Carlos Albino, reeleito nas eleições de 12 de outubro, considera que cada uma das entidades deve cumprir o seu trabalho
O presidente da Câmara Municipal da Moita apelou esta terça-feira às autoridades que façam cumprir a lei relativamente aos cartazes que o partido Chega colocou nas ruas do concelho, classificando-os como racistas e xenófobos.
Em causa estão dois cartazes da candidatura presidencial de André Ventura com as frases “Isto não é o Bangladesh” e “Os ciganos têm de cumprir a lei” colocados em duas zonas do município da Moita.
“A lei é igual para todos. André Ventura é um cidadão como outro qualquer e não é o facto de ser candidato a Presidente da República ou líder de um partido que lhe dá o direito de poder proferir comentários que, a meu ver e no meu entender, são comentários xenófobos e racistas”, disse Carlos Albino à agência Lusa.
O autarca socialista, reeleito nas eleições de 12 de outubro, considera que cada uma das entidades deve cumprir o seu trabalho.
“O Ministério Público e a GNR e a Polícia de Segurança Pública passam lá de carro, nas mesmas rotundas que eu passo, nas mesmas estradas que eu circulo, por isso terão a possibilidade de levantar um processo, sendo que o crime está previsto na lei”, disse.
Para Carlos Albino, o partido Chega não pretende resolver qualquer problema apenas fazer ruído e aparecer no espaço mediático com estes cartazes.
Quanto a André Ventura, o autarca advoga que quer ser um candidato presidencial de apenas alguns portugueses.
“Agora resta perceber quais os portugueses. É porque ele agora ataca, neste caso, uma determinada comunidade e depois ataca outras pessoas provenientes de outro país. Resta saber quem é que serão os próximos”, frisou.
O autarca considera que André Ventura presta “um péssimo serviço à democracia” e disse esperar que os autarcas do Chega votem a favor da criação da Polícia Municipal na Moita uma vez que afirma querer “que haja respeito e se cumpra a lei”.
“Quando a Câmara Municipal da Moita, em devido tempo, oferece viaturas às forças de segurança, se está a preparar para construir o quartel da GNR e quer avançar para a Polícia Municipal, André Ventura é, neste caso, pelos seus candidatos eleitos, contra a Polícia Municipal, algo que eu não percebo. Pode ser que alguém em devido tempo tenha a amabilidade de me explicar”, disse.
Carlos Albino lembrou que o candidato do Chega à Câmara Municipal da Moita, Alfredo Vieira, assumiu no seu programa eleitoral ser contra a Polícia Municipal, uma posição que reiterou não conseguir entender.
Entretanto, oito associações ciganas anunciaram que vão apresentar queixa no Ministério Público contra os cartazes do candidato André Ventura às eleições presidenciais, ponderando também avançar com uma providência cautelar para a retirada dos anúncios.
Em nome das oito associações, o vice-presidente da associação Letras Nómadas apontou que o constitucionalista Vitalino Canas já admitiu que pode haver indícios de crime.
Bruno Gonçalves explicou que o objetivo da providência cautelar é, não só obrigar à retirada dos cartazes afixados, mas também proibir que novos cartazes sejam colocados em espaço público.
Para Bruno Gonçalves, a escolha do local poderá ter a ver com os resultados eleitorais do partido Chega na Moita, uma vez que “a comunidade cigana não é assim tão grande”.
Nas últimas eleições autárquicas, a 12 de outubro, o PS manteve a presidência da Câmara da Moita, elegendo quatro mandatos, os mesmos conquistados em 2021, mas o Chega passou a ser a segunda força política no concelho, elegendo três vereadores, seguindo-se a CDU com dois mandatos.
Na Assembleia Municipal, o PS mantém a liderança, com 10 deputados municipais, seguido do Chega, com sete mandatos, da CDU com sete deputados municipais, do PSD com dois mandatos e do BE, que elegeu também dois deputados municipais.