24 Abril 2024, Quarta-feira
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Jovens em Estado de Emergência tentam compensar interacção presencial com a virtual

Ao ver a sua actividade social reduzida ao mínimo durante a pandemia, os jovens optaram por meios de comunicação alternativos

 

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Durante o primeiro confinamento, consequência do Estado de Emergência decretado em Março de 2020, os portugueses viram a sua actividade fora das quatro paredes reduzida a poucas saídas, como ao supermercado.

Depois de algum alívio na mobilidade social e regresso às aulas, logo neste início de 2021, a regra imposta pelo Governo e autoridades de saúde voltou a ser para todos ficarem em casa; excepção apenas para alguns profissionais. De resto, só são aceitáveis saídas por grande necessidade, ou aquisição de bens essenciais.

Quanto às escolas, tiveram de suspender as actividades lectivas, e, quando estas recomeçarem, não se sabe se em regime presencial ou não, e por quanto tempo assim será. A solução, para já, parece ser o recurso ao online. Ontem, a Assembleia da República decidiu prolongar o Estado de Emergência.

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Para os jovens, os Estados de Emergência têm sido uma realidade difícil. Grande parte dos almoços, jantares e festas tiveram de ser cancelados, e até mesmo os encontros com dois ou três amigos, ainda que dentro de casa, foram colocados em stand by. Grande parte dos jovens entrevistados por O SETUBALENSE afirmam que a sua actividade social ficou reduzida ao contacto com a família e, em alguns casos, com o namorado(a).

O recurso a alternativas, já usadas pela grande parte dos jovens antes da pandemia, passou a ser cada vez mais frequente e a funcionar como um kit de primeiros socorros. Grande parte deles admite despender tempo adicional no telemóvel e nas redes sociais, como o WhatsApp, o Instagram, o Youtube e o Twitter, que consideram ser “a única forma de manter contacto com os amigos” e com quem está mais longe, bem como uma simples forma de passar o tempo. As videochamadas, antes raras, tornaram-se essenciais, e as mensagens enviadas diariamente são definidas pelos próprios como “demasiadas”.

Quando as universidades fecharam, em Março de 2020, os estudos para os testes e exames ocupavam uma parte do dia dos estudantes. A situação que se estava a viver passava, então, um pouco despercebida, mas o desespero rapidamente se voltou a fazer sentir. A “homogeneidade dos dias” levou os jovens a procurarem refúgio nas redes sociais, por vezes de forma menos consciente, e o facto de estarem todos “no mesmo barco” fez com que alguns deles criassem empatia entre si, afirmam.

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Uma das várias complicações causadas pela pandemia foi o aumento dos problemas de saúde mental, que se revelaram mais incidentes na geração jovem. O isolamento e a falta de comunicação a que estiveram, e estão sujeitos, têm sido a principal fonte de stress, embora não seja a única.

Clara Passarinho, de 19 anos, vive em Azeitão, na freguesia de São Lourenço, concelho de Setúbal, e foi uma das jovens que falou a O SETUBALENSE. Comenta que também está em jogo o factor produtividade. “As pessoas, talvez mais uma faixa etária jovem, sente muito a pressão de ter que estar sempre a ser produtivo. Não temos que ser produtivos a toda a hora, acho que é importante esclarecermos isto”, afirma.

Na sua opinião, “mantermo-nos ocupados” é o segredo para que consigamos passar melhor o tempo, desligarmos do mundo lá fora e das notícias que acabam por “influenciar de forma negativa”. Embora nem todos os dias tenham sido assim.

Clara apostou em reinventar-se. “Comecei a ter aulas de espanhol, fazer exercício físico, cozinhei receitas que nunca tinha feito, participei em projetos online, criei pequenas performances, fiz castings, repensei o que queria para mim e para o meu percurso”, conta. Para enfrentar o novo confinamento, que teve início a 15 de Janeiro, afirma estar munida de livros e de “algumas ideias do que gostava de fazer”. Na foto apresentada, publicada na rede social Instagram a 25 de Abril de 2020, Clara faz referência ao modo como se vivia em Portugal antes do 25 de Abril de 1974, e ao acontecimento importantíssimo que marcou esse dia. Os três personagens, criados para comemorar um dia que acabou por ser passado em casa, representam “tudo o que as pessoas queriam ser e queriam dizer, e queriam poder fazer e não podiam”. A montagem foi criada com recurso ao Photoshop.

Por sua vez, Inês Sousa, também de 19 anos, da freguesia de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra, concelho de Setúbal, mostra uma evidente preocupação com a situação actual do país. Revoltam-lhe todos aqueles que “tendem a ignorar as medidas propostas pelo Governo” e, face a isto, tem recorrido às redes sociais para apelar à consciência de todos, pedindo que se mantenham em casa.

 

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