Evento reuniu sindicalistas de todo o mundo. Apelos à luta pelos direitos laborais e à solidariedade entre os povos marcaram o tom geral das intervenções
A Conferência Sindical Internacional, que ontem reuniu durante todo o dia no Auditório Municipal do Seixal, teve por lema “Lutar pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, a solidariedade e a paz”. No conclave participou cerca de uma centena de activistas sindicais estrangeiros, de 80 organizações dos cinco cantos do mundo.
Sem paz não há trabalho
A vereadora Manuela Calado, falando em nome da autarquia, que cedeu o magnífico espaço e ofereceu o jantar aos conferencistas, deu as boas-vindas a todos e desejou que a Conferência fosse profíqua, lembrando “que todos juntos não somos de mais para lutar pela paz e o trabalho”, já que “sem paz não há trabalho”.
Augusto Praça, por sua vez, da Comissão Executiva e Relações Internacionais da central sindical, esclareceu que estavam ali “representantes de correntes ideológicas de todos os matizes”, sendo esse um factor de “grande satisfação” para a CGTP. Quanto ao documento que foi distribuído a todos os participantes, informou que não era para ser votado para não “vincular ninguém à nossa visão das coisas”. E acrescentou: “Aqui, todos têm o direito de dizer aquilo que pensam, pois o Congresso da CGTP não censura ninguém”.
Todavia, os sindicalistas que usaram da palavra realçaram algumas das traves mestres do documento, que abarca as grandes linhas das relações de trabalho e a evolução social nos diversos pontos do mundo. Nele se lê, por exemplo, que segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o “número daqueles que, mesmo trabalhando, estão na pobreza é, actualmente, mais de 700 milhões, só não sendo maior porque vem sendo contrariado pela evolução da China. Mais de 60% dos trabalhadores de todo o mundo têm vínculos de trabalho precários. Degrada-se a qualidade do emprego, aumentando a pressão sobre os trabalhadores para aceitarem vínculos laborais mal pagos e sem direitos. Prevê-se que em 2020 existirão 2 milhões de novos desempregados”.
Todos os oradores, de Cuba, Brasil, Áustria, Alemanha, Índia, entre muitos outros, protestaram a sua solidariedade ao povo da Palestina e da América Latina e denunciaram as políticas económicas que conduzem à precariedade e roubam os direitos laborais. Por isso, sublinha-se no referido documento, é essencial “reforçar as acções de solidariedade com as lutas travadas em cada país e em cada local de trabalho, dando-as a conhecer, valorizando-as e valorizando as conquistas realizadas”. Por isso, os “direitos dos trabalhadores, a valorização do trabalho e dos trabalhadores, a emancipação social e uma sociedade livre da exploração assentam na força organizada dos trabalhadores, na sua unidade e na sua luta”.
Por José Augusto