Suporte básico de vida e desfibrilhação automática externa entre as disciplinas
Na Escola Básica Integrada da Quinta do Conde, o suporte básico de vida e a desfibrilhação automática externa integram o programa curricular dos alunos do nono ano.
“Quando vim para o Agrupamento de Escolas da Quinta do Conde, trouxe comigo, entre outros objectivos, uma das minhas missões pessoais, relacionada com aquilo em que acredito e fruto de vivências pessoais: a questão da disseminação dos conhecimentos associados ao suporte básico de vida e desfibrilhação automática externa”, começa por dizer Luís Pacheco, director do AEQC desde 2017, formador INEM em suporte básico de vida e voluntário na Cruz Vermelha de Setúbal, a O SETUBALENSE “O número de mortes diárias por paragem cardiorrespiratória é elevadíssimo, pelo que não se entende o facto de não existir maior intervenção nesta área”, considera.
Em 2014, lançou o livro “Gesto certo”, com que percorreu escolas de norte a sul com o objectivo de sensibilizar para a importância de explorar esta temática e representou Portugal no Congresso Europeu de Ressuscitação de 2015, em Praga.
Disciplina regista mais de 90% de sucesso
Em 2017 é então criada a disciplina de suporte básico de vida e desfibrilhação automática externa, maioritariamente prática mas também com componente teórica, para o nono ano. Aborda a paragem cardiorrespiratória mas também outras temáticas relacionadas com os primeiros socorros. “Qualquer pessoa deve ser, à partida, um socorrista.
Um minuto que se perca numa situação de paragem cardiorespiratória é descer exponencialmente a hipótese de recuperação da pessoa com qualidade”, partilha. “Conseguimos criar em contexto de sala de aula laboratórios para treino prático.
Estamos a propiciar conhecimento com tempo efectivo de que ele possa ser acomodado e acreditamos que existe uma probabilidade muito grande de que estes alunos venham a intervir de forma correcta. É uma questão de responsabilidade social, uma acção prática ao nível da cidadania e desenvolvimento”, adianta, sem esquecer o reforço da formação dos professores que também pretende levar a cabo num futuro próximo.
O agrupamento dispõe igualmente de um programa de desfibrilhação. “Estamos integrados num programa de desfibrilhação com o objectivo de que tenhamos recursos humanos e materiais com capacidade para poder intervir em tempo útil numa situação real”, explica. Este é, assim, o único agrupamento a nível nacional a ser uma entidade acreditada pelo INEM em SBV-DAE, o que permite ainda realizar acções de formação para além da disciplina em si onde, nas palavras de Luís Pacheco, “não existem negativas. É uma área de interesse dos alunos, onde registamos mais de 90% de taxa de sucesso. É também uma disciplina prática e isso faz toda a diferença”.
“Educar com afecto, construindo o futuro”
Luís Pacheco acredita “que para haver aprendizagem precisa de existir comunicação e é muito importante a empatia e proximidade entre os elementos intervenientes no processo”. Nas palavras do professor, “na perspectiva de um aluno, gostar de um professor é sentir-lhe a verdade na sua acção e a preocupação genuína consigo enquanto aluno.
Este é o chapéu do nosso projecto educativo, que tem como tema ‘educar com afecto, construindo o futuro, e é neste pressuposto que se pretende que toda a acção assente”.O agrupamento, no seu todo, aposta em medidas que possam prevenir o insucesso escolar, na integração de pais e encarregados de educação no projecto educativo e na convergência “de todos os saberes num projecto único”.
Nas reuniões periódicas de planeamento e avaliação, são incluí–dos os alunos e o director esclarece porquê: “se a quem a escola serve é o aluno faz sentido integrá-lo. Po–demos conhecer melhor a escola ouvindo os alunos, tornando-os, verdadeiramente, os protagonistas desta história educativa”.
Por considerar que “não se pode fazer melhor cidadania do que praticando em comunidade”, e que este tipo de projectos é “potenciador do crescimento dos alunos enquanto cidadãos”, o agrupamento de escolas quintacondense criou um grupo de voluntariado, onde os alunos intervêm directamente na comunidade.
Também o trabalho desenvolvido no combate à pandemia é “motivo de orgulho” para Luís Pacheco, que enaltece o esforço e dedicação da sua comunidade educativa.