Documento subscrito pela autarquia, sete associações, sete operadores do sector das pescas e mais de uma centena de armadores
A Câmara Municipal de Sesimbra e mais de uma centena de entidades ligadas à pesca e a empresas de actividades marítimo-turísticas subscreveram uma carta aberta ao primeiro-ministro, António Costa, na qual se pede que a construção de um novo acesso ao Porto de Abrigo de Sesimbra seja contemplada no Plano de Recuperação e Resiliência, neste momento em consulta pública.
O documento, apresentado na tarde de sexta-feira, no Facebook da Câmara Municipal, lembra que “o Porto de Sesimbra é, há vários anos, o principal porto de pesca do país em termos de volume de pescado e o segundo em valor de venda. Tem recebido fortes investimentos, tanto públicos como privados, para a sua modernização” mas, no entanto, os seus acessos continuam “completamente esquecidos” e neste momento até “desadequados” face ao movimento do porto.
O único caminho que permite o acesso ao porto atravessa a malha urbana da vila de Sesimbra e “é muito difícil para veículos pesados”. Alguns intervenientes neste processo referem precisamente “a dificuldade de escoar o pescado porque certos clientes simplesmente se recusam a descer a Sesimbra. Há mesmo o caso de motoristas de pesados que tiveram que passar duas noites em Sesimbra por não conseguirem sair com os veículos carregados pela única estrada de acesso, que tem uma pendente elevada e com chuva se torna escorregadia e intransitável para camiões”. Por este motivo, a ArtesanalPesca teve mesmo que aumentar a sua zona de refrigeração para poder guardar o peixe que não é escoado.
O projecto para a construção de uma variante já esteve programado várias vezes mas até ao momento nunca avançou. O município já procedeu à apresentação de propostas para o traçado mais curto, para que fosse mais viável a nível financeiro, e com ligação a uma área industrial relativamente próxima, que poderá vir a ser utilizada para infra-estruturas de apoio ou criação de novos negócios. Volta agora a apresentar uma possibilidade de solução, por forma a desbloquear “uma situação que começa a ser dramática para o tecido económico local, que representa diariamente mais de três mil postos de trabalho”, e por considerar que “a economia do mar é uma das mais-valias de Portugal” e por isso “não seria admissível que o plano que vai definir as linhas estratégicas do país para os próximos anos esquecesse aquele que é o maior porto de pesca do país”.
Lota de Sesimbra mantém primeiro lugar no pescado transacionado no país
Em 2020, a lota de Sesimbra manteve o primeiro lugar em quantidades de pescado transacionado a nível nacional, com perto de 20 mil toneladas, e o segundo lugar em valor, com cerca de 27 milhões de euros, segundo dados fornecidos pela Docapesca. Comparando 2019, verifica-se uma redução na ordem das 10 mil toneladas, que reflecte a quebra nas capturas de cavala, o que também explica a diminuição de quase 2,5 milhões de euros. Os resultados obtidos pela frota sesimbrense representam no entanto quase 22 por cento do total nacional de capturas, e cerca 14 por cento em valor. Em termos de espécies, a cavala, o carapau, a sardinha e o peixe-espada continuam a ser as mais representativas, com cerca de 85 por cento do total de quantidades e quase 63 por cento do valor de vendas. A Delegação Centro-Sul, que integra Sesimbra, registou a maior quantidade de pescado a nível nacional, com 32,2 mil toneladas, que geraram 49 milhões de euros.