Cláudia Estevão: “Não venho para prometer o impossível, mas servir com espírito crítico e visão inovadora”

Cláudia Estevão: “Não venho para prometer o impossível, mas servir com espírito crítico e visão inovadora”

Cláudia Estevão: “Não venho para prometer o impossível, mas servir com espírito crítico e visão inovadora”

Criação do programa “A presidente ouve” e de um orçamento participativo e a implementação de um Regulamento de Ética e Transparência Autárquica são algumas das medidas da cabeça-de-lista

Cláudia Estevão é a candidata do Chega à presidência da Câmara Municipal de Santiago do Cacém nas eleições autárquicas de 12 de outubro. Nesta, que é a segunda vez que o partido se candidata neste concelho, a escolha para cabeça-de-lista recaiu sobre a atualmente deputada à Assembleia da República.

- PUB -

A criação do programa “A presidente ouve” e de um orçamento participativo, a implementação de um Regulamento de Ética e Transparência Autárquica e a aposta na reabilitação urbanística e no turismo são algumas das medidas propostas pela candidata que foi eleita na Assembleia de Freguesia de Quinta do Anjo e na Assembleia Municipal de Palmela.

Acusa o atual executivo de gerir o concelho como um “património partidário” e defende que os dinheiros públicos deveriam ter sido investidos em educação e habitação, “em vez de obras de cosmética”.

Em entrevista a O SETUBALENSE refere que quer devolver o concelho aos munícipes e torná-lo “motor de desenvolvimento e um exemplo de boa governação”.

- PUB -

Por que razão se candidata à presidência da Câmara Municipal de Santiago do Cacém?

Aceitei este desafio com um profundo sentido de missão e compromisso com o bem comum. Não sou natural de Santiago do Cacém, mas conheço os problemas estruturais do nosso distrito e, mais do que isso, reconheço o potencial por explorar neste concelho. Fui desafiada pelo presidente da Distrital de Setúbal e pelo coordenador da Concelhia de Santiago do Cacém e, com o apoio da estrutura nacional do partido, aceitei esta missão com humildade, mas também com coragem.

Sou deputada à Assembleia da República, eleita pelo círculo eleitoral de Setúbal. Exerci funções autárquicas como vogal da Assembleia de Freguesia da Quinta do Anjo e da Assembleia Municipal de Palmela, eleita pelo Chega. Sou natural de Setúbal, freguesia de São Sebastião, e trabalho há mais de 30 anos na cidade. Resido desde sempre no concelho de Palmela, o que me proporciona uma ligação à realidade social, económica e territorial da região.

- PUB -

Ao longo da minha vida profissional, dediquei-me a cuidar das pessoas e a defender o interesse público com espírito de missão e proximidade. Essa mesma dedicação acompanha-me na política, onde tenho levado ao Parlamento a voz da nossa região e de tantos portugueses que se sentem esquecidos.

Todo este percurso no distrito deu-me conhecimento direto dos problemas e das soluções possíveis. Conheço o terreno, as dificuldades dos jovens, das famílias, dos empreendedores, dos idosos que vivem sozinhos. Recentemente falei com uma jovem mãe em Santo André que se vê obrigada a deixar o concelho por falta de creche pública. Isto é inadmissível e mostra bem como as prioridades estiveram trocadas durante décadas.

O concelho precisa de uma mudança estrutural, e essa mudança começa com escutar, planear, agir. Quero devolver Santiago do Cacém aos seus munícipes. Não venho para prometer o impossível, mas para servir com independência, espírito crítico e uma visão inovadora, apoiada numa equipa local e dedicada. O nosso lema de campanha resume esta ambição: O futuro pede coragem.

Se for eleita quais são as primeiras medidas que quer concretizar?

Propomos a realização de uma auditoria forense independente à gestão financeira e contratual da autarquia, para que cada munícipe saiba onde e como o seu dinheiro foi aplicado, fim das nomeações cruzadas e concursos à medida, que alimentam redes de interesses em vez de servirem as pessoas, levantamento das prioridades sociais urgentes: habitação, saúde, mobilidade. Num concelho com menos de 30 mil habitantes, é inaceitável que ainda faltem respostas básicas nestas áreas.

Também o início imediato do programa “A Presidente Ouve”, para garantir proximidade e uma escuta ativa de todos os munícipes, um programa de apoio à fixação de profissionais de saúde e professores, com incentivos reais para que se sintam motivados a permanecer no concelho, abertura de gabinete de apoio ao empreendedorismo local, porque apoiar quem cria emprego é apoiar o futuro do concelho, preparação da Rede Liga Santiago, um sistema gratuito de transportes inter freguesias para idosos, jovens e trabalhadores essenciais.

E, a elaboração de plano para execução faseada das propostas-chave do programa, garantindo que não ficam no papel, mas chegam à prática.

Que críticas aponta à atual gestão da autarquia?

A CDU governou Santiago do Cacém durante cinco décadas. Nenhuma força política deveria sentir-se dona de um concelho. O principal erro foi precisamente esse: gerir o concelho como um património partidário e não como uma missão pública.

Faltou visão para atrair investimento, para fixar população jovem, para apoiar a agricultura e o comércio local. Faltou vontade de romper com um modelo ultrapassado, burocrático e hostil que traiu a confiança dos munícipes.

Nos últimos dez anos, apenas uma pequena parte do orçamento foi canalizada para políticas de habitação, enquanto o custo do arrendamento subiu de forma insustentável, colocando jovens casais numa situação dramática. Isto não é estratégia. É estagnação.

