O IPS é parceiro da iniciativa partilhada entre a academia e a comunidade
Uma universidade do futuro, sem muros nem fronteiras geográficas, onde estudantes e professores cedem lugares a aprendentes e educadores e onde as regiões e os seus desafios são vistos como soluções a encontrar em conjunto, num processo de co-criação e desenvolvimento de ciência cidadã partilhado entre a academia e a comunidade é o mote da Universidade Europeia E3 UDRES2.
O projecto é uma das 41 alianças de instituições de ensino superior criadas por iniciativa comunitária, da qual o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) é parceiro, e é, de acordo com a instituição, “seguramente a mais ambiciosa das plataformas internacionais em que o IPS já esteve envolvido, dadas as suas múltiplas implicações: nos campos da aprendizagem, investigação, internacionalização e relação com a comunidade envolvente”.
Susana Piçarra, coordenadora da E3 UDRES2 no IPS, começa por referir que “o consórcio do qual o IPS faz parte é constituído por instituições de ensino superior localizadas em regiões de pequena a média dimensão, e não é por acaso”.
“A visão que temos para a universidade europeia passa por utilizar a cooperação entre todos para fazer um ensino diferente, que não se baseia na aula teórica nem no livro mas em que usamos toda a região como laboratório vivo”.
Nas suas palavras, esbate-se “a fronteira entre a instituição de ensino superior e a região”. “O nosso objectivo é usarmos a região para produzir conhecimento, para ensinar os nossos alunos que vão estar a resolver problemas reais, em conjunto com as empresas, grupos de cidadãos ou outras fontes de onde os mesmos são provenientes, nas três áreas de intervenção definidas: economia circular, envelhecimento activo e bem-estar e contributo humano para a inteligência artificial”, sem esquecer a criação de conhecimento para ser aplicado na própria região.
Projecto quer tornar territórios onde se insere mais inteligentes e sustentáveis
Para além do Instituto Politécnico de Setúbal, são parceiras a St. Polten University of Applied Science, da Áustria, que assume a coordenação, a Leuven-Limburg University of Applied Sciences, da Bélgica, a Polytechnical University of Timisoara, na Roménia, a Hungarian University of Agriculture and Life Sciences, na Hungria, e a Vidzeme University of Applied Sciences da Letónia.
“Na génese desta universidade europeia está ainda a particularidade de que quer sejam investigadores ou alunos, sempre que existe um problema é para resolver num ambiente internacional e interdisciplinar”, refere.
“A nossa universidade europeia pretende alavancar as nossas regiões e trabalhar em conjunto com a região ao mesmo tempo que tornamos o ensino muito mais aberto, interessante e motivador, envolvendo outros públicos que de outra forma não se envolveriam”, continua.
A E3 UDRES2 é um projecto financiado pela Comissão Europeia, no quadro de um novo paradigma para o ensino superior europeu, cujo foco é o desenvolvimento de um novo campus multi-universitário, ramificado pelos seis países envolvidos, que potencie a criação de centros de conhecimento capazes de contribuir activamente para tornar as respectivas regiões de influência mais inteligentes e sustentáveis.
Sobre a experiência, Susana Piçarra partilha que “é muito interessante estarmos num pequeno grupo de universidades que estão a experimentar este projecto pioneiro e a abrir caminho e a ver as direcções mais interessantes com que depois vão ser feitas as políticas do ensino superior europeu”.
Tal coloca o IPS “numa posição de grande responsabilidade no panorama do ensino superior em Portugal” e permite que o politécnico tenha “uma voz privilegiada neste desenho das políticas europeias que de outra forma não teríamos”, adianta.
Estudantes são envolvidos em todo o processo
Para Rodrigo Rente, da Associação Académica do IPS e representante dos estudantes no Board of Students da E3 UDRES2 , nesta universidade do futuro “partimos de um ponto comum, todas são instituições de tamanho médio, localizadas em cidades europeias de tamanho médio, em países de pequena dimensão”.
“Todas são instituições de ensino superior que promovem um ensino prático e adaptado ao mercado de trabalho. No entanto, diferem em tudo o resto, no idioma, na cultura, na vida académica. A união de todos estes conceitos numa mesma estrutura permitirá uma maior partilha de conhecimentos, mais interacções entre as regiões e uma verdadeira inovação do método de ensino a nível europeu”.
O modelo organizacional da universidade prevê a envolvência dos estudantes em todo o processo da sua construção. Os estudantes das várias instituições participam activamente no Board of Student Representatives (Conselho de Estudantes) e no caso do IPS esta participação concretiza-se pela indicação de um representante, pela Associação Académica, “a estrutura máxima de representação dos estudantes, que tem colaborado desde o início com o instituto na aliança E3 UDRES2 e esperamos poder continuar a desenvolver um trabalho digno e de verdadeira representação dos nossos estudantes”.
A 1 de Outubro, a E3 UDRES2 celebrou o seu primeiro aniversário e foi, segundo Rodrigo Rente, “dia de comemorar as conquistas deste primeiro ano de trabalho”.
“Nos primeiros meses construíram-se os alicerces que irão sustentar esta estrutura nos próximos tempos”. A cerimónia online de abertura decorreu em Março e reuniu milhares de membros da comunidade académica.
Desde então já se realizaram várias acções, das quais o representante dos estudantes destaca as que tiveram participação activa dos estudantes – os primeiros Laboratórios Vivos, que envolvem empresas, estudantes e cidadãos através da dinamização de workshops colaborativos e a primeira edição do Hackathon da E3 UDRES2 – Hack2Change.
“Temos ainda um longo caminho a percorrer – os vários “work packages” prevêem o desenvolvimento de acções e projectos ao longo dos próximos anos, mas esperamos que num futuro próximo, sem uma pandemia, possamos desenvolver mais iniciativas e envolver assim mais a comunidade estudantil, do IPS e das outras instituições da E3 UDRES2”.