19 Abril 2024, Sexta-feira
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Dirigir o Vitória Futebol Clube no feminino: as mulheres nos actuais órgãos sociais do clube sadino

Sara Ribeiro, Ana Cruz, Dulce Soeiro e Helena Parreira partilham as suas vivências no clube, cujo regresso à I Liga tanto anseiam

 

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Quando questionadas sobre o que as move nesta ligação ao clube, todas têm memórias e histórias para contar desde os seus tempos de criança e respondem unanimemente que “o Vitória não se explica, sente-se”.

O Vitória Futebol Clube conta, no presente, com o empenho, dedicação e sentimento de Sara Ribeiro, enquanto vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral, Ana Cruz, no Conselho Fiscal e Disciplinar, Dulce Soeiro e Helena Parreira, ambas parte do Conselho Vitoriano, com quem O SETUBALENSE esteve à conversa a fim de conhecer melhor como é dirigir o Vitória no feminino.

“Recebi o convite por parte do presidente da Mesa da Assembleia Geral, David Leonardo, e não poderia deixar de aceitar. Sou sócia do Vitória desde o dia em que nasci. Toda a minha família é vitoriana, acompanhei sempre a equipa e cheguei mesmo a praticar ginástica e ballet no clube”, começa por contar Sara Ribeiro.

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“Comecei a fazer ginástica aos três anos e recordo-me de vir aos jogos de futebol com o meu pai desde muito pequena”, adianta. Como momento mais marcante da sua vida enquanto vitoriana, destaca a “conquista da Taça de Portugal, contra o Benfica”.

“Devia ter 16 anos e fomos em excursão, uma grande comitiva. Recordo-me bem daquele almoço, um momento tão nosso, tão vitoriano. É difícil explicar o que é ser-se vitoriano. É um sentimento que não tem explicação e falar do Vitória é uma grande emoção para mim”.

Ana Cruz também nasceu e cresceu no seio de uma família vitoriana. “Lembro-me de vir à bola desde os meus três anos. Comecei por vir com os meus avós, depois com os meus pais, mais tarde com as minhas amigas e agora com a minha família”, partilha.

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“Histórias e memórias com ligação ao clube existem muitas, pelo país inteiro, mas a mais marcante é mesmo a da Taça de Portugal. Acompanhei sempre o clube enquanto adepta até surgir o convite para integrar o Conselho Fiscal e Disciplinar”, continua, frisando que “é bom poder contribuir para a evolução do clube com o desempenho destas funções”.

A ligação de Dulce Soeiro ao Vitória Futebol Clube tem tantos anos quanto os seus. “O meu pai veio inscrever-me como sócia no Vitória e só dois dias depois foi registar-me”, conta. “A minha mãe tem 12 irmãos, todos vitorianos, e o meu pai foi atleta do clube. Pertenceu à primeira equipa de Andebol”, adianta.

A adepta e membro do Conselho Vitoriano recorda as excursões, em que a família “enchia o autocarro”, e os jogos, a que assistia com as suas tias maternas, depois com as suas colegas e hoje com o seu filho: “Quando chegávamos a algum sítio para ver o nosso clube todos diziam ‘Vem aí o enorme, vem aí o pessoal do Vitória’”. “Era uma marca e essa marca que pretendemos alcançar novamente”.

Fazer parte do Conselho Vitoriano é, nas suas palavras, “uma honra”, que partilha actualmente com Helena Parreira, sócia n.º 481 do clube. “Em minha casa tenho quatro emblemas de 25 anos de associado, três de 50 anos e dois de 75. A minha mãe é a sócia n.º 21 do Vitória, fez 75 anos de associada em 2018, e o meu pai completou os seus 75 anos de sócio em 2020. Eu tenho hoje 53 anos de associada” diz.

“Em 1948, a minha mãe e a minha tia eram as únicas mulheres a ir ao Campo dos Arcos. Costumo dizer que a minha ligação ao Vitória já vinha de dentro da barriga da minha mãe. Aceito que haja pessoas tão vitorianas quanto eu, mas mais não”, acrescenta.

