27 Abril 2024, Sábado
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Em silêncio e à força de lítio, navio “Cegonha Branca” levou António Costa do Seixal ao Cais do Sodré

Viagem inaugural do primeiro navio eléctrico da Transtejo / Soflusa atravessou águas calmas e elevou ambiente    

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Quase em silêncio, o primeiro navio eléctrico da Transtejo / Soflusa navegou ontem de manhã entre o Cais do Seixal e o Cais do Sodré, em Lisboa, numa viagem inaugural que durou cerca 20 minutos. A ausência do som das máquinas surpreendeu o primeiro-ministro, demissionário, António Costa, que, ao lado do ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, e do presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, entre outros governantes, navegou entre as duas margens.

“Este silêncio é formidável”, comentava António Costa para Duarte Cordeiro. Além de silencioso, o navio leader “Cegonha Branca” vem permitir transportar 540 passageiros, em vez dos 300 das actuais embarcações, e permite “mais conforto e segurança”, além de “reduzir os actuais custos de manutenção” e, com isto, “proporcionar vantagens financeiras, administrativas, operacionais e tecnológicas para a operação”, afirmava a presidente do conselho de administração da Transtejo / Soflusa.

“Hoje é o primeiro dia do resto da vida desta empresa” dizia Alexandra Ferreira de Carvalho a bordo do “Cegonha Branca”, navio que na próxima semana começa a realizar viagens experimentais já com passageiros a bordo, no trajecto entre o Seixal e o Cais do Sodré para “aferir o tempo de duração do trajecto e logística”.

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Quanto a viagens regulares, o “Cegonha Branca”, que funciona a baterias, e é o primeiro dos 10 navios construídos pela empresa espanhola Gondán Shipbuildings para a Transtejo / Soflusa, só as deverá começar em Março de 2024, em conjunto com mais duas embarcações a baterias. Durante o ano, outros navios desta tipologia deverão começar a travessia do Tejo nas linhas de Cacilhas, Trafaria e Montijo para o Cais do Sodré.

Segundo Álvaro Platero Diaz, CEO da empresa espanhola, já estão mais quatro navios construídos e em testes de água, e uma quinta embarcação quase concluída, entre outros para construção. “Há ainda dois navios que deverão ser entregues em 2025”, acrescentou António Costa.

Entretanto, quanto à actual frota de navios, vão continuar a fazer a travessia do rio, com a “necessária manutenção”, registou a presidente da Transtejo / Soflusa, que avançou que o actual quadro de trabalhadores, 461, será reforçado até 2026. “Queremos ultrapassar os 500”, disse. Na calha está já a contratação de “mais sete tripulações que incluem sete mestres, 14 marinheiro, sete maquinistas, seis trabalhadores operacionais e seis bilheteiros”, isto com a entrada da operação ‘eléctrica’.

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A bordo do “Cegonha Branca”, António Costa focou a sua intervenção na defesa do transporte público com menos emissões de gases de efeitos de estufa, e depois de dizer que Portugal além de depender cada vez menos dos combustíveis poluentes, consegue mesmo já exportar energia de fonte renovável. “Estamos na vanguarda das energias renováveis”, afirmou. E aqui aproveitou para lembrar que as baterias que ‘empurram’ os novos navios da Transtejo / Soflusa precisam de lítio.

“Este barco não andaria se não houvesse a mineração de lítio. Esta é uma oportunidade extraordinária para Portugal, que durante muitas décadas se queixou de não ter reservas naturais. Agora, temos uma das maiores reservas europeia de lítio e este é um grande recurso natural que vai valorizar a economia do País no futuro”, afirmou.

Com a entrada em funcionamento dos navios da classe do “Cegonha Branca”, a previsão é que o consumo anual de gasóleo na travessia do rio diminua em cerca de 5 mil litros, e com isto evita-se a emissão de cerca de 12 mil toneladas equivalente de CO2.

Para o ministro do Ambiente, com a inauguração deste novo navio, “cumpre-se um passo fundamental para a renovação da frota da Transtejo”, ficando aberto o caminho para vantagens operacionais e ganhos ambientais.

Às 10h50, o “Cegonha Branca” partiu do Cais do Seixal em direcção a Lisboa, comandado pelo mestre Pedro Manarte, o maquinista Elton Graça e aos marinheiros Nuno Pimenta e João Louro, nesta viagem inaugural.

Baterias ‘descarregaram’ anterior conselho de administração da Transtejo / Soflusa

O processo de renovação da frota da Transtejo / Soflusa começou com percalços relacionados com a compra de baterias para os novos navios. Em Abril deste ano, a presidente da administração da empresa que opera na Travessia do Tejo, Marina Ferreira, demitiu-se na sequência de um relatório do Tribunal de Contas (TdC) que que ordenou o envio de uma certidão do relatório ao Ministério Público, para avaliar a necessidade de instauração de procedimento tendente a apuramento de responsabilidades.

Para o TdC, o comportamento da Transtejo revelava “um conjunto sucessivo de decisões que são não apenas economicamente irracionais, mas também ilegais, algumas com um elevado grau de gravidade, atingem o interesse financeiro do Estado e tem um elevado impacto social”.

Na base do relatório do TdC estava a compra de nove baterias, pelo valor de 15,5 milhões de euros, num contrato adicional a um outro contrato já fiscalizado previamente por este Tribunal para a aquisição, por 52,4 milhões de euros, de dez (um deles já com bateria, para testes) novos navios com propulsão eléctrica a baterias, para assegurar o serviço público de transporte de passageiros entre as duas margens do Tejo.

Entretanto, no início de Novembro, o Governo deu novos números ao investimento para a renovação da frota da Transtejo / Soflusa, a qual vai ser fundida numa única entidade. O investimento foi aumentado em 10 milhões de euros para a compra das 10 novas embarcações, eléctricas, passando este valor para 80,6 milhões de euros.

Na viagem entre o Seixal e Lisboa, cada navio precisa de recarregar uma vez a cada ida e volta, no posto de carregamento ainda em montagem no Seixal, enquanto entre o Montijo e o Cais do Sodré tem de carregar a cada viagem, num tempo previsto de sete minutos.

  

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