Partilha actualmente sede com a associação Anime.paf, na Quinta do Conde, em Sesimbra, mas está à procura de espaço próprio
Reconhecido pelo Alto Comissariado das Migrações e sócio fundador da Africa-Europe Diaspora Development Platform e da Federação das Organizações Cabo-verdianas, o Fundo de Apoio Social de Cabo-verdianos em Portugal (FASCP) centra a sua actividade em acções pedagógicas para dar a conhecer África, sessões de formação e promoção de cidadania e diálogo cultural e apoio aos doentes evacuados, entre outras.
Encontra-se neste momento agregado à associação quintacondense Anime.paf enquanto procura uma nova sede própria. “O Fundo de Apoio Social de Cabo-verdianos em Portugal surge em 2003, devido à necessidade de apoiar doentes evacuados, resultado de um protocolo entre Cabo Verde e Portugal”, conta a O SETUBALENSE Andredina Cardoso, sócia fundadora e presidente da organização não governamental para o desenvolvimento FASCP.
“Doentes que não tinham tratamento em Cabo Verde podiam deslocar-se a Portugal para o fazer, ao abrigo desse protocolo. Nesse processo registou-se no entanto uma série de dificuldades, uma vez que se alia uma doença a um processo de migração”, adianta.
Registou-se, por isso, a “necessidade de expressar um apoio mais concreto e na altura por conselho do então embaixador Onésimo Silveira, constituímo-nos enquanto associação”. Num primeiro momento, a actividade do FASCP centrava-se sobretudo nesta vertente de saúde mas com o passar dos tempos novos elementos, das mais diversas áreas, juntaram-se ao grupo, que ganhou nova amplitude, trabalhando no âmbito social, cultural e educativo.
“Revelando pedagogicamente África” é um dos projectos âncora do FASCP e tem como objectivo dar a conhecer África “além do que é usual vermos nos media, através de jogos pedagógicos utilizados em contexto escolar”.
No contexto deste projecto, foram feitas diversas sessões, em mais de duas dezenas de escolas, essencialmente dentro da área de Lisboa e Vale do Tejo.
“Temos trabalhado junto dos estabelecimentos de ensino, nas áreas de história, geografia e cultura, a fim de mostrar que é um continente com uma diversidade enorme e nestes jogos utilizamos sempre referências positivas, dando a conhecer as mais valias dos países”, explica.
“Tem sido muito utilizado a partir do 7.º ano e os professores apreciam muito esse jogo porque dá para trabalhar essas questões de várias formas, mas também já dinamizámos dias de brincadeira dedicados a Cabo Verde em infantários, dando por exemplo a conhecer frutas tropicais e a provar cana-de-açúcar”, adianta.
O objectivo é, assim, revelar “de uma forma tranquila as coisas positivas na cultura africana para ajudar a construir mentes. Infelizmente ainda temos uma pressão contrária muito grande. As coisas mudaram ao longo do tempo mas ainda estamos longe daquilo que seria um cenário verdadeiramente equilibrado”.
Acções de formação em Cabo Verde, atribuição de bolsas de estudo para alunos do ensino universitário e “um trabalho consistente a nível da diáspora africana no contexto europeu, desde 2008, quando passaram a integrar uma plataforma europeia que congrega várias associações neste âmbito” têm sido outros dos eixos de actuação da associação.
Iniciativa e partilha caracteriza movimento associativo local
A associação teve a sua primeira sede em Lisboa, mudando-se mais tarde para a Quinta do Conde, onde esteve primeiramente sedeada no CIPA, entretanto desactivado. Andredina Cardoso considera que têm vindo a ser “muito bem acolhidos pelos parceiros na Quinta do Conde, nomeadamente o Centro Social, Cultural e Desportivo, que cede o espaço para as assembleias gerais, e a Escola de Samba Corvo de Prata, que também ofereceu as instalações para actividades e com quem já trabalhámos em conjunto”.
Para o FASCP, “o contexto da Quinta do Conde foi sempre muito de partilha nesse sentido. A freguesia é extremamente activa, tem um movimento associativo muito consistente e activo e já fizemos muitas actividades com as instituições sedeadas na Quinta do Conde”.
A ligação à freguesia concretiza-se ainda através de sócios e elementos dos corpos gerentes. “Temos pessoas da Quinta do Conde, Brejos de Azeitão, Setúbal, Lisboa e Leiria e não apenas de origem cabo-verdiana mas também portuguesa, angolana, entre outras”, partilha.
“É uma associação extremamente aberta, plural e que trabalha de forma transversal com os cabo-verdianos e no meio onde se insere, sem esquecer os problemas transversais da sociedade conturbada em que vivemos hoje”, adianta.
No futuro, pretendem alargar o projecto “Revelando pedagogicamente África” e chegar mais às escolas, aprofundar as parcerias e envolver mais a comunidade africana e não só.
“Fizemos recentemente um questionário a jovens com menos de 30 anos residentes na Quinta do Conde para perceber que visão têm sobre o contexto onde estão inseridos e o que consideram que pode ser uma mais-valia dentro desse contexto. Estamos a trabalhar para dar esta resposta e ter actividades que se enquadram nas necessidades”, refere.
“Também no combate ao racismo, à xenofobia e à discriminação, sempre numa óptica muito pedagógica, pretendemos partir das mais valias que temos e trabalhar a partir daí”, conclui.