26 Junho 2024, Quarta-feira

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Quatro países no projecto para proteger ave que passa Inverno no Tejo

Quatro países no projecto para proteger ave que passa Inverno no Tejo

Quatro países no projecto para proteger ave que passa Inverno no Tejo

O projecto de conservação, “LIFE Godwit Flyway” tem um financiamento total superior a 15 milhões de euros e uma duração de sete anos

Quatro países vão unir-se num projecto para proteger o Maçarico-de-bico-direito, uma ave cuja sobrevivência está ligada à qualidade das zonas húmidas em Portugal, especialmente do estuário do Tejo.

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O projecto internacional de conservação, “LIFE Godwit Flyway”, vai ser apresentado amanhã, sexta-feira, quando se assinala o Dia Mundial das Zonas Húmidas, e junta Portugal, Alemanha, Países Baixos e Gâmbia. Tem um financiamento total superior a 15 milhões de euros e uma duração de sete anos.

As acções previstas nos vários países têm como objectivo proteger o Maçarico-de-bico-direito (‘Limosa limosa’), “uma ave aquática migratória emblemática e cuja sobrevivência está intrinsecamente ligada à qualidade das nossas zonas húmidas”, dizem os responsáveis pelo projecto do lado português em comunicado, acrescentando que as acções em Portugal vão decorrer no estuário do Tejo, “a maior e mais importante zona húmida do País para aves aquáticas”.

Assente no conhecimento de um consórcio de ecologistas e conservacionistas dos quatro países, as acções destinam-se a fortalecer e expandir as condições nas áreas de reprodução na Alemanha, restaurar habitats nas zonas húmidas da Gâmbia (para onde parte das populações migram no Inverno) e melhorar os habitats nas zonas de paragem migratória no estuário do Tejo.

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José Alves, investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), da Universidade de Aveiro, biólogo e especialista em aves, explicou à Lusa o lado português do projecto, que junta o CESAM e a Companhia das Lezírias (Ministério da Agricultura), financiado pela União Europeia.

Sendo a Companhia das Lezírias a dona de uma série de propriedades no estuário do Tejo, o projecto vai gerir algumas delas para criar um “habitat de excelência” para os Maçarico-de-bico-direito, uma ave com estatuto de quase ameaçada, devido ao declínio acentuado, e que permanece em Portugal entre Outubro e Março.

De acordo com José Alves a espécie teve uma redução de 40% nas últimas três décadas.

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A maior parte das áreas de reprodução são na Alemanha e nos Países Baixos. No final de época de reprodução parte das populações migram para a zona da Gâmbia, dirigindo-se depois ao estuário do Tejo. Outra parte vem directamente para Portugal, contou o especialista, explicando que entre Dezembro e Março chega a estar no estuário do Tejo 60% a 70% da população do norte da Europa (quando os dois grupos se juntam). No passado chegaram a ser 90 mil aves, hoje serão no máximo 50 mil.

Entre as acções de conservação a desenvolver está a gestão das zonas de arrozal, que as aves usam fora da época de produção de arroz, a recuperação de antigas salinas (salinas Saragoça), porque os tanques de produção de sal desactivados, desenhados para diferentes níveis de água, são um bom habitat e ainda intervenção nos sistemas hídricos das lagoas costeiras, “para manter um mosaico de habitats independente do regime das chuvas”, além de acções de divulgação e sensibilização nas escolas e nas autarquias.

José Alves insiste na importância do estuário do Tejo, fala de zonas húmidas em Espanha que já não existem devido ao aquecimento global o que leva as aves a serem empurradas para “o oásis” que é o estuário, que recebe 300 mil aves aquáticas.

E fala do projecto do aeroporto do Montijo, que esta semana sofreu mais um revés ao ver o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas chumbar a prorrogação da Declaração de Impacto Ambiental (DIA), apoiado em novos estudos, um deles em que José Alves esteve envolvido. “Colocar um aeroporto seria contraditório. É a mais importante zona húmida do País”. É um “hub” na rota migratória do Atlântico Leste.

O projecto é apresentado no EVOA – Espaço de Visitação e Observação de Aves, em Vila Franca de Xira.

O Dia Mundial das Zonas Húmidas está associado à Convenção de Ramsar, em vigor desde 1975 e à qual Portugal aderiu. Destina-se a impulsionar a cooperação para a promoção da sustentabilidade das zonas húmidas.

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