Cabeças-de-lista à Câmara de Sesimbra avaliaram o crescimento e desenvolvimento económico do concelho e apontaram algumas estratégias para a sua concretização
Depois da intervenção livre dos cinco candidatos à Câmara de Sesimbra, com a apresentação do programa eleitoral de cada um dos partidos, o sétimo debate da ‘Operação Autárquicas 2017’ – que o DIÁRIO DA REGIÃO está a promover em parceria com as rádios Popular FM, Rádio Sines, Setúbal Revista, Agência ADN e Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), que teve lugar na quinta-feira à noite, no Cineteatro Municipal João Mota, o moderador José Luís Andrade (responsável pela área multimédia do DIÁRIO DA REGIÃO) questionou os cabeças-de-lista acerca do crescimento e desenvolvimento do concelho.
Por ordem do sorteio, o primeiro a responder foi Adelino Fortunato (BE), que considerou que “melhorou em alguns aspectos, mas globalmente outros continuam por resolver. Há um problema de coesão a vários níveis do concelho e um problema básico de construção de um núcleo de actividades económicas fortes e estruturadas, que permitam criar emprego e desenvolver Sesimbra”, acusando a maioria da CDU de “querer apresentar obras feitas, mas não pensar na forma de dinamização das novas infra-estruturas”.
Em resposta, Francisco Jesus, candidato da CDU, lembrou que “ao longo dos últimos quatro anos, mesmo com todas as dificuldades financeiras foram feitos investimentos em infra-estruturas, nomeadamente ao nível do saneamento, reabilitação da rede viária e um conjunto de equipamentos para valorização do património” como o Museu Marítimo e a requalificação do Cabo Espichel.
Já Américo Gegaloto, candidato do PS enfatizou que “se estivesse tudo bem não tínhamos problemas de estacionamento na vila de Sesimbra e na Cotovia, já haveria um canil e um gatil municipais, um pavilhão multiusos na Quinta do Conde, um auditório, uma biblioteca e um novo centro de saúde, em Santiago”.
O candidato da coligação PSD/CDS-PP Sesimbra Mais, Francisco Luís apontou “a existência do plano estratégico do turismo elaborado pelo gabinete do professor Augusto Mateus, que tem o trabalho todo feito, do ponto de vista da avaliação feita ao concelho de Sesimbra e em termos prospectivos o que é necessário fazer para que Sesimbra se torne ainda mais um concelho de grande atractividade turística”.
Para finalizar a primeira ronda, Argentina Marques, candidata independente do MSI (Movimento Sesimbra Unida) esclareceu a diferença entre crescimento e desenvolvimento. “Se formos falar em crescimento, dizemos que Sesimbra cresceu mais que não seja em população, com a Quinta do Conde no topo das freguesias mais jovens”. No entanto, o desenvolvimento das infra-estruturas não acompanhou essa vaga de crescimento. “A freguesia da Quinta do Conde cresceu, mas não tem escolas para os filhos dos casais mais jovens, não tem um centro de saúde em condições e não tem as redes viárias e os passeios suficientes para a circulação de pessoas”.
Turismo e outros temas
O debate de Sesimbra passou por outros temas, alguns levantados pelo moderador José Luís Andrade (responsável da área multimédia do DIÁRIO DA REGIÃO) e outros apontados pela assembleia.
Sobre o turismo, Adelino Fortunato frisou “a sazonalidade extrema, que só cria postos de trabalho não qualificados. Não é com esses empregos que vamos fixar a juventude, os jovens que fizeram cursos superiores, mestrados e doutoramentos, não vão fixar-se em Sesimbra. Nós precisamos de um modelo de turismo que crie empregos qualificados e é este o problema da melhoria ou não do concelho de Sesimbra”.
Francisco Jesus explicou que “o que resulta da estratégia da CDU é a identificação do concelho de Sesimbra com o seu potencial turístico. Hoje temos uma melhoria do turismo e os dados não são nossos, são do instituto do turismo. Há de facto uma melhoria, mas não se deve apenas à melhoria da conjuntura económica. A requalificação na marginal, reabilitação urbana, a instalação do museu marítimo e inclusivamente a negociação e posse da fortaleza por um período significativo são contributos, que aliados à melhoria da conjuntura conduziram ao desenvolvimento económico do concelho”.
Já Américo Gegaloto (PS) referiu que o plano estratégico do turismo elaborado pelo gabinete do professor Augusto Mateus “foi direccionado para ter um certo resultado, tem lá uns indicadores e é uma boa base de trabalho, mas deve ser alavancado num conjunto de investimentos imobiliários da autarquia”.
Francisco Luís, da coligação Sesimbra Mais acrescentou que se deve “diversificar a oferta turística para criar mais turismo”.
Argentina Marques (MSU) frisou que “temos de apostar no desenvolvimento do nosso concelho. Se ele estiver desenvolvido, está preparado para receber qualquer turista”.
Outro tema levantado prendeu-se com o fraco envolvimento dos cidadãos na vida política do concelho, que se reflecte nas elevadas taxas de abstenção (62%). Como forma de aproximar os cidadãos da política, apontou-se a criação de um provedor do munícipe, medida que a maioria da CDU rejeita.
Francisco Jesus (CDU) afirmou que “a posição do executivo da CDU não é favorável à existência da figura do provedor. Achamos que do nosso ponto de vista, não são apenas os vereadores, mas todos os eleitos municipais e de freguesia devem ser provedores do munícipe”.
Francisco Luís (PSD/CDS-PP) considerou que “o modelo de participação e as opções participadas está esgotado, temos de reeinventá-lo. O provedor do munícipe não resolve os problemas da participação, mas ajuda muito. Porque este distanciamento que tem em relação ao poder autárquico a fazer valer a voz dos munícipes pode ser o pontapé de saída para um modelo de participação cívica mais eficaz”.
Argentina Marques explicou que “há que fazer chegar a informação às pessoas, há que colocar na internet as assembleias, as sessões de câmara, colocando as TIC ao serviço das populações”.
“Há um problema de participação e a abstenção em Sesimbra é de 62%, mas não é só em Sesimbra, é em toda a Margem Sul, o que significa que é um problema de fundo do poder autárquico. O modelo de debate, fixado em ataques pessoais afasta as pessoas do poder local”, notou Adelino Fortunato.
Américo Gegaloto (PS) enfatizou a defesa de um provedor do munícipe como “uma entidade imparcial que não é vereadora, que intercede pela população, dando razão ou não”.
No debate discutiram-se ainda a redução das taxas e impostos municipais, a importância do ordenamento do território e as questões ambientais.