Como memórias especiais, Helena elege “as deslocações às finais”, com destaque para a vitória com a Académica, “a célebre final com um tempo único, de 144 minutos, não vai haver repetição. Fomos num comboio organizado que partiu de Setúbal, parou no Montijo e no Barreiro, onde fizemos a travessia de barco para Lisboa e depois fomos num comboio de autocarros até ao Jamor”.

A vitoriana defende que “toda a gente devia ser do clube da sua terra” e recorda “o corrupio em dias de jogo das pessoas que vinham de vários pontos da cidade em direcção ao estádio”. “Quando ganhávamos, era uma festa no regresso”.

De aluna de ginástica e dança jazz do Vitória a membro dos órgãos sociais do clube, Helena Parreira recorda que “na direcção de Sousa e Silva, entre 1998 e 1999, o vice-presidente desistiu e eu entrei para o seu lugar, pelo que nos registos do Vitória sou a primeira mulher vice-presidente do clube”, conta.

“Mantive-me sempre ligada ao clube e fiz parte dos órgãos sociais em três direcções. Neste triénio 2020-2023 sou secretária do Conselho Vitoriano, fruto de um convite do seu presidente, Eugénio da Fonseca”, refere.

Perspectivar e projectar o clube no futuro

No que diz respeito ao futuro do clube, Helena Parreira aponta o regresso à I Liga como “o nosso objectivo primeiro. O nosso investidor disse, recentemente em Assembleia Geral, que o grande objectivo é, em três anos, voltar à I Liga, ao lugar que é nosso por direito, pelo nosso palmarés e história e eu tenho fé e esperança de que este percurso se faça”.

Para tal, a secretária do Conselho Vitoriano considera necessário “o apoio do tecido empresarial e industrial da região de Setúbal” e “uma conjugação de boas vontades e empenho que em conjunto com a direcção possa levar o clube ao patamar onde deve estar”.

Este desejo é igualmente partilhado por Dulce Soeiro, que afirma: “Todos queremos o Vitória na primeira, mais sócios e mais famílias a fazer parte do nosso clube”. Por Ana Cruz, que considera necessária uma aposta forte na formação “para criar jogadores que sejam o futuro”.

Na perspectiva de Sara Ribeiro, “o objectivo é estabilizar o clube e fomentar a formação no futebol e em todas as modalidades, uma vez que os mais novos são o futuro do clube”, sem esquecer o fomento da inscrição de novos sócios e o regresso de outros, “descredibilizados com o clube pela situação em que se viveu”. “Neste momento, de um universo de 12 mil sócios apenas quatro mil são pagantes”.

Sentir Vitória

Perguntaram-me um dia, perguntam-me muitas vezes, aliás: o que é o Vitória? Porque és do Vitória? E eu respondo: o Vitória é um clube “sui generis”, filho de uma cidade “sui generis”, encaixada entre a serra e o mar, banhada por um rio maravilhoso que, contrariamente, corre de Sul para Norte. Assim é Setúbal, uma cidade “especial”.

O Vitória é também “especial”, por isso vive no coração de cada setubalense, em cada vitoriano. Feito por excepcionais vitorianos, os de ontem que o fundaram e os quais honramos, os de hoje, que o conduzem, defendem e apoiam, os quais louvamos, e os de amanhã, nos quais, creio, depositamos toda a esperança na continuidade do nosso clube no futuro.

“Quem ama cuida”, diz o ditado, assim é também na vida! Assim deve ser a atitude para com o Vitória.

Para tal temos, os vitorianos de hoje, que cuidar, ajudar, apoiar muito o clube, para que amanhã os nossos filhos e netos sejam baluartes do nosso emblema e assegurem às gerações vindouras a continuidade desta instituição centenária, que hoje celebramos, feita com “especial” amor e dedicação. O Vitória é uma paixão Enorme! Não se explica… sente-se! Helena Parreira

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