A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou durante uma visita ao Vale da Amoreira, na Moita, que a greve da função pública foi um alerta e que as pessoas têm que sentir na sua vida que o país está melhor, referindo que não podem ser apenas “números abstractos”.
“Encaro esta greve com naturalidade e como um alerta para um país que, estando melhor, tem que por o crescimento económico e a consolidação das contas públicas ao serviço das pessoas. Temos que sentir nas vidas concretas que o país está melhor e não serem apenas números abstractos”, disse, durante uma visita a associações de apoio a imigrantes, idosos e crianças no Vale da Amoreira, concelho da Moita.
Catarina Martins, que esteve acompanhada por Joaquim Raminhos, vereador do BE na Câmara da Moita e Joana Mortágua, deputada na Assembleia da República, referiu que existem indicadores do ponto de vista da economia e das contas públicas que fazem “o país perceber que estamos melhor”, mas lembrou que existem problemas por resolver.
“Existe um problema com o congelamento de carreiras e salários durante mais de 10 anos na administração pública que tem que ser resolvido. É também uma greve que defende os serviços públicos, porque se as escolas dizem que não existem meios suficientes, estão a defender as pessoas que precisam da escola. Se dizem que nos centros de saúde e hospitais faltam coisas para funcionar, estão a defender os utentes”, frisou.
A coordenador do Bloco de Esquerda afirmou ainda que as opções políticas são tomadas com o diálogo, lembrando que existe um compromisso de descongelar as carreiras da função pública.
“É um compromisso que existe e que tem que ir para a frente no próximo orçamento de estado. Também as 35 horas da função publica chegou a um número limitado, muitos passaram a trabalhar 40 horas e não receberam mais e isso também é para resolver. Temos também que ter capacidade de o estado social responder as populações”, defendeu.
Catarina Martins explicou que têm estado a conversar sobre alterações nos escalões do IRS.
“O governo já compreendeu que vai ter que ir mais longe e estar de acordo com os acordos que assinou e que prevêem o aumento dos escalões do IRS. Continuamos a conversar e as negociações fazem-se à mesa”, concluiu.
Catarina Martins disse ainda que alojamento local é um problema em alguns sítios, essencialmente no centro de Lisboa e no centro do Porto, pressionando muito os preços da habitação e expulsando as populações dos centros
“Existem zonas onde nenhuma pessoa que ganha o salário médio em Portugal consegue habitar”, alertou.
Referindo-se à proposta do Partido Socialista que prevê a obrigatoriedade de autorização dos condomínios para actividade de alojamento local, a dirigente bloquista adiantou que “o alojamento local não é um problema só de pequenas fracções que um condomínio pode travar ou não”.
“A grande pressão do alojamento local é uma pressão feita também por uma dimensão de negócio que não é controlável desta forma, já que os grandes proprietários dominam as assembleias de condomínio”, acrescentou.
Segundo Catarina Martins, “são precisas medidas efectivas, e que não sejam tão simbólicas”, como termos quotas, ou seja, “dizer que naquele bairro não pode haver mais do que um determinado número de fracções dedicadas ao alojamento local”.