Cerimónia ficou marcada pelo protesto do autarca de Alcacer do Sal e da CIMAL. Vítor Proença acabou por não comparecer por entender que município foi maltratado
Helga Nobre
“Já lançamos o concurso público portanto não se trata sequer da ideia de que agora não realizaremos a obra. Vamos avançar com a obra estrutural que impedirá que no futuro voltem a acontecer estas condições de segurança no IC1”, afirmou o governante referindo-se ao mau estado do troço que, em março de 2018, começa a ser intervencionado, num investimento estimado de cerca de 6,4 milhões de euros.
O projecto, previsto para os cerca de 16 quilómetros do itinerário complementar, foi apresentado pelos responsáveis da Infra-estruturas de Portugal a Pedro Marques, junto à Mata Nacional de Valeverde, em Alcácer do Sal, onde decorrem as obras urgentes de beneficiação do pavimento, cuja conclusão está prevista para Junho deste ano. “A questão mais preocupante e mais critica do ponto de vista da segurança de circulação são as elevações no pavimento que estão a ser retiradas neste momento. A intervenção estrutural que garantirá que isto não volta a acontecer está prevista para o início de 2018”, adiantou o ministro ao sublinhar que se tratava de “um compromisso assumido com as populações”.
Reconhecendo que a obra arranca com um atraso de quase uma década, Pedro Marques recordou que a obra não avançou em 2016 “por condições legais” e acusou o anterior governo de ter sido responsável por retirar a obra da concessão. “Se isto não tivesse acontecido provavelmente já estava realizada. Não consigo compreender algumas opções políticas que, neste caso, não puseram a segurança em primeiro lugar”, acrescentou Pedro Marques.
“Face ao acordo prévio alcançado com a concessionária quando chegamos ao Governo, em que esta obra deixava de ser feita pela concessionária, fomos obrigados a concluir a negociação e a obter a dispensa de visto do Tribunal de Contas para iniciar a obra de imediato”, explicou o governante que assumiu esta obra “como uma prioridade” do seu ministério e “um compromisso politico” do atual governo.
Autarca de Alcácer do Sal não acompanhou cerimónia
O Presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença recusou-se a assistir à cerimónia de apresentação do projecto, inicialmente, prevista para o posto de combustível da Galp, por alegadamente a autarquia ter sido “maltratada” pela Infra-estruturas de Portugal que não informou a Câmara Municipal da alteração do local. Perante esta decisão da autarquia, também a Comissão de Utentes do IC1 que se encontrava no local decidiu retirar-se em solidariedade para com Vítor Proença, um dos intervenientes na cerimónia também como presidente da CIMAL- Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral.
“A Comissão de Utentes faz o mesmo porque não se revê neste tipo de atitudes”, adiantou Manuel Rocha. Fonte do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas adiantou que o autarca foi contactado pelo Secretário de Estado para marcar presença no acto mas Vítor Proença manteve a posição de se ausentar.
Comissão de Utentes do IC1 “desconfia” do arranque das obras
A Comissão de Utentes do IC1 congratulou-se com o início das obras mais urgentes que vão retirar as elevações das bermas mas desconfia do anuncio da empreitada em 2018. “Estes remendos que estão a ser colocados no troço para dar alguma segurança a quem aqui circula não é aquilo que a comissão de utentes tem exigido ao longo dos últimos anos. Mantém-se a desconfiança e a história já nos ensinou que vários concursos foram publicados e depois esmiuçaram-se no tempo e nada foi feito”, adiantou o porta-voz da comissão de utentes para quem “tudo não passa de palavras e intenções”. Manuel Rocha lembrou que a luta da comissão não se esgota nas obras do itinerário complementar.”O troço até à Marateca, a EN5, ficou por fazer assim como um conjunto de infra-estruturas que estavam previstas para este IC1 que carecem de urgência na sua intervenção”.
Para o vereador da Câmara de Grândola, Fernando Sardinha tratou-se de “um momento importante” para os autarcas e populações. “É um dado positivo que as obras tenham início mas ficaremos mais satisfeitos quando a obra de fundo avançar”, sublinhou o autarca que aproveitou o momento para apelar ao alargamento da empreitada “não só até à rotunda de Grândola- Norte mas a sul deste troço, no nó de ligação para Santa Margarida da Serra e a ligação ao Lousal, que já apresentam deterioração”.
Empreitada estará concluída em 2019
Num investimento estimado em cerca de 6,4 milhões de euros, as grandes obras estão agendadas para março do próximo ano e terão a duração de cerca de 10 meses. A empreitada de requalificação incidirá em 15,7 quilómetros do IC1, entre Alcácer do Sal, no entroncamento com a EM120, e Grândola Norte, no entroncamento com o IC33 e vai atravessar cinco povoações destes dois concelhos.
Está prevista a reabilitação estrutural do pavimento; a renovação, readaptação e complemento da sinalização e dos equipamentos de segurança e a instalação de sistemas semafóricos; a requalificação dos Sistemas de Drenagem, que inclui a execução de Passagens Hidráulicas e a limpeza e reparação das valetas;intervenções de Integração Paisagística e obras complementares como a construção de canal técnico rodoviário, a colocação de telas anti-raízes e a instalação de sistemas de calmia de tráfego.
De acordo com a Infra-estruturas de Portugal, o “montante mais significativo do investimento, 4,2 milhões de euros, recai na pavimentação da via”.