Perspetiva uma governação transparente e ágil da Câmara Municipal, e focada nos serviços essenciais. Acusa a gestão CDU de falta de planeamento
Eliseu Ângelo, 53 anos, tem formação superior em Gestão, Informática e Cibersegurança, e reside na Quinta do Conde desde o ano 2000. Candidato pela Iniciativa Liberal à presidência da Câmara de Sesimbra, afirma que, se for eleito para liderar o concelho, irá “chamar todos os funcionários municipais, para os conhecer e identificar as dificuldades administrativas existentes, identificar todos os contratos e obrigações herdados do anterior executivo”.
Defende uma gestão municipal “focada nos serviços essenciais e ser ágil e transparente”, e acusa a atual governação da CDU de “total falta de planeamento em tudo o que seja infraestruturas, sejam elas rodoviárias, escolares ou de saúde”.
Defende que o turismo deve ser promovido, não numa aposta de quantidade, mas de qualidade e apostar em estadias mais longas, não só de praia, mas também de natureza. Diz que o Cabo Espichel deve ser dinamizado como destino cultural, assim como o Parque Natural da Arrábida.
Na perspetiva económica, fala na necessidade de ser criado um parque industrial que também deve ser tecnológico. Para resolver o problema da habitação, aponta a “simplificação dos processos de licenciamento, tanto de habitações novas como para reabilitação, incentivar a construção acessível contando com parcerias privadas e criar habitação com custos controlados/rendas controladas”.
Sobre a atual governação da CDU, infere que “gere o dia-a-dia, mas pouco ou nada faz para desenvolver o concelho. Há uma falta de ambição e planeamento estratégico, que resulta em paralisia e falta de visão”.
O que o motivou a candidatar-se à Câmara de Sesimbra?
A minha candidatura foi motivada, sobretudo, pela minha convicção de que Sesimbra pede muito mais. Vim para a Quinta do Conde no ano 2000 e, desde então, vejo um concelho estagnado. Tenho experiência em gestão e tecnologias de informação e pretendo abrir o caminho para um concelho moderno e virado para o futuro que esteja na linha da frente, e não décadas atrasado face aos concelhos limítrofes.
Qual a visão liberal que pretende trazer para a gestão municipal?
A autarquia não deve ser um obstáculo para a vida dos cidadãos, mas sim um facilitador. No liberalismo, a câmara deve estar focada nos serviços essenciais e ser ágil e transparente. Menos burocracia, mais espaço para iniciativas privadas, sociais e individuais. Maior autonomia das freguesias, simplicidade nos processos e menos desperdício.
Quais considera serem os três principais problemas do concelho neste momento?
Sendo um concelho que engloba três freguesias com carências diferentes, o maior problema de uma delas não é necessariamente o mesmo das outras, mas creio que a mobilidade é um problema transversal, não só nas acessibilidades, mas também na eficácia e eficiência dos transportes públicos.
Além da questão da mobilidade, também aponto a falta de um parque industrial que também deve ser tecnológico para suprir a evidente carência de diversidade económica.
Finalmente, aponto a total falta de planeamento em tudo o que seja infraestruturas, sejam elas rodoviárias, escolares ou de saúde.
Que comentários faz à atual gestão comunista da autarquia liderada por Francisco Jesus?
A autarquia gere o dia-a-dia, mas pouco ou nada faz para desenvolver o concelho. Há uma falta de ambição e planeamento estratégico, que resulta em paralisia e falta de visão.
Sesimbra vive muito do turismo e da pesca. Que medidas propõe para diversificar e fortalecer a economia local?
Já mencionei o parque industrial e tecnológico, podemos tirar partido da proximidade de Lisboa e das condições naturais para atrair investimento e nómadas digitais. Também existem oportunidades de exploração dos nossos laços com o mar promovendo, por exemplo, pesquisa e desenvolvimento de veículos autónomos marítimos. As oportunidades existem, mas têm de ser promovidas e aproveitadas.
Sendo o turismo essencial em Sesimbra. Como garantir um equilíbrio entre o crescimento deste setor e qualidade de vida para os residentes?
O turismo pode e deve ser promovido, mas devemos apostar num turismo de qualidade e não de quantidade, apostar em estadias mais longas, não só de praia, mas também de natureza, com regras claras, bem definidas e transparentes para evitar que Sesimbra se torne numa zona como podemos encontrar, por exemplo, na Quarteira. O turismo pode e deve ser nosso aliado, assegurando que os serviços turísticos também melhoram a qualidade de vida dos nossos residentes.
