Todos se afirmam satisfeitos, mas paira no ar uma certa apreensão. Há consciência de que o futuro é uma incerteza
A feira de Velharias voltou à marginal do Seixal e de Arrentela, para gáudio de muitos cidadãos que se tinham habituado, desde há muito, ao passeio semanal entre antiguidades e velharias, peças úteis e dispensáveis, cumprimentando amigos e solidificando relações entre quem vende e quem merca. Diga-se que este espaço cheira mais a convívio do que a comércio, sendo também verdade que cada parte defende no terreno os seus interesses, embora sem exagerar bravura na função.
No último domingo, bastante gente acorreu ao jardim junto ao Fórum Cultural. As pessoas cuidavam de respeitar as normas sanitárias, usando máscara e mantendo distanciamento social. As bancas estavam também mais espaçadas, todas munidas de produto para higienizar as mãos.
Artur Caetano, responsável pela organização da feira, afirmou a O SETUBALENSE que tudo estava a decorrer “dentro da normalidade”, que as “dificuldades do momento são sentidas por todos” e que não é de um momento para o outro “que todos se vão pôr a comprar”. No entanto, acredita que a “normalidade regressará pouco a pouco” e que a “freguesia também vai aparecer”.
“Isto vai melhorar!”, exclama, esperançoso. Aliás, “esta feira ao domingo, depois da feira de ontem, em Amora, é uma prova de confiança. Lembre-se que, antes do ataque da pandemia, o movimento estava a crescer”.
Diz-nos Artur que não tem havido conflitos de qualquer natureza. “Fomos reunindo com a Junta de Freguesia de Arrentela, até que se concluiu que havia chegado o momento de recomeçar”.
Lembre-se que esta feira se realiza no primeiro e terceiro sábados e último domingo de cada mês, enquanto a de Amora é armada aos segundos e quartos sábados.
Há muita gente de férias
Dorel Grigorean, nascido na Alemanha, é um vendedor há muito conhecido entre seus pares e os frequentadores da feira. “Isto não está grande coisa, pois estamos no fim do mês, por um lado, e está ainda muita gente de férias, por outro”, começou por dizer. “Ontem, em Amora, foi a mesma coisa. Pode perguntar aos outros vendedores que lhe dirão o mesmo”. Talvez em Azeitão “seja diferente”, enquanto a feira da Costa da Caparica continua fechada, “não se sabendo quando abrirá”.
O que mais aflige Dorel é a incerteza. “Pode estar tudo a caminhar bem e, de um momento para o outro, dispara a taxa de infecção. Temos que fechar tudo outra vez”, comentou, com ar consternado. E em jeito de conclusão: “O futuro é uma incerteza!”
Por José Augusto