Filipe Costa, CEO da aicep Global Parques – Gestão de Áreas Empresariais e Serviços. A missão pública da aicep Global Parques não se esgota na gestão dos parques empresariais em Setúbal e Sines, afirma o presidente da Comissão Executiva da aicep Global Parques – Gestão de Áreas Empresariais e Serviços que faz um balanço muito positivo da actividade e negócio em 2019
Para 2020 a aicep Global Parques prevê dar continuidade à sua expansão. No caso de Sines pretende aumentar a ligação com os movimentos do Porto considerando o alargamento do Terminal XXI e a construção do novo Terminal Vasco da Gama. O mesmo deverá acontecer em Setúbal tendo em conta o alargamento do canal de navegação que vai dar maior fôlego ao porto. O Aeroporto no Montijo e o crescimento da ferrovia são investimentos que a administração do parque afirma que vão dar novo impulso à região e, por tendência, atrair mais empresas e crescimento de outras.
Como classifica a performance da aicep Global Parques durante o ano passado?
O balanço de 2019 é muito positivo, com um significativo aumento da taxa de ocupação dos nossos parques empresariais, BlueBiz – Parque Empresarial da Península de Setúbal e ZILS – Zona Industrial e Logística de Sines, quer pela expansão de clientes já instalados, quer pela entrada de novos. Actualmente, temos na calha vários investimentos muito relevantes nos sectores da energia e da indústria, a implementar nos próximos quatro anos. Estas perspectivas de negócio vão animar o crescimento da empresa e, mais importante, o seu impacte positivo na economia portuguesa e no apreciar do emprego dos portugueses.
Qual a abrangência de negócio da aicep Global Parques?
A missão pública da aicep Global Parques não se esgota na gestão dos parques empresariais em Setúbal e Sines. Estamos, cada vez mais, empenhados na atracção de investimento produtivo nacional e estrangeiro para todo o território nacional, através da nossa plataforma digital Portugal Site Selection. Trata-se de uma base de dados SIG (Sistema de Informação Geográfica) que perante a introdução dos requisitos e das necessidades de um projecto industrial ou logístico, identifica as melhores localizações empresariais disponíveis em Portugal para a sua instalação. Em 2019 a plataforma expandiu a sua cobertura dos sectores da Indústria e Logística para abarcar também o dos Serviços, ao passar a incluir não só informação sobre terrenos de uso industrial, Parques Industriais e Áreas Logísticas, mas também Parques de Ciência & Tecnologia, incubadoras e aceleradoras de empresas e edifícios de escritórios, entre outras áreas.
Pode-se dizer que comparativamente com 2018 foi um ano de crescimento?
Em 2019 o volume de negócios da empresa cresceu 7,5%. Temos logrado um bom retorno do investimento contínuo na competitividade da oferta dos nossos parques empresariais em Setúbal e Sines, onde apostamos na melhoria das infra-estruturas, das instalações que arrendamos e dos serviços que prestamos. A flexibilidade com que a adaptamos a nossa proposta comercial a cada intenção de instalação de uma nova unidade produtiva tem sido um factor de sucesso no ganhar de mais negócio. Cremos que os actuais clientes estão satisfeitos com o nosso compromisso com o desenvolvimento da sua actividade. Um bom exemplo é a recente expansão da Mecachrome no BlueBiz em Setúbal: uma empresa de metalomecânica de precisão para aeronáutica que encontrou no nosso parque todas as condições para crescer, com parcerias estabelecidas com o Instituto de Emprego e Formação Profissional e o Instituto Politécnico de Setúbal. Na ZILS em Sines, ao longo de 2019, verificaram-se diversos projectos de expansão e acolhemos novos clientes de sectores diferenciados do nosso core de indústrias da refinação e da petroquímica, como por exemplo da Logística e do sector das Tecnologias de Informação & Telecomunicações, nomeadamente a estação de amarração do Cabo Submarino Europa Brasil, o primeiro cabo de fibra óptica submarino que liga directamente a América do Sul e a Europa.
Que perspectivas e projectos tem a empresa para estes dois parques em 2020?
