Espectáculos musicais, teatro e classificação do património fonográfico são algumas das iniciativas que estão por vir
Em Grândola a comemoração do cinquentenário da Revolução começou a ser feita antes de se iniciar o ano de 2024. Quase como um marco do início das festividades, foi em Novembro de 2023 na Casa do Alentejo, em Lisboa, que a Câmara Municipal de Grândola apresentou, em conjunto com a Direcção Regional de Cultura do Alentejo, a música “Grândola Vila Morena” a Património Nacional.
José Afonso já não está entre nós para ver que, as letras que foram em tempos completamente proibidas de passar nas rádios portuguesas, estão agora a tornar-se um símbolo nacional. Este que é apenas o primeiro passo para que, o ‘grito’ que ditou o início da operação “Fim do Regime”, possa vir a ser considerado património da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
E assim começaram as comemorações dos 50 anos da Liberdade no concelho de Grândola, parte de um programa construído pelo município que tem actividades programadas desde Outubro do ano passado até Dezembro deste ano.
Iniciativas assentes em 19 importantes pilares
Dezenas de actividades foram pensadas para decorrer ao longo destes tempos e, por isso, a câmara municipal montou um programa alargado assente em 19 prioridades.
O primeiro destes é a imagem gráfica, que deu uma identidade visual ao périplo – a cargo do designer José Mendes. Fechar protocolos foi outra prioridade da autarquia onde se destaca a cooperação com a Direcção Regional de Cultura do Alentejo para a classificação como património fonográfico de dois produtos sonoros: o “Primeiro Encontro da Canção Portuguesa” – de 29 de Março de 1974 que se designa como um conjunto de bobinas BASF super LH LPR25 de ¼ – e o “Registo magnético gravado para transmissão no programa Limite da Rádio Renascença às 00h20 – com data de 24 de Abril de 1974, uma bobina com as mesmas características. Outro dos protocolos com a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, para tratamento arquivístico.
Em matéria de Arte Pública está previsto que se realize, além de um monumento alusivo à data com autoria de Vhils, um outro de homenagem à mulher grandolense, por Francisco Simões, a concepção de peças artísticas e colocação em cada uma das freguesias – em Melides por José Aurélio, no Carvalhal por João Duarte, e, em Azinheiro de Barros por Moisés Preto Paulo. Em colaboração com a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, está na calha um projecto participativo para uma obra de arte no Canal Caveira. Ainda neste âmbito, Fernanda Fragateiro cria uma peça artística com alusão aos 50 anos de Abril, com vista a ser serigrafada.
Nos espaços museológicos o Museu de Etnografia – Casa Frayões Metellos é inaugurado em Outubro, depois de já terem sido feitas as inaugurações do Museu Mineiro do Lousal (em Março) e do “Grândola, Vila Morena” (em Abril).
Na música existem muitas iniciativas que decorreram ao longo dos últimos meses, mas, mais recentemente, o Encontro da Canção de Protesto, que decorreu entre 21 e 23 de Junho, e que teve como tema “o contexto das ditaduras de Salazar e Marcello e após o 25 de Abril”.
Tanto o Teatro como a Dança e artes de palco têm passado pelas maiores salas de espectáculos do concelho. Das companhias de teatro mais amadoras, passando pelos estudantes de vários ciclos de ensino, são ainda esperadas várias apresentações nos próximos meses – que vão sendo anunciadas.
“Fantasmas do império”, de Ariel de Bigault, e, “Elas também estiveram lá”, de Joana Craveiro são dois dos filmes que integram a prioridade do Cinema Documental do município. Tem vindo a ser desenvolvido o documentário “Aqueles que ficaram/Em toda a parte todo o mundo tem” sobre os familiares dos presos políticos e opositores à ditadura, este é uma produção cinematográfica apoiada pela autarquia.
Mas não só dentro do concelho se fazem as comemorações. Vários alunos de escolas da Ilha de Santiago, em Cabo Verde, levaram a cabo – em conjunto com os estudantes grandolenses – um projecto onde o tema foi o cinquentenário da libertação dos presos políticos do Campo de Concentração do Tarrafal. Este celebrado num dos pilares do programa, a cooperação internacional.
Colóquios, debates e encontros com autores são outras das apostas que vem sendo feita e, depois da apresentação de dois livros nos últimos meses, para Outubro está planeado o lançamento de uma obra sobre os antigos paços do concelho – que vai também coincidir com a comemoração do dia do concelho.
O desporto é apenas a única área onde não estão anunciadas iniciativas, mas, tal como em outros domínios da acção municipal, a autarquia tem vindo a desenvolver actividades nestes âmbitos.