Vários espectáculos com data por acertar, dependendo de como evoluir a situação pandémica
A Oficina de Teatro, dinamizada pela Companhia Sui Generis, começou por se realizar de forma presencial, nas instalações da Junta de Freguesia da Quinta do Conde, mas em Janeiro, com as novas medidas, passou para o formato online. Nesta nova forma de fazer cultura, a associação considera que o desafio que se coloca vale a pena e garante estar empenhada em trabalhar por um município com mais cultura e mais participação cultural.
“Sentimos que o teatro é uma experiência colectiva presencial mas em relação a este projecto não havia outra possibilidade e decidimos tentar este formato”, começa por dizer Lara Matos, actriz, criadora e responsável pela produção e gestão da companhia de teatro Sui Generis, a O SETUBALENSE. “Não queríamos de todo baixar os braços, não só porque temos dois grupos com uma dinâmica de trabalho muito positiva e interessante mas porque este espaço semanal de partilha e de trabalho artístico é essencial para todos”, adianta.
Em 2020, a companhia de teatro conseguiu apresentar dois dos trabalhos planeados: Corpo Biografia, que estreou no Castelo de Sesimbra em Setembro, e o espectáculo infantil A Capuchinho na floresta das mil janelas, na Animateatro. Houve ainda tempo para participar num vídeo de sensibilização do concelho de Sesimbra para a compra de produtos no comércio local, com a Câmara Municipal. “Estes tempos de pandemia não têm sido fáceis, sentimos que o retomar da cultura não aconteceu efetivamente e que é mesmo muito difícil manter uma estrutura de pé com muito poucas condições de trabalho”, refere, partilhando a tentativa de se manterem activos “dentro das possibilidades existentes, com projectos que queremos que avancem assim que toda a situação pandémica melhorar e mantendo o contacto com parceiros e estruturas com quem temos trabalhado e vamos trabalhar futuramente”.
Para 2021, e para além dos espectáculos da Oficina de Teatro que têm apresentação prevista para Junho, a Sui Generis recebeu um convite do Teatro Passagem de Nível para apresentar um dos seus espectáculos na X Amadora em Cena, que pela actual situação pandémica foi adiada, e programada para Março de 2021 estava a realização do espectáculo “The Butcher Show”, no Cineteatro João Mota em Sesimbra, também adiado para o fim deste ano. Também os projectos programados com o Museu Marítimo de Sesimbra para 2020 passaram para este, excepto o espetáculo Corpo Biografia, que conseguiu estrear, e por isso a companhia está neste momento “a aguardar indicações para poder avançar”. Nas palavras de Lara Matos, “estes tempos de pandemia levam também à reflexão sobre o papel da cultura e a necessidade de a manter viva, não só porque é um direito universal de todos os cidadãos mas também porque a cultura, o acesso a ela e a participação activa dos públicos não pode morrer”.
“Uma cidade não existe sem cultura”
Apesar das adversidades, a Associação Sui Generis considera que “uma cidade não existe sem cultura” e por isso se torna tão importante continuar a trabalhar. “Os planos e as ideias para este ano são muitos. A pandemia obriga-nos a não colocar as expectativas tão altas mas estamos cheios de objectivos e vontade para trabalhar por um município com mais cultura e mais participação cultural”, conta, para depois alertar: “é urgente pensar no desenvolvimento cultural da Quinta do Conde. Existem milhares de jovens altamente criativos que precisam de um espaço para colocar a sua criatividade em prática, existem artistas, e não só, com enorme potencialidade, que não podem ser esquecidos. Não podemos esquecer que a cultura é um direito de todos”.
Espaço físico a caminho
2020 foi também o ano do encerramento do Centro de Inovação e Participação Associativa, onde a Sui Generis se encontrava sedeada. “Não é fácil trabalhar sem espaço físico, seja para ensaiar, desenvolver projectos com a comunidade ou planear uma programação regular”, afirma Lara Matos. “Neste sentido temos um grande projecto em mãos, que começa por participarmos activamente como agentes culturais na programação e dinâmica cultural do território, e que passa, mais especificamente, por termos um espaço cultural aberto à comunidade e dinâmico ao nível da democratização cultural e da democracia cultural”, revela. “Tal só é possível com o apoio da Câmara Municipal de Sesimbra. Temos neste momento um espaço em vista, não nos interessa para já se é grande, pequeno, ou se tem as condições ideais. Interessa-nos sobretudo pôr mãos à obra pelo território, pela comunidade, pela cultura e começar por algum lado”, remata.