Em paralelo, observamos agora o surgimento de movimentos ditos independentes, que na verdade integram várias figuras com ligações históricas aos partidos que governaram ou estiveram na oposição. É legítimo, mas é importante que os eleitores saibam com clareza quem está por trás de cada projeto político. No Chega, não escondemos quem somos, nem com quem caminhamos. Apresentamo-nos com verdade e com compromisso sério com os munícipes.

Na sua candidatura diz-se que “representa um compromisso claro com a mudança e com a rutura com décadas de governação comunista”. De que forma quer implementar essa mudança?

A mudança que propomos concretiza-se com proximidade, visão e coragem. O Chega defende uma governação em sintonia com quem vive o concelho, onde a transparência e a escuta ativa sejam pilares centrais. Por isso, propomos o programa “A Presidente Ouve”, um momento de contacto direto entre a presidente da câmara e os cidadãos. Não se trata de resolver burocracias, mas de escutar realidades, compreender as vivências e manter o executivo em sintonia com quem vive o concelho.

A nossa visão rompe com a lógica partidária que transformou a autarquia num centro de carreiras políticas. Queremos devolver o município aos munícipes, torná-la um motor de desenvolvimento e um exemplo de boa governação.

Vamos criar um orçamento participativo acessível e inovador, realizar reuniões de câmara em todas as freguesias, reforçar a fiscalização urbanística e publicar todas as despesas e decisões executivas no portal municipal. Vamos implementar um Regulamento de Ética e Transparência Autárquica, para prevenir abusos e conflitos de interesse.

Apostamos ainda na reabilitação de edifícios devolutos, na criação de habitação acessível junto a polos industriais, de serviços e escolares, na dinamização do comércio local e na valorização das IPSS, associações culturais, desportivas e de moradores como verdadeiros pilares da decisão cívica.

Vamos apostar no turismo de natureza, na economia verde e na digitalização dos serviços municipais. Queremos também incentivar jovens empreendedores a desenvolver os seus projetos aqui, em vez de partirem para outras cidades.

Refere que quer fazer o “combate ao desperdício dos dinheiros públicos”. Para onde é que essas verbas deviam ser dirigidas?

Para o que serve mais e melhor as necessidades dos munícipes. Enquanto a autarquia gastou centenas de milhares de euros em reabilitações paisagísticas, faltam creches, habitação e acessos decentes. O dinheiro público deve priorizar o investido em habitação acessível, transportes, mobilidade, apoio aos bombeiros, educação e saúde. Cada euro mal gasto é um euro retirado a quem mais precisa.

Por exemplo, em vez de obras de cosmética, deveríamos ter apostado em requalificação de escolas com eficiência energética, em apoios às IPSS que dão resposta às famílias e em transportes que liguem melhor as freguesias.

É destacada ainda a “defesa da saúde, da transparência na gestão pública e na luta contra os abusos do poder político”. Quais são as medidas que apresenta para responder a estes desafios?

Na saúde, propomos apoios concretos para atrair e fixar médicos e enfermeiros no concelho, através de habitação de serviço e transporte. Num território disperso e com população envelhecida, isto é essencial para garantir cuidados de proximidade. Na transparência, vamos criar uma plataforma pública onde todas as despesas e decisões executivas da câmara sejam acessíveis aos cidadãos, sem exceção.

No combate aos abusos de poder, vamos impor o fim das nomeações cruzadas, auditorias independentes e concursos transparentes. O poder político deve servir as pessoas, não os interesses instalados.

No contacto com a população, como é que as gentes santiaguenses reagem à sua candidatura?

As pessoas mostram esperança. Sentem que chegou o momento de mudança e identificam-se com a nossa forma de ouvir e de falar a verdade. Encontro jovens que querem ficar no concelho, mas não têm oportunidades, idosos cansados do isolamento, trabalhadores que sentem que o município os esqueceu e investidores que apontam dificuldades. Cada rosto, cada testemunho que recebo é um apelo à responsabilidade de fazer diferente. Há uma vontade clara de romper com a estagnação e isso dá-nos confiança para este caminho.

Não estamos aqui para dividir, mas para unir Santiago do Cacém num novo projeto comum de futuro, em que todos contam, todos têm voz e todos têm lugar.

Há algo mais que queira acrescentar?

Depois de cinco décadas de governação comunista, Santiago do Cacém precisa de coragem para mudar. O Chega apresenta-se como uma alternativa responsável, com propostas concretas e uma equipa de proximidade.

Não prometemos milagres, comprometemo-nos com escuta ativa, respeito, transparência, rigor e trabalho, trabalho e trabalho. Queremos também investir na juventude, com programas de formação tecnológica em parceria com escolas e empresas locais, criando condições para que os nossos jovens vejam futuro aqui e não sejam forçados a sair. Santiago do Cacém tem de ser um concelho onde um jovem casal possa arrendar casa a preços justos, onde os empreendedores tenham apoio e onde os idosos não se sintam esquecidos.

Conto com todos para construirmos um concelho onde valha a pena viver. Um concelho com futuro. Vamos fazer de Santiago do Cacém um lugar onde os filhos e netos queiram viver e ficar. Juntos, devolveremos Santiago do Cacém aos seus munícipes. Porque basta de estagnação. O futuro pede coragem. Dia 12 de outubro votem no único partido que representa mudança – Chega.

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -

Apoie O SETUBALENSE e o Jornalismo rumo a um futuro mais sustentado

Assine o jornal ou compre conteúdos avulsos. Oferecemos os seus primeiros 3 euros para gastar!

Quer receber aviso de novas notícias? Sim Não