As nossas novas ofertas de 2020 na ZILS são a ZAL – Zona de Actividades Logísticas de Sines, em estreita colaboração com o Porto de Sines e no âmbito da expansão de capacidade de movimentação de contentores de carga que advirá da ampliação do Terminal XXI e da construção do novo Terminal Vasco da Gama. O outro produto é a Sines Tech – Innovation & Data Center Hub, em coordenação com a Câmara Municipal de Sines. A ZILS combina disponibilidade de terrenos de grandes dimensões e redes de alta tensão de energia, incluindo energia verde, com ligações de telecomunicações redundantes para Lisboa e Madrid, bem como a nova infra-estrutura de amarração segura e robusta de cabos submarinos, que a tornam muito competitiva nomeadamente para a instalação de data centers. Todo o investimento portuário, logístico, industrial e de serviços projectado para Sines até finais de 2023 exigirá investimento nas infra-estruturas de contexto. Haverá maior consumo de utilidades e mais movimento de mercadorias por ferrovia, mas também mais viaturas pesadas nas estradas, inclusive transportando matérias perigosas que são essenciais à indústria nacional. É nosso desafio, e dos nossos parceiros locais, nomeadamente o município de Sines e a Administração Portuária, pugnar pelo desenvolvimento das infra-estruturas necessárias. No BlueBiz em Setúbal apostamos no alargamento dos serviços prestados às empresas instaladas e em investimentos na eficiência dos consumos energéticos e em requalificações diversas que nos permitam acolher novos clientes dos clusters da metalurgia de precisão, da química e da agroindústria. Queremos continuar a desenvolver estes clusters promovendo sinergias entre as empresas. A nossa grande aposta para o BlueBiz em 2020 é a disponibilização de espaços de escritórios de todas as dimensões para empresas de serviços. Dispomos de uma oferta de grande qualidade e muito competitiva no contexto da Área Metropolitana de Lisboa, que queremos activar para termos clientes mais intensivos na criação de emprego local.
Qual é a situação actual de actividade e ocupação dos parques em Setúbal e em Sines?
A Zona Industrial e Logística de Sines dispõe actualmente de 2 375 ha de áreas vocacionadas para actividades industriais, logísticas e de serviços, com a possibilidade de expansão até uma área total de 4 157 ha. A oferta da ZILS tem três formatos: os lotes standard, com todas as infra.-estruturas “à porta” do lote, modelo que apresenta muitas vantagens quando o factor “tempo” é crítico; a possibilidade de agregar esses lotes standard, ou realizar um upgrade de infra-estruturas; e por último a faculdade de fazer lotes à medida dos requisitos do projecto a que se destina. A ZILS conta já com algumas das maiores empresas exportadoras nacionais, como Galp, Repsol Polímeros, Indorama, Air Liquide e Sonae Indústria. Com expansões destas empresas e com a entrada de novos investimentos no último ano, como foi o caso das logísticas Medway e Repnunmar, a oferta disponível de lotes standard reduziu-se bastante, sendo imperativa a construção de novos lotes. Actualmente temos uma taxa de ocupação e compromisso que ronda os 70%. O BlueBiz – Parque Empresarial da Península de Setúbal tem capacidade para receber qualquer tipo de indústria ligeira e tem vindo a afirmar-se como um parque atractivo para diversos sectores de actividade, com destaque para a metalurgia de precisão de componentes aeronáuticos, contando com a Lauak e a Mecachrome. Em relação à oferta de naves para a indústria estamos já com uma ocupação de 45%, em crescendo. Nos edifícios de escritórios, entre estes e outros clientes, temos uma taxa de ocupação é de 40%, que queremos que cresça significativamente em 2020. Gerir o BlueBiz é um desafio complexo e estimulante, uma vez que se trata de reabilitar os edifícios industriais e de escritórios de uma antiga fábrica de automóveis da Renault.
A logística automóvel é igualmente uma aposta de sucesso. Conjugadamente com a capacidade “RO-RO” (Roll on/Roll off), de embarque e desembarque de veículos, do Porto de Setúbal, o BlueBiz possui uma grande capacidade para acolher o parqueamento de automóveis de importação e para exportação. A totalidade dos parques descobertos do BlueBiz está ocupada pela Gefco, CAT e RIA Ibérica, empresas líderes no sector.
Os investimentos como o novo aeroporto no Montijo, o aprofundamento do Porto de Setúbal, a expansão dos terminais de contentores do Porto de Sines e a ferrovia, são importantes para a actividade da aicep Global Parques?
