Habitação, justiça social, gestão de recursos hídricos e o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina são algumas das preocupações do cabeça de lista
Fausto Fialho, 30 anos, é o candidato da coligação BE/Livre à presidência da Câmara Municipal de Odemira nas eleições de 12 de outubro. Apesar de concorrerem em coligação o partido Livre apresenta-se, pela primeira vez, a eleições neste concelho do Litoral Alentejano.
O investimento na habitação pública e cooperativa, o desenvolvimento e a justiça social, a elevação do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina a Parque Natural e a gestão dos recursos hídricos são preocupações para o cabeça de lista que, nas últimas eleições legislativas, concorreu como número um pelo círculo eleitoral de Beja do partido Livre.
Refere que o tráfico humano e as máfias de exploração de migrantes são um grande problema, que tem de ser mais investigado pela autarquia local. Quanto ao partido no poder considera que este tem de ser “mais ambicioso e audaz”.
Em entrevista a O SETUBALENSE o candidato critica a falta de fiscalização e regulamentação da agricultura intensiva, pede fiscalização da APA à abertura de novos poços e minas de água e refere que se candidatam para “construir uma sociedade de futuro”.
Por que razão se candidata à presidência da Câmara de Odemira?
Esta candidatura nasceu de um encontro entre o Livre e o Bloco de Esquerda, que ao analisarem a realidade do nosso município sentiram a necessidade de avançar em conjunto.
Candidato-me pelo amor profundo que tenho à minha terra. Nasci e cresci aqui, e mesmo tendo de ir estudar para fora sempre passei grande parte do tempo nesta que é a minha casa. Candidato-me com uma equipa competente em áreas da Educação, Ecologia, Saúde e Economia, composta por quem cá nasceu e por quem cá escolheu viver, unida pela vontade de criar um projeto de Futuro para Odemira.
Se for eleito quais são as primeiras medidas que quer concretizar?
As nossas primeiras medidas serão o investimento na habitação pública e cooperativa. Queremos começar, logo na primeira hora, a trabalhar no planeamento do uso da água a longo prazo. Vamos iniciar, de imediato, o desenho de uma rede de transportes públicos, independente do transporte escolar e a custos reduzidos.
Temos ainda como prioridade fomentar projetos de agricultura regenerativa e a reflorestação do território com árvores autóctones e resilientes ao aumento da temperatura e incêndios.
A vossa candidatura é uma “união de esquerda e forças progressistas”. De que forma pode esta força melhorar o território?
O nosso compromisso com o desenvolvimento e a justiça social é, sem dúvida, uma mais-valia para o concelho. Defendemos intransigentemente que todos devem ter acesso à habitação, à saúde e à educação sem olhar à condição económica, se o munícipe vive no interior do concelho, ou pela sua origem. Ninguém pode ficar esquecido nas políticas autárquicas, que se querem de proximidade.
Ao mesmo tempo, rejeitamos o discurso divisionista e de ódio que tanto querem instalar em Odemira. Queremos construir uma sociedade de futuro, com paz social e integração, sem racismo e xenofobia, sem LGBTQIA+fobia, e sem violência doméstica e de género. Queremos que todos tenham um lugar na sociedade, e que possam viver sem medo de ser quem são.
Por outro lado, somos a única força que promove a defesa do ambiente. Queremos elevar o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina a Parque Natural, para preservarmos e regeneramos os nossos ecossistemas.
Queremos preparar o nosso território para fazer frente às alterações climáticas, planeando a gestão da água face às secas, prevenindo incêndios e a desertificação e a destruição da costa.
Que falhas aponta à atual gestão autárquica?
Acreditamos que, embora o último executivo tenha feito um melhor trabalho que os últimos executivos do Partido Socialista, pode ser mais ambicioso e audaz. A política habitacional precisa de ser acelerada. Criticamos a falta de fiscalização e regulamentação da agricultura intensiva, deixando que o território e os nossos recursos naturais sejam depauperados.
Apontamos a falha no desenvolvimento de uma rede de transportes públicos que serviam a população. Também a transição energética no edificado público não está a ser feita.
No que diz respeito à escassez de água, que tem assolado o concelho cada vez mais, quais são as suas propostas para agir?
A água tem de ser um bem público. É urgente elaborar uma estratégia de consumo eficaz e por setor adaptada a vários cenários meteorológicos, priorizando o consumo da população e dos pequenos agricultores. É necessário separando a rede de consumo humano da rede de abastecimento agrícola, assegurando as condições materiais dos canais de distribuição para evitar perdas desnecessárias.
Queremos também que a APA [Agência Portuguesa do Ambiente] fiscalize a prospeção e abertura de novos poços e minas de água que têm sido feitas à revelia.
O território tem tido um aumento no número de imigrantes. Isto é para vós um problema?
O verdadeiro problema reside nas redes de tráfico humano e máfias que se instalaram no concelho para trazer e explorar mão-de-obra barata migrante. A autarquia tem de apelar e articular com as autoridades competentes para que se faça o combate efetivo a este problema.
Sendo um território com perda populacional, o reforço que a população migrante tem feito é benéfica. Muitos setores económicos não estariam operacionais, como a agricultura e o turismo, mas também a construção civil. No entanto, falta fazer uma real integração dos migrantes na nossa sociedade, com o ensino do Português Língua não Materna e com aulas de cidadania.
E a habitação? Quais são as medidas que pretendem realizar?
Como no resto do País, também Odemira enfrenta desafios na habitação. A autarquia deve requalificar e redirecionar o seu património para arrendamento verdadeiramente acessível e para casas de função, assim como retomar as cooperativas habitacionais no nosso concelho.
No combate à criminalidade, quais são as vossas propostas?
Como referido anteriormente, a verdadeira criminalidade no nosso território é provocada pelo tráfico humano e pelas máfias de exploração de migrantes. O reforço das investigações criminais, em articulação com a autarquia, são o caminho a seguir. Este, acreditamos, ser o passo essencial para restaurar a paz social e o sentimento de segurança.
Há algo mais que queira acrescentar?
Somos gente comprometida com uma visão de desenvolvimento social e proteção ambiental ímpar no panorama político local. Depositar a confiança na coligação “Unidos por Odemira” – Bloco de Esquerda/Livre é votar num projeto de Futuro para o concelho e para todos os odemirenses.
Como tal, contamos com o apoio de quem acredita nas nossas causas, rejeitando o ódio que tenta instalar-se em Odemira.