grande onda de progresso e futuro no nosso concelho. Para trabalhar em comunidade e, juntos, darmos a volta a isto.

Querem ser uma “alternativa de esquerda, verde e de progresso” no concelho. De que forma isto será possível?

Fazendo o que temos feito até agora. Mostrar que, mais que uma oposição, somos uma solução em que os setubalenses podem confiar. Olhamos para Setúbal e vemos hoje um concelho muito disperso, cada vez mais desigual e com assimetrias profundas entre as várias regiões.

No Livre, sabemos que não existem soluções milagrosas e adaptamos sempre as políticas ao seu contexto, dentro de três eixos fundamentais. Trazemos uma visão ecologista, de respeito profundo pela Natureza. Trazemos uma visão europeísta para a política local, que olha para a União Europeia como um projeto cooperativo e muito mais que uma torneira de fundos europeus. E sobretudo trazemos uma visão transparente e horizontal, de uma política onde todas as pessoas participam por igual, são ouvidas e podem fazer parte da mudança. É a nossa forma de trabalhar, não abdicamos dela.

Um dos focos da vossa candidatura é a habitação pública e acessível. Que propostas concretas têm nesta matéria?

A habitação tem de ser a prioridade da câmara municipal ao longo do próximo mandato. Uma casa em cada dez deve ser pública e a preços acessíveis: 10% de habitação pública no concelho. Sabemos que este é um objetivo ambicioso, mas também sabemos que as crises não se resolvem sem ambição e esforço. Não será possível resolver tudo a nível local, mas há muita coisa que podemos fazer.

Vamos apoiar as cooperativas de habitação em Setúbal ou trazer mais políticas que ajudem professores, polícias ou profissionais de saúde a fixar-se na região. E temos de olhar para a Europa como uma aliada: uma gestão coordenada e planeada dos próximos fundos europeus – com a nova Comunidade Intermunicipal – será fundamental para desbloquear soluções para a habitação no concelho. Há milhões de euros e de boas ideias lá fora; temos de saber ir buscá-los.

O Livre Setúbal sente-se à vontade para falar da segurança na cidade. Quais são as vossas medidas contra a criminalidade?

No Livre, falamos sobre segurança nos nossos termos, com dados e com a realidade. O concelho de Setúbal é seguro e a criminalidade tem vindo a descer. Dizemo-lo nós, dizem os números, os relatórios e as próprias forças de segurança do concelho. Para o Livre, o foco está no combate à violência doméstica, o crime mais relevante em Setúbal.

Queremos mais apoio às entidades públicas e associativas, mais sensibilização e prevenção nas escolas, locais de saúde e serviços municipais e um compromisso sério com o reforço do policiamento de proximidade.

Obviamente também iremos tomar medidas para, junto do Estado Central, melhorar as condições de trabalho da GNR e da PSP. Não ignoramos a criminalidade, mas temos a obrigação de ser sérios e agir de acordo com a realidade local.

Defendem a criação de “uma economia de futuro, baseada no conhecimento”. Como é que a esperam criar?

Uma economia saudável não coloca todos os ovos no mesmo cesto. Precisamos de apostar na criação de emprego em todos os setores, investindo na investigação, na tecnologia e na inovação.

Este conhecimento já o temos em toda a parte – no IPS, nas escolas, em várias gerações de pessoas ligadas ao mar. Setúbal tem todo o potencial para liderar o País em vários setores de valor acrescentado – na tecnologia marinha, na bio investigação, até na inteligência artificial – e o Livre sabe como o fazer.

Também estamos especialmente atentos à área do turismo. Queremos que Setúbal seja um exemplo no turismo sustentável, rejeitando esta ideia de turismo de massas que paira sobre a cidade.

Um futuro executivo tem de garantir que Setúbal é um local de excelência para se visitar, mas também para crescer, estudar e criar raízes. Com mais pés na terra e menos projetos megalómanos que ponham em causa os nossos valores ambientais.

Quais são as vossas principais ideias quanto ao ambiente e sustentabilidade?