São muito importantes, pois multiplicarão a logística disponível para os nossos actuais e futuros clientes empresariais, atraindo investimentos produtivos por trazerem maior celeridade e melhor preço nas ligações do Distrito de Setúbal ao resto do país, à Europa e ao Mundo. Acompanhando a expansão do Terminal XXI e a construção do planeado Terminal Vasco da Gama, a aicep Global Parques está a promover o desenvolvimento de uma Zona de Actividades Logísticas (ZAL) com 268 ha, numa localização estratégica para operações logísticas e serviços de valor acrescentado que permita garantir a continuidade da cadeia logística de e para o interior do Porto de Sines, maximizando o impacte positivo dos novos investimentos portuários. A ZAL é por nós promovida em parceria com a APS – Administração do Porto de Sines e a CPSI – Comunidade Portuária de Sines, a nível nacional e internacional, com o objetivo de desenvolver uma verdadeira infra-estrutura intermodal e de valor acrescentado para a região e o país. No caso do BlueBiz, a sua proximidade ao Porto de Setúbal constitui uma grande vantagem competitiva, já evidenciada sobretudo na logística automóvel. Os parques descobertos do BlueBiz, com 140 mil m2, são a solução ideal para parqueamento de segunda linha, de maior duração e com valor acrescentado de preparação automóvel. Um aeroporto no Montijo dará maior centralidade ao BlueBiz na atracção de investimentos da área dos serviços.
Que mensagem deixa às empresas que se queiram instalar nos parques da aicep Global Parques?
Que nos venham visitar, que partilhem connosco as suas necessidades para que possamos encontrar as melhores soluções para a instalação dos seus projectos industriais e logísticos. Inclusive no office space, o BlueBiz e a ZILS disponibilizam edifícios, em condições muito competitivas, para Centros de Serviços. A aicep Global Parques é uma empresa do sector empresarial do Estado que tudo fará, dentro das suas possibilidades, para o desenvolvimento económico, a criação de valor sustentável e emprego qualificado nas regiões onde opera.
Experiência nos negócios e na governação
Na Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), do Ministério do Negócios Estrangeiros (MNE), é actualmente e desde 2018 o presidente da Comissão Executiva da aicep Global Parques – Gestão de Áreas Empresariais e Serviços, S.A. que gere o parque industriais e logísticos contíguos aos portos de Setúbal e Sines, bem como a ferramenta oficial de promoção de localizações para investimento nacional e estrangeiro: Portugal Site Selection.
Ainda no contexto AICEP/MNE foi Cônsul Económico e Comercial de Portugal em São Francisco, entre 2015 e 2018, e em Xangai, entre 2011 e 2015. Em Lisboa, foi técnico da Direcção de Relações Institucionais e Mercados Externos em 2011, técnico dos Projectos PIN – Potencial Interesse Nacional e Custos de Contexto em 2009, gestor de clientes na Divisão PME em 2008 e director do Gabinete de Imprensa em 2000.
É doutorando em “Estudos de Segurança e Estratégia”, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É mestre em “Desenvolvimento e Cooperação Internacional”, pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, em 2008.
Foi Encarregado da Estrutura de Missão para a Gestão dos Fundos Comunitários no Ministério da Administração Interna entre 2009 e 2011, gerindo o Eixo Prevenção, Gestão e Monotorização de Riscos do Programa Operacional Temático Valorização do Território (POVT/QREN 2007-2013) e o Programa-Quadro Solidariedade e Gestão de Fluxos Migratórios (SOLID 2007-2013) da União Europeia em Portugal: Fundo Europeu para as Fronteiras Externas; Fundo Europeu de Regresso; Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros e Fundo Europeu para os Refugiados.
Foi chefe do gabinete do Ministro da Justiça entre 2005 e 2008, chefe do gabinete do Secretário de Estado da Cultura em 2001 e 2002 e assessor do Ministro de Estado e do Equipamento Social em 1999 e 2000.
Foi coordenador das organizações não-europeias nas relações externas da ANACOM entre 2000 e 2005, sendo plenipotenciário à União Internacional de Telecomunicações (UIT, ONU em Genebra) e representante do accionista Estado Português à Inmarsat (Londres), à Eutelsat (Paris) e à Intelsat-ITSO (Washington, D. C.).
Foi jornalista das redacções Internacional e Economia da Agência Lusa entre 1996 e 1998.