Nuno Canta defendeu adaptação da BA6 no Montijo para aeroporto complementar à Portela. Luís Franco criticou “happening” político do Governo e “acenou” com estudos já realizados que permitem a construção no Campo de Tiro, acusando ainda o ministro Pedro Marques de conduzir o processo de forma “desastrosa e opaca”
Nuno Canta e Luís Franco, que presidem respectivamente às câmaras de Montijo e Alcochete, debateram na SIC Notícias, esta quarta-feira à noite, a localização do novo aeroporto que permitirá alargar a capacidade da infra-estrutura aeroportuária da Portela. O autarca do Montijo defendeu a solução mais falada do momento, ou seja, a adaptação da Base Aérea n.º 6 (BA6) do Montijo a voos comerciais, ao contrário do edil de Alcochete que apontou todas as vantagens para o Campo de Tiro, a exemplo da posição que também já havia sido tornada pública pela Associação dos Municípios da Região de Setúbal.
Nuno Canta começou por avançar como ponto a favor da BA6 as décadas que a unidade militar já leva de operações de aeronaves, salientando que a referida localização permite “uma utilização aeroportuária civil”, segundo “estudos preliminares”. O presidente da Câmara do Montijo considerou, ao mesmo tempo, que a assinatura do memorando entre o Governo e a ANA, realizada esta quarta-feira no Aeroporto Humberto Delgado, foi “um dia histórico” para a cidade montijense. E adiantou que a opção na BA6 implica menor investimento, face à capacidade física já instalada, e menor impacto ambiental, porque não obriga a uma construção de raiz.
“Compreendo alguma euforia do meu querido colega do Montijo, considerando um dia histórico para a cidade do Montijo, mas hoje [quarta-feira], em rigor, nada se passou”, rebateu Luís Franco, reportando-se à assinatura do memorando entre a tutela e a ANA horas antes, que desvalorizou, tendo em conta que o documento não implica a localização na BA6 mas apenas a realização de… estudos.
“Em relação ao Campo de Tiro, há estudos credíveis já realizados, que possibilitam a construção financiada. Em relação à BA6, não temos nada, estamos perante nada. A opção Campo de Tiro está estudada, a BA6 não”, disse o presidente da Câmara de Alcochete, que classificou a opção BA6 como “um tiro no escuro”, considerando também que não houve fundamento para a assinatura do memorando.
Os estudos e o ministro
Nuno Canta retorquiu, afirmando que existem estudos para sustentar a solução na BA6. “Esta é uma decisão que está fundamentada em estudos, realizados pela Autoridade Nacional de Aviação Civil [entre outras entidades], que concluíram que o aeroporto no Montijo permite garantir o alargamento da capacidade aeroportuária [da Portela] para os próximos 50 anos”, atirou o autarca montijense, frisando ainda que o investimento na BA6 será um motor económico para a região e que permitirá também desenvolver as áreas da Quimiparque, Margueira e Siderurgia Nacional.
Luís Franco finalizou o debate, tecendo duras críticas ao ministro das Infra-estruturas, Pedro Marques, e reforçando que o memorando entre o Governo e a ANA não passou de “um happening [acontecimento] político”.
“Somente o município do Montijo foi consultado. Considero que o processo conduzido pelo ministro Pedro Marques foi desastroso e opaco. Até porque, o presidente da Câmara do Montijo faz referências a estudos que só o Governo e ele conhecem”, atirou o edil de Alcochete, realçando ainda que uma opção do Governo pela BA6 pode até ser inviabilizada, caso o estudo de impacte ambiental não obtenha uma decisão europeia favorável.