Descobertas 614 pegadas de dinossauros na zona do Cabo Espichel

Descobertas 614 pegadas de dinossauros na zona do Cabo Espichel

Descobertas 614 pegadas de dinossauros na zona do Cabo Espichel

Paleontólogo líder da investigação garante que existirão mais

 

O Centro Português de Geo-História e Pré-História revelou, na passada quinta-feira, a existência de 614 pegadas de dinossauros, com cerca de 129 milhões de anos, na zona do Cabo Espichel, mais precisamente entre a Boca do Chapim e a Praia do Areia do Mastro. Esta será a descoberta do maior conjunto de pegadas de dinossauros do Cretácico no nosso país.

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“Identificámos até agora 614 pegadas. Haverá mais. No artigo que agora publicámos foram estudadas três camadas diferentes da mesma formação, que começa na Boca do Chapim e vai até à Praia do Areia do Mastro, num total de cerca de 400 metros entre elas”, começa por dizer Silvério Figueiredo, paleontólogo e líder da investigação, a O SETUBALENSE.

“Apesar de a maioria não ser muito evidente, e do ponto de vista da espectacularidade passarem um pouco despercebidas, permite-nos aferir dados importantes sobre a sua formação. São sub-impressões, a pegada não é uma pegada directa. Não corresponde ao sítio onde o dinossauro pôs o pé. Ele terá posto o pé numa camada que existia por cima daquela e a pressão sobre essa camada ficou impressa na camada imediatamente abaixo e é isso que temos lá”, adianta. Neste sentido, o paleontólogo conta ainda que “como é um número muito grande, numa área relativamente pequena” foi possível “identificar pegadas de carnívoros e herbívoros, estes últimos em maior número, seguidos dos carnívoros para os caçar. Pensamos que as pegadas se formaram em ambiente litoral e que aquela terá sido uma zona de passagem de dinossauros, entre espaços de pasto”. As pegadas, de diferentes tamanhos e morfologias, permitem ainda apurar que se trata de diferentes tipos de dinossauros.

O estudo, já publicado na revista internacional “Journal of Geoscience and Environment Protection”, enquadra-se no projecto de investigação “Os Vertebrados do Barremiano do Cabo Espichel e o seu contexto Ibérico: implicações paleoambientais e paleogeográficas'”, levado a cabo pelo CPGP, que tem vindo a estudar esta região desde 1998.

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Durante estes anos, em trabalho de campo realizado na zona do Cabo Espichel, cujo registo paleontológico é conhecido desde o século XIX, foram encontrados exemplares de ossos de tartarugas, Pterossauros, crocodilos e também de dinossauros. “Nessa fase, o nosso objectivo principal era procurar restos osteológicos. Em 2011, encontrámos um molde natural de uma pegada e em 2018 foram encontradas marcas que nos pareciam pegadas”, partilha. “No ano seguinte, Ismar de Sousa Carvalho, colega brasileiro cuja especialidade dele é precisamente o estudo deste tipo de pegadas, esteve cá e confirmaram-se as nossas suspeitas. A partir daí, em diferentes camadas, começámos a encontrar mais e mais pegadas”, adianta, frisando que “o interessante é que estas pegadas não são da formação do Papo-Seco, que tínhamos vindo a investigar. São de uma formação mais abaixo, mais ou menos da mesma idade, que é a formação do Areia do Mastro, uma praia que lá existe e que dá o nome à formação. Estas pegadas estão nas camadas de topo dessa formação”. A equipa, composta por paleontólogos e geólogos provenientes de várias partes do globo, e liderada pelo paleontólogo Silvério Figueiredo, tem prevista para breve a publicação de um outro estudo, que será submetido durante este mês, sobre este novo sítio com pegadas de dinossauros. “A partir de agora vamos intensificar os estudos”, garante Silvério Figueiredo.

A investigação conta ainda com a colaboração do Instituto Politécnico de Tomar, do Centro de Geociências e do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e do Geopark Naturtejo.

 

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