Questiona-se e actualiza-se diariamente para aperfeiçoar continuamente a forma de transmitir conhecimento aos estudantes
Que disciplina leccionar? Essa foi a primeira dúvida de Diogo Santos quanto ao que seria a sua vida profissional, porque ser docente era vontade desde criança. “O que mudou consoante a idade foi simplesmente a disciplina que pretendia leccionar”, relembra. Hoje, diz-se cativado por uma carreira com “impacto na vida dos alunos”, e pelo “constante desafio de encontrar estratégias para melhorar as suas aprendizagens”.
Natural de Coimbra, foi na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra que se formou, e na mesma localidade estagiou, no Colégio Bissaya Barreto, por ser o mais perto do local onde então residia. Já estava então decidida a disciplina que iria leccionar: Português. Mas também habilitações para exercer como professor de línguas clássicas.
Com cerca de seis anos de serviço, passou o mesmo que muitos, e muitos, outros professores até fazer parte do quadro, há dois anos, do Colégio St. Peter’s International School de Setúbal, onde se encontra há cinco. Antes disso, leccionou na Escola Básica São Gonçalo, em Torres Vedras e na Escola Secundária Pedro Alexandrino, em Odivelas.
Defende que a chave para “um melhor desempenho académico é a relação entre professor e aluno”, isto porque “um professor pode pensar e idealizar as melhores estratégias e elaborar o melhor plano de aula, mas, caso não haja uma boa relação entre ele e os seus alunos, a aprendizagem não é profícua e tudo o que foi arquitectado não se executa”.
Por isso desafia-se e questiona-se a si próprio para se tentar colocar no lugar dos alunos: “Como seria se eu estivesse a ouvir alguém a dizer isto desta forma? Aprenderia? Enfadava-me?”. “Este é um exercício que realizo com bastante regularidade, pois, automaticamente, ajuda-me a excluir algumas abordagens”, revela concluindo: “Assim, eles também sentem que caminhamos na mesma direcção e temos o mesmo objectivo em comum – o sucesso deles”.
Este é um caminho que tem encontrado no Colégio St. Peter’s International School de Setúbal, onde “existe um trabalho contínuo entre professores e pais, e as expectativas dos encarregados de educação dos alunos vão ao encontro das do colégio, verificando-se uma priorização do empenho escolar das crianças”, diz, destacando no entanto, “que as estratégias são sempre definidas conforme o aluno, as suas dificuldades, concebendo-se para cada qual um caminho específico que permita conduzi-lo à excelência”.
Para esta metodologia e atingir objectivos, o professor Diogo Santos afirma que impõe a si mesmo “empenho” e a “ambição diária” de “estar informado”, isto porque as metas “reformulam-se” constantemente. “Um professor hoje em dia tem de saber inovar, pois com o avanço da internet, o acesso à informação tornou-se muito facilitado, o que se pretende é explorar o espírito crítico, ir além das capacidades de memorização que foram tão aclamadas no passado, no ensino português”.
Lembrando que o sistema de ensino foi “durante muitos anos, direccionado para a memorização de factos”, a realidade actual, com a evolução das tecnologias, permite que qualquer um tenha acesso a conteúdos, de forma quase instantânea. “A maior questão, neste caso, prende-se com a necessidade de se ensinar, tendo em conta a evolução global, actual”, diz.
“Ensinamos crianças que serão o futuro deste País, mas que futuro é esse? É necessário ter-se em conta que, cada vez mais, é necessário aprender a saber fazer, aplicar conhecimentos, trabalhar em equipa, desenvolver o espírito crítico, procurando, eventualmente, identificar aquilo que será o mercado de trabalho futuro, que, tendencionalmente, não será idêntico ao de hoje em dia. A aplicação prática de conhecimentos parece estar a tornar-se, sem dúvida, mais importante, do que o sistema de avaliação que detemos actualmente”.
Quanto às suas perspectivas na carreira de professor, Diogo Santos confia que tem futuro nesta carreira, a questão é que “nesta profissão a estabilidade de emprego não é garantida para se ter um futuro melhor”, comenta. “Trabalhamos muitas horas por dia, dedicamo-nos aos nossos alunos, com alma, e, apesar disso, no fim da carreira recebemos o equivalente ao início, percorremos quilómetros para ter lugar num estabelecimento, e verificamos, cada vez mais, com o menor número de pessoas que ingressam nesta carreira, que é uma profissão pouco compensada, já dizia Camões “quem não sabe arte, não a estima”.
A grande carga horária a que, tal como os outros docentes, está sujeito, obrigou-o a encontrar estratégias para compatibilizar a vida profissional com a pessoal. “Não é fácil”, afirma, já que ser professor implica ocupar muitas horas em trabalho de casa, desde a preparação das aulas à correcção das fichas de avaliação dos alunos. Mas sente-se recompensado: “Na verdade, adoro o que faço e nem me vejo a fazer outra coisa qualquer na vida”, afirma.
E ainda encontra tempo para hobbies como patinar. “Adoro a adrenalina e os constantes desafios. Verdadeiramente, apesar de perigoso, assume-se como um processo no qual me tento superar a cada sessão”.
Diogo Santos à queima-roupa
Idade: 30 anos
Naturalidade: Coimbra
Residência: Quinta do Conde, Sesimbra.
Área: Ensino
Defende que a chave para um melhor desempenho académico é a relação entre professor e aluno, caso contrário, aprendizagem não é profícua e tudo o que foi arquitectado não se executa