De que forma a IL pretende atrair investimento privado e criar emprego no concelho?
Sendo transparente, menos burocrática, previsível, com regras de investimento e licenciamento claras e bem reguladas. Oferecer um ambiente de confiança e estabilidade para quem quiser investir.
Tem propostas para valorizar o património histórico e natural, como o Cabo Espichel ou o Parque Natural da Arrábida?
Claro. O Cabo Espichel deve ser dinamizado como destino cultural, e não se compreende o facto de, após estes anos todos, ainda não existir nenhuma evolução. Pode ser feita uma parceria com uma ou mais entidades privadas para explorarem as instalações existentes. O Parque Natural da Arrábida pode, e deve ser dinamizado como destino ambiental criando ou divulgando, por exemplo, percursos pedonais ou cicláveis de forma que respeitem o ambiente mas que possam, numa estratégia mais abrangente, trazer retorno económico para o concelho.
O aumento dos preços da habitação tem afastado muitos jovens de Sesimbra. Que soluções propõe para garantir acesso a habitação?
Sesimbra não está só neste problema, mas acredito que localmente se pode fazer muita coisa para fixar os nossos jovens e promover o acesso à habitação. Começaria, imediatamente, por simplificar os processos de licenciamento, tanto de habitações novas como para reabilitação, incentivar a construção acessível contando com parcerias privadas e criar habitação com custos controlados/rendas controladas. Adicionalmente aceleraria a resolução dos processos das Áreas Urbanas de Génese Ilegal (AUGI) ainda existentes para que os proprietários desses terrenos possam tirar partido deles, aumentando a oferta.
Que posição tem sobre a expansão urbanística em zonas costeiras sensíveis?
Parte do interesse turístico de Sesimbra deriva da sua costa, e ela tem de ser devidamente protegida para poder continuar a ser capitalizada. O crescimento urbano deve levar essa situação em conta, e não devemos hipotecar o futuro do nosso concelho em troca de interesses imediatos.
O concelho tem problemas de mobilidade e acessibilidade, especialmente para concelhos vizinhos e Lisboa. Que medidas defende?
Existem planos com mais de dez anos para ligar a Carrasqueira à A2 e à A33. Uma ligação rápida é necessária. Mas também na Quinta do Conde é urgente simplificar as saídas da Vila, e ai existem várias possibilidades que devem ser vistas. A ligação à estação de Coina deve ser construída, e estacionamento adequado é necessário.
Também os transportes públicos devem ser repensados e implementados, para que sejam abrangentes, regulares e que levem em conta também o transporte escolar.
Na vila de Sesimbra, estacionar é um pesadelo, sobretudo na época balnear, e essa questão também tem de ser solucionada.
Qual seria a sua primeira medida se fosse eleito presidente da Câmara Municipal de Sesimbra?
A minha primeira medida seria chamar todos os funcionários municipais, para os conhecer e identificar as dificuldades administrativas existentes, identificar todos os contratos e obrigações herdados do anterior executivo, para saber exatamente de onde partimos em termos legais e financeiros.
Que mensagem gostaria de deixar aos eleitores de Sesimbra para votarem Iniciativa Liberal?
Lembro que os portugueses emigram para países com governos liberais, os países mais transparentes e evoluídos são países governados de forma liberal. Com transparência, equidade, eficiência e responsabilidade – esse é o nosso compromisso para Sesimbra, não queremos uma Sesimbra no marasmo, onde os problemas de ontem se juntam aos de hoje e vão somar aos de amanhã, por nada ser feito para os resolver.
Destaques
Sendo um concelho que engloba três freguesias com carências diferentes, o maior problema de uma delas não é necessariamente o mesmo das outras, mas creio que a mobilidade é um problema transversal
Os transportes públicos devem ser repensados e implementados, para que sejam abrangentes, regulares e que levem em conta também o transporte escolar. Na vila de Sesimbra, estacionar é um pesadelo, sobretudo na época balnear, e essa questão também tem de ser solucionada.
O Cabo Espichel deve ser dinamizado como destino cultural, e não se compreende o facto de, após estes anos todos, ainda não existir nenhuma evolução. Pode ser feita uma parceria com uma ou mais entidades privadas para explorarem as instalações existentes