Meses de Julho a Setembro são fulcrais e proprietários receiam queda significativa na facturação
Depois do desconfinamento faseado que arrancou em Maio, a Área Metropolitana de Lisboa voltou a sentir o peso das medidas de prevenção e vê-se obrigada a fechar cafés e estabelecimentos comerciais pelas 20 horas. Em Sesimbra, onde os meses de verão são encarados como essenciais para a faturação anual, esta decisão é vista com muita apreensão e tem preocupado proprietários.
Ricardo Machado, proprietário do bar Contraste, falou a O SETUBALENSE sobre a situação atual e admitiu que, depois de um regresso em força no pós-confinamento, as novas medidas voltaram a mexer com as contas. “Reabrimos a 18 de Maio e trabalhámos muito bem nesse mês. Em junho também, até nos terem alterado as regras e obrigado a fechar às 20 horas. A trabalhar até essa hora vai ser muito complicado e vai ser difícil sustentar-nos. Este período de verão é a altura em que conseguimos juntar mais dinheiro para depois nos podermos sustentar durante o inverno, mas sabemos que este ano será difícil”, admite, acrescentando que prefere olhar para o lado positivo: “Vale mais estar aberto até às 20 horas do que voltar a estar confinado em casa.”
“A quarentena foram dois meses difíceis, com zero de faturação, e a renda e todas as outras despesas continuaram. Ainda assim, sobrevivemos”, recordou o proprietário do estabelecimento que este ano comemorará o 10.º aniversário. Quanto às novas medidas e ao fecho antecipado, estima que resultem numa queda de 40% face à faturação diária habitual.
Ainda que preocupado, Ricardo Machado diz compreender a decisão de prolongar a medida até Sesimbra, onde o número de casos não é tão elevado quanto noutras zonas da AML. “Eu percebo que tenhamos de fechar. Se apenas fechassem Lisboa, para onde iriam as pessoas após as 20 horas? Muitas viriam para Sesimbra. Se as pessoas não respeitam as regras, eu compreendo que o Governo nos inclua”, afirmou. “Espero que no dia 9 nos digam que podemos voltar a trabalhar até às 23 horas e que revejam esta situação, mas a verdade é que os casos continuam a aumentar”, acrescentou.