Mergulho livre, desenvolvimento humano e social e ecologia profunda são os três eixos
O programa Atlantis nasceu da expedição “Açores Atlantis 2019”, realizada pela Oceans and Flow, e evoluiu para uma proposta educativa para jovens nas escolas e na comunidade onde se inserem.
Chegou a Sesimbra em Março de 2021 para promover a literacia do oceano, através da combinação do mergulho livre com educação ecológica e desenvolvimento humano, como método para despertar e enraizar a responsabilidade ambiental e descobrir novas competências pessoais.
A O SETUBALENSE, Violeta Lapa, fundadora da Oceans and Flow, educadora subaquática e uma das coordenadoras do programa Atlantis, a par de Cris Santos, conta que essa expedição “foi a inspiração necessária, que evoluiu para um programa educativo, no seguimento das actividades desenvolvidas ao longo dos cinco anos de Oceans and Flow”.
Com a missão de tornar os jovens em “guardiões do mar”, o programa tem vindo a desenvolver-se em Sesimbra, onde parte da equipa vive e tem por isso conhecimento aprofundado da região.
A primeira edição, que fez do mar sala de aula, terminou no final do mês de Junho e contou com a participação de uma turma de 21 alunos do 8.º ano da Escola Básica Navegador Rodrigues Soromenho, abrangendo um universo de 470 alunos e a comunidade sesimbrense no seu todo.
Do mergulho livre à ecologia profunda, passando pelo desenvolvimento humano
“O programa tem uma metodologia única, onde a actividade principal é o mergulho livre. Conta com uma componente de desenvolvimento humano, onde se insere o jogo Oásis, que ajuda grupos a realizar sonhos colectivos, envolvendo talentos locais. Os alunos tiveram oportunidade de experienciar esse poder do colaborativo, de envolver pessoas da vila, com o mesmo objectivo de cuidar melhor do mar de Sesimbra e no geral”, explica.
O terceiro pilar do programa é a ecologia profunda, nas palavras de Violeta Lapa, “uma filosofia, conceito base de todo o trabalho da Oceans and Flow, de todas as nossas vivências aquáticas e filmes, uma vez que somos também uma produtora audiovisual”.
O programa Atlantis pretende, assim, despertar o público para várias questões ecológicas e ensinar como cuidar da natureza “numa outra perspectiva de nos relacionarmos e cuidarmos do mar e da natureza, e Sesimbra é o local perfeito para poder experienciar, implementar, inspirar e espalhar”.
Inspiração para a acção
No que diz respeito ao feedback obtido, Violeta conta que a missão “de convidar as pessoas a entrar nesta onda de transformação, de melhoria de hábitos no dia-a-dia, já está a acontecer”, não só com os alunos, mas também com os parceiros.
“Foi muito gratificante acompanhar a evolução dos alunos, de aula para aula, ver o envolvimento crescente, o entusiasmo na descoberta e no cuidado. Sabemos que agora em passeio levam sempre um saco para poderem recolher lixo que encontrarem e estão mais sensibilizados para um consumo mais consciente, então a missão do programa cumpriu-se”, mantendo presente o mote “trazer inspiração para a acção”.
A coordenadora do projecto acrescenta que “tem-se manifestado um interesse geral, estamos até a receber contactos por parte de grupos de estudo da literacia do oceano”.
Nas palavras de Violeta Lapa, “é como se o programa estivesse vivo, com vida própria, e a evoluir. Estamos a co-criar com os parceiros e vamos continuar em Sesimbra, muito entusiasmados com tudo o que temos vindo a viver e prontos para abraçar a próxima etapa e dar continuidade a esta missão Atlantis”.
Sesimbra continua a ser a escolhida para implementar o programa
Por ter “plena noção do potencial de Sesimbra e do seu parque marinho”, o programa Atlantis pretende que a vila venha a ser “a capital da literacia do oceano, um local onde as pessoas se encontram para falar sobre este assunto, aprender, receber educação ecológica, trocar conhecimento e poder também apoiar no processo de regeneração do oceano”.
Em próximas edições, o programa pretende continuar com os jovens do 8.º ano da Escola Básica Navegador Rodrigues Soromenho, com intenção de alargar a mais turmas.
Entre os planos para o futuro está ainda a abertura do programa a mais pessoas e o aprofundamento de relações com os 36 parceiros com quem têm co-criado até agora.
Entre os principais da primeira edição estão a Ocean Alive, Virgílio Varela, com o jogo Oásis, Sea Forester, que trouxe informação importante sobre as florestas de algas de Sesimbra, e Spot Freedive, com professores de mergulho livre, sem esquecer o projecto Escola Azul, a Câmara Municipal de Sesimbra, empresas de mergulho e outras entidades que prestaram apoio.
A criação do “Clube do Ar Livre” é também uma das ideias que a equipa Atlantis pretende desenvolver, respondendo à vontade dos alunos. “Com o clube, vamos poder continuar a encontrar-nos, manter esta partilha e ensino, também da nossa comunidade Oceans and Flow”, diz.
“Estamos nessa fase de dar um salto, aumentar a estrutura, conseguir continuar no próximo ano lectivo em Sesimbra, onde queremos continuar a estar e a mostrar a beleza deste parque marinho e como devemos cuidar dele, dando a conhecer Sesimbra e o seu mar de forma diferente”, adianta.
Exposição Programa apresenta-se no final do ano
O programa, que tem como embaixadores Andreas Noe, “The trash traveller”, Eunice Maia, “Maria Granel”, e Miguel Blanco, “Surfista ambientalista”, terá ainda uma exposição em Outubro e Novembro, na Avenida 25 de Abril, na marginal de Sesimbra.
A galeria ao ar livre recebe, nos seus painéis, a apresentação do programa Atlantis através das suas várias etapas e melhores momentos. Em simultâneo, será lançado um documentário sobre a primeira edição.