Organização de pescadores armadores ambiciona expandir organização até aos portos de Sines, Peniche e Algarve
A ArtesanalPesca, cooperativa de armadores de pesca formada em 1986, em Sesimbra, investiu cerca de 1,5 milhões de euros na instalação de uma nova linha de congelação, criada com o objectivo de ‘segurar’ novas adesões de embarcações.
A O SETUBALENSE, Carlos Macedo, administrador da cooperativa, revelou ter ‘os olhos postos’ no futuro, pelo que está a ser feito um esforço para integrar a ArtesanalPesca noutros portos além do de Sesimbra, como o de Sines, Peniche e Algarve.
Sobre a covid-19 e do conflito bélico na Ucrânia, o responsável destacou “a resiliência dos operadores do sector primário”, uma vez que estas lhes “conferem a capacidade de se adequar a quase todas as dificuldades que lhes são criadas”. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia tem, inclusive, vindo a limitar a operação dos barcos de pesca, criando uma dificuldade em fazer face aos custos fixos da operação.
Actualmente, a ArtesanalPesca conta com mais de 60 funcionários, em postos de trabalho directos, e congrega cerca de quatro dezenas de pescadores em embarcações associadas. Já os associados da cooperativa dedicam-se exclusivamente à pesca artesanal. Mesmo com todas as dificuldades, a cooperativa mantém-se em crescimento constante. Ao longo dos últimos anos realizou um investimento superior a dez milhões de euros, valor utilizado em infra-estruturas físicas. Hoje, a ArtesanalPesca é a fábrica com maior capacidade de congelação de espécies pelágicas do País.
De acordo com Carlos Macedo, a organização tem tudo para “seguir o caminho certo”. “Se existir quem acredite nesta visão não teremos problema em recebê-lo no seio da organização”, que “procura alargar a sua estratégia de comercialização a outras espécies e a outras artes de pesca artesanais portuguesas”.
A valorização dos produtos do mar, de forma a dignificar os pescadores artesanais e garantir a sustentabilidade dos recursos, é um dos principais objectivos da cooperativa. Quanto ao número de embarcações, a organização conta com 16 dedicadas à pesca do peixe-espada preto em Portugal Continental, sendo que dezena e meia é associada da ArtesanalPesca.
Os 15 referidos são responsáveis por mais de 90% das capturas desta espécie em Portugal Continental. Contam também com vinte embarcações dedicadas à pesca do polvo e sete embarcações dedicadas à pesca de sardinha, cavala e carapau.
Forma de captura e comércio justo marcam diferença
A ArtesanalPesca comercializa directamente o pescado capturado pelos barcos dos seus membros. De acordo com a informação disponível no site da organização, “a união e a centralização das suas capturas permite um posicionamento no mercado, uma escala e segurança na defesa dos armadores e pescadores que, de outra forma, seria difícil obter”. Esta prática elimina intermediários, tornando a cadeia de comercialização mais curta.
Esta organização é reconhecida pela captura de peixe-espada preto, mas também tem membros que recorrem a outras artes de pesca artesanal. Assumem maior relevo os que se dirigem a espécies como a sardinha, carapau, cavala ou o polvo.