Comissão refere que “25% dos utentes não têm médico de família”, o que causa “muitas dificuldades” no acesso ao Serviço Nacional de Saúde
A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do concelho de Odemira, em Beja, vai realizar, na quinta-feira, uma Tribuna Pública a alertar para a falta de médicos de família e consequências do encerramento de extensões de saúde naquele território.
Em comunicado, a comissão revelou que, no concelho de Odemira, onde residem cerca de 30 mil habitantes, “25% dos utentes não têm médico de família”, o que causa “muitas dificuldades” no acesso ao Serviço Nacional de Saúde.
“[Na] freguesia de São Teotónio, uma das mais populosas do litoral alentejano, com cerca de 9.000 habitantes, 35% dos utentes não têm médico de família”, denunciou.
Por outro lado, segundo a comissão, na freguesia de Luzianes-Gare, no interior do concelho de Odemira, o acesso aos cuidados médicos tornou-se “ainda mais difícil” desde o encerramento da extensão de saúde.
Uma situação que obriga os “400 utentes” inscritos naquela extensão de saúde a percorrerem “cerca de 30 quilómetros”, para terem acesso a “cuidados médicos”, adiantou.
Os representantes dos utentes precisaram ainda que, naquela região do litoral alentejano, “cerca de 20.000 utentes não têm médico de família” e “em toda a Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano há falta de cerca de 100 enfermeiros”.
Na mesma nota, a comissão de utentes explicou que, durante a acção de luta, agendada para as 17h00, junto ao Centro Social de Luzianes-Gare, vai também alertar para os tempos máximos de resposta garantidos nas consultas, cirurgias e exames no Hospital do Litoral Alentejano (HLA), em Santiago do Cacém.
“Na sua maioria, ultrapassam em muito o limite legal”, frisou a comissão, reafirmando que o tempo de espera para “a cirurgia de otorrinolaringologia é de cerca de 500 dias” e que no HLA “há apenas um médico cardiologista para mais de 100 mil utentes”.
A comissão lamentou ainda a falta de uma maternidade do HLA, o que obriga as parturientes dos cinco concelhos do litoral alentejano a recorrerem a outras unidades hospitalares em Beja ou Setúbal com todos os riscos associados.
“No HLA não existe maternidade, por isso, as parturientes têm que recorrer ao Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, ou ao Hospital São Bernardo, em Setúbal, mas, por vezes, este serviço também se encontra encerrado e, por vezes, os bebés nesta região nascem na berma da estrada”, argumentou.