Fruto de uma colheita de elevada qualidade obtida em 2013, o vinho tinto premiado é já eleito como o melhor Syrah produzido pela adega. Aposta nas exportações para a Rússia é uma prioridade
A Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões, sediada no Montijo, foi a primeira empresa portuguesa a conquistar o Grand Prix, com o vinho tinto Adega de Pegões Syrah 2013, no concurso de vinhos e bebidas espirituosas Prodexpo 2017, que se realizou na Rússia, no início de Fevereiro.
A entrega do Cisne de Ouro, o mais alto prémio atribuído pelo concurso, à Adega de Pegões marcou uma estreia absoluta dos produtores portugueses naquele certame da Rússia. “É a primeira vez que uma empresa portuguesa obtém tal distinção. Isso para nós é um orgulho e uma honra e representa, mais uma vez, a distinção dos vinhos de Pegões e de Setúbal”, disse Jaime Quendera, gerente e enólogo da Adega de Pegões, ao DIÁRIO DA REGIÃO.
Mais do que um reconhecimento, “é um reforço da notoriedade da marca Pegões e da qualidade, porque felizmente o mercado já conhece bem essa qualidade”, afirmou o enólogo, lembrando que a empresa exporta para 40 países em todo o mundo – da Europa à América do Sul e passando África – 35% da produção.
A atribuição do prémio significa ainda, por outro lado, uma “grande responsabilidade. Pegões é uma marca de prestígio, e nós, como responsáveis por essa marca, temos de trabalhar sempre ao mais alto nível”, disse Jaime Quendera. Tudo em nome da satisfação do consumidor, que passa a poder comprar “um produto de topo a um preço mais acessível. É essa a política de Pegões”.
A qualidade característica da casta Syrah ajuda a explicar a decisão do júri no Prodexpo 2017. Segundo Jaime Quendera, trata-se de uma casta “que está muito bem na região de Setúbal e é de consenso internacional, o que leva a que seja a mais distinguida em prova cega”. Outro dos factores decisivos foi o facto de a colheita de 2013 ter sido de baixa produção, “e quando é assim a concentração é maior a nível de qualidade”.
O Syrah 2013, pertencente à gama alta da Adega de Pegões, é apontado então como “o melhor vinho Syrah” alguma vez produzido na adega. O enólogo descreve-o como um vinho “concentrado, denso, cheio e único”, com notas de frutos vermelhos e pretos muito maduros, notas de compota e um fim de boca muito prolongado.
Pegões entre os melhores do mundo
A Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões, que participa na Prodexpo da Rússia há sete anos, tem um dos melhores registos de galardões atribuídos a vinhos portugueses no mercado, somando prémios em todas as edições.
Tendo em conta que o maior prémio do concurso foi atribuído à Adega de Pegões e que outras 13 medalhas foram entregues a vinhos da Casa Ermelinda Freitas – empresa portuguesa mais premiada nesta edição –, os organizadores destacaram a participação mais significativa dos produtores portugueses, assim como os de França, Itália e Espanha.
Ao concurso da Prodexpo 2017 concorreram 231 produtores, russos e internacionais, com cerca de 950 bebidas provenientes de países de todo o mundo, desde o Japão aos Estados Unidos. Na cerimónia da entrega dos prémios estiveram presentes aqueles que são considerados os maiores importadores, grossistas, retalhistas russos do sector do vinho e bebidas alcoólicas, assim como cerca de 300 representantes de revistas e jornais russos.
Em 2016, a Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões obteve 199 prémios, com vinhos e moscatel, e num período de cinco anos somou mil troféus, o que a mantém como uma das adegas mais premiadas na última década, com mais de 500 prémios conquistados em todo o mundo.
Possuindo uma área vinícola de 1117 hectares que produzem uma média de 11.000.000 quilos de uva, a Adega Cooperativa de Pegões tem crescido a uma média de 50 hectares por ano, o que representa 700 toneladas a mais nos anos de plena produção. A cooperativa vende 65% da produção engarrafada para o mercado nacional e 35% é no mercado internacional.
“Perante os resultados que tivemos o ano passado e os que temos tido este ano, este vai ser um ano de consolidação para criar raízes dentro do patamar elevado em que já estamos”, disse Jaime Quendera em Janeiro ao DIÁRIO DA REGIÃO, fazendo votos de que 2017 seja um novo “melhor ano de sempre” para a Adega de Pegões.
Jaime Quendera
Jaime Quendera é o mais conceituado enólogo da região. Filho de produtores de vinho, nascido e criado em Palmela, formou-se em Engenharia Agrícola na Universidade de Évora e tirou doutoramento em Marketing de Vinhos na Universidade Católica do Porto. Em 1994, entrou para a Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões como assistente do enólogo João Portugal Ramos e ao longo dos anos foi conquistando o estatuto de um dos dois enólogos mais premiados do país, a par do enólogo da Sogrape. Em 1998 e 2006 valeu à cooperativa o título de “Melhor Cooperativa Agrícola do Ano”, atribuído pela Revista de Vinhos.
Em 2016, Jaime Quendera engrossou as conquistas que já tinha em prémios ganhos nos mais diversos concursos de vinhos, nacionais e estrangeiros. Além da Adega Cooperativa de Pegões, Jaime Quendera é enólogo da Casa Ermelinda Freitas e Adega das Mouras (Alentejo), e de vários outros produtores de menor dimensão, como a Quinta da Lapa (Ribatejo), Fundação Stanley Ho (Lisboa e Setúbal), Fundação Oriente (Lisboa), Herdade do Pombal (Alentejo), Quinta de Alcube (Setúbal) ou Filipe Palhoça (Palmela), entre outros.