O certame integra-se nas comemorações do bicentenário da independência do país
O cineasta sesimbrense Carlos Sargedas, director da Arrábida Film Comission, esteve recentemente no Brasil para definir o formato, a participação dos municípios com os seus conteúdos e representações culturais, o cronograma e as datas de realização do festival internacional de cinema Finisterra Film Art & Tourism Brasil Afrobarroco.
O certame, que visa “também promover Sesimbra” nesta sua primeira edição, terá lugar entre os dias 20 e 24 de Abril, inserindo-se nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil.
“Este festival surgiu no Brasil, num desdobramento do Finisterra Arrábida, que existe na nossa região há 10 anos e foi uma tentativa de abraçar novos mercados e atrair novos realizadores e produtores que, além de conhecer o festival, possam em breve vir a participar como jurados no Finisterra Arrábida em Portugal”, explica Carlos Sargedas, director dos festivais Finisterra e presidente da Arrábida Film Commission, co-organizadora do evento, a O SETUBALENSE.
“Em 2018, numa viagem de trabalho, vi que tinha todas as condições para ampliar a divulgação da região da Arrábida a um público mais alargado e o Brasil é por excelência um mercado apetecível, pela sua língua e pelas várias raízes que nos ligam ao longo dos séculos”, adianta.
Assim começaram a ser desenvolvidos os primeiros contactos, numa primeira fase na região de Porto Seguro e desde 2021 na região de Cachoeira, “considerada uma cidade cinematográfica, inserida no Recôncavo da Bahia”.
Luís António Araújo, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira, esteve entretanto em Sesimbra para conhecer a região da Arrábida e de acordo com Carlos Sargedas “não foi necessário mais, ficou encantado”.
Além da Santa Casa da Misericórdia de Cachoeira, o certame, que conta com a Câmara Municipal de Sesimbra como entidade parceira, é também apoiado pela Fundação Hansen Bahia e por outras entidades locais brasileiras.
Acontecerá “dentro dos mesmos moldes em que acontece em Sesimbra mas mais alargado, uma vez que a adesão e os apoios institucionais são bem maiores do que alguma vez conseguimos em Portugal”.
Programação inclui conferências, passeios turísticos e mostras culturais
No que diz respeito aos conteúdos, a programação do Finisterra engloba uma apresentação dos vídeos que vão a concurso durante os dias do festival, divididos em várias sessões, conferências sobre cinema e turismo com oradores de Espanha, Alemanha, Ucrânia e Portugal, exposições de fotografia e de artistas locais.
Passeios turísticos pela região estão igualmente entre os planos, a par de concertos filarmónicos e de um desfile afro-barroco que apresenta várias formas de cultura com vários grupos, desde capoeira, baianas e mulheres de axé a manifestações de Candomblé, grupos de Berimbau e atabaques.
“Estamos ainda a preparar uma representação de Sesimbra como forma de promoção. Assim como no Finisterra Arrábida recebemos um país convidado, no Brasil será Sesimbra a região que estará a ser promovida, até num dos principais canais de televisão da Bahia, TVE Brasil, que tem uma audiência de mais de 11 milhões de espectadores diariamente”, refere.
“Sesimbra terá uma grande praça, mesmo em frente ao cinema, onde irá acontecer o festival cinematográfico. Nesse espaço, também estará patente a exposição de fotografias em médio formato. Em breve, reunirei com o presidente do município, Francisco Jesus, com a vereadora do turismo, Argentina Marques, e o seu gabinete, sem esquecer Miguel Manso, da comunicação, para organizarmos esta participação”, continua.
O presidente do festival partilha ainda que lançou o desafio a ambas as autarquias “para se fazer uma geminação cultural, mas também institucional” e diz estar certo de que “Sesimbra poderá vir a ganhar muito com esta parceria. Gostaria ainda de levar connosco algumas pessoas ligadas à gastronomia sesimbrense e artistas locais para que possamos apresentar um pouco das nossas artes e culturas”.
Em Outubro será Sesimbra a receber a Cachoeira
No entender de Carlos Sargedas, o festival veio “abrir” Cachoeira em várias frentes, “também a nível profissional, onde surgiram inúmeras propostas para fazer documentários e iremos também ajudar a formar uma Film Comission com os vários parceiros da região do Recôncavo como forma de promover a promoção cinematográfica local”.
No mês de Outubro, altura em que acontecerá o festival Finisterra Arrábida, é a vez de Sesimbra receber Cachoeira. “Por ser um festival com uma denominação afro-barroca, existem vários elementos em comum entre os dois lugares. Basta entrar nas nossas igrejas do Santuário do Cabo Espichel, do castelo e até na igreja Matriz e na da Misericórdia”.
“Cachoeira está a trabalhar para ter um centro náutico e Sesimbra poderá ajudar muito através da experiência que tem até com as várias empresas de turismo activo que temos no concelho e na região”, considera.
“No domínio das tradições, Sesimbra tem o Carnaval com as baianas e os candomblé, os desfiles afro, entre outros, e não podemos esquecer a pesca artesanal, as conservas e as histórias ligadas ao mar e aos descobrimentos. Tudo isto é possível levar ao Brasil para promover turisticamente e culturalmente Sesimbra”, remata.