Os valores da ecologia estão bem presentes nos setubalenses. Somos uma gente apaixonada pela Serra da Arrábida, pelas suas praias e pelo Sado. O nosso dever consiste em respeitar estes valores, protegendo o que de bom temos e preparando-o para os desafios do futuro.

Seremos uma voz firme, através da assembleia municipal, na fiscalização das atividades poluentes na serra, no estuário e em todas as indústrias do concelho. Queremos garantir que o que aconteceu em Poçoilos foi uma desastrosa exceção e não uma regra.

Trazemos novas ideias para o Plano Municipal de Ação Climática e vamos apostar na descarbonização de todos os edifícios municipais. Apoiamos a produção e comercialização de produtos ecológicos, a agricultura do futuro. Seremos os guardiões da beleza natural de Setúbal. De forma responsável, séria e sustentável.

Querem também apostar na acessibilidade entre Setúbal e Azeitão. Que sugestões têm neste sentido?

Para pensar a mobilidade em Setúbal, não basta olhar para parquímetros ou lugares de estacionamento. Tem de haver vida além do carro. É importante, por exemplo, que se consiga ir a pé ou de bicicleta – de forma segura – de Setúbal até ao Hospital da Luz. A todos os parques industriais da Mitrena. De Brejos de Azeitão à Quinta do Conde.

Vamos trabalhar por vias rodoviárias alternativas, sim, mas também por mais ligações pedonais, ciclovias e outras soluções que não passem pela dependência do automóvel no concelho. Setúbal e Azeitão estão tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe.

Queremos melhorar e aumentar os serviços de autocarro com mais horários, serviço noturno e mais ligações diretas. Vamos repensar toda a mobilidade no concelho, para que seja mais próxima, mais tranquila e não deixando ninguém para trás.

Concordam com a inclusão da travessia fluvial Setúbal-Tróia no Passe Metropolitano?

Claro. O Livre já o propôs no Parlamento, através do seu deputado eleito por Setúbal, e continuaremos a propor. Reconhecemos que a justa inclusão desta travessia não será fácil, mas estaremos sempre do lado dos setubalenses que trabalham do outro lado do rio Sado ou que simplesmente querem usufruir de um espaço que é seu por direito. Um caminho Livre leva-nos onde quisermos.

Entendem também que a cultural tem de ser um “ponto central de vida no concelho”. Como é que pretendem agir nesta matéria?

Esta é uma questão que, enquanto profissional do setor, eu prezo bastante e pela qual lutarei bastante na câmara municipal ou na assembleia municipal. Temos o privilégio de viver num concelho culturalmente desperto, com uma história rica no associativismo cultural.

É importante continuar a acarinhar cada um destes polos de cultura, com apoios dignos e criando mais ligações com os equipamentos municipais. Mas também entendemos que a cultura em Setúbal precisa de chegar a todas as partes do concelho, a novos públicos. Serve de pouco termos vários espaços culturais se formos uma terra sem ideias. Por isso, somos por uma rede de “Casas da Criação”, que dê essas condições aos artistas que escolham Setúbal como espaço para criar.

O talento está cá, só temos de o deixar florescer.

Há algo mais que queira dizer aos eleitores de Setúbal?

Mais do que dizer, queremos ouvir. No Livre, acreditamos que apenas em comunidade e equipa chegamos ao verdadeiro progresso para Setúbal. A democracia não se pode limitar apenas ao período de eleições: é um exercício constante.

É por isso que iremos propor assembleias cidadãs, para que os setubalenses tenham uma voz mais ativa no rumo do concelho, e orçamentos realmente participativos, abertos e temáticos, em que se possam apresentar novas ideias e projetos para Setúbal e Azeitão.

Convido também a que, se gostaram do que leram e partilham destes valores, se juntem a nós neste caminho Livre para dar um futuro brilhante a Setúbal.

E, já agora, podem votar em nós para a câmara municipal e para a assembleia municipal. Acredito mesmo que o Livre faz lá falta.

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