Criação de Isabel Mões baseou-se em documentos da sociedade, do Arquivo da Torre do Tombo, da Câmara, do Cineclube e do Barreirense
“Arquivo Colectivo da Terra Vermelha” intitula a peça de teatro que vai ser estreada no próximo dia 30, na Sociedade de Instrução e Recreio ‘Os Penicheiros’, no Barreiro.
Criado por Isabel Mões, o espectáculo realça aquele que foi “o papel das colectividades de cultura e recreio no tempo da ditadura” e estará ainda em cartaz n’ Os Penicheiros nos dias 31 de Maio e 1, 6, 7 e 8 de Junho próximo.
A construção desta peça teatral destaca-se por ter como base “a memória documental presente no arquivo da Sociedade de Instrução e Recreio Barreirense ‘Os Penicheiros’, colectividade que tem mais de 150 anos”, revela Levina Valentim, responsável pela assessoria de Imprensa do espectáculo. Este não é, porém, o único suporte documental que contribuiu para esta produção. A criação da peça baseou-se ainda em “alguns documentos do Arquivo da Torre do Tombo, da Câmara Municipal do Barreiro (arquivo de pedidos confidenciais), do Cineclube do Barreiro, do arquivo do Futebol Clube Barreirense e, também, na recolha oral de histórias diversas”.
Com interpretação de Carla Carreiro Mendes e João Ferrador, com Céu Jesus, Elsa Coelho, Luís Miguel Nunes, Miguel Nunes e Patrícia Mealha, a criação cénica desenrola-se “em torno da personagem Arnaldo” e debruça-se sobre “acontecimentos importantes da colectividade e da cidade do Barreiro – denominada na peça de ‘Terra Vermelha’ –, como a resistência ao fascismo, as greves e o movimento operário”.
A acção acompanha a vida de Arnaldo desde jovem, em 1965, quando “veio do Alentejo para fazer provas de futebol no grande clube da altura, o Barreirense”. Arnaldo “acaba a trabalhar na colectividade ‘Os Penicheiros’, na secretaria, onde ficará como responsável pelas actas e gestão de sócios”. “É ali que adquire o gosto pela leitura e toma contacto com os sócios, sobretudo, ferroviários e corticeiros. Fica então a conhecer as histórias de quem quer emigrar, de quem desenvolve em surdina encontros políticos ou culturais, de quem é procurado pela polícia”.
Todavia, há um um livro que “perpassa toda a história”, o livro “’pássaro’, A Mãe, de Gorki, escondido em casa do pai e que acompanha, mais tarde, Arnaldo na tomada de consciência política que desenvolve na Terra Vermelha”, lê-se na sinopse.
Com a duração de 90 minutos, “Arquivo Colectivo da Terra Vermelha” estará em cena n’ Os Penicheiros às sextas-feiras e sábados de 30 de Maio a 8 de Junho, sempre a partir das 21h30. Aos domingos, as sessões iniciam-se pelas 16 horas. A sessão de 1 de Junho terá interpretação em Língua Gestual Portuguesa.
Os bilhetes têm o preço de 8 euros e podem ser adquiridos na BOL ou no local.