27 Junho 2024, Quinta-feira

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Direção-Geral do Património avança com classificação de imóveis da antiga CUF

Direção-Geral do Património avança com classificação de imóveis da antiga CUF

Direção-Geral do Património avança com classificação de imóveis da antiga CUF

Vários edifícios ligados à actividade industrial e à obra social vão ser classificados. Grupo de cidadãos ainda não estão satisfeitos, porque posto médico fica de fora. Empresa e Câmara dizem que requalificação da Rua da União não está em causa

A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) vai avançar com a abertura
do procedimento de classificação de um conjunto de imóveis ligados à
actividade industrial e à obra social da antiga CUF, anunciaram, esta terça-feira, a Baía do
Tejo e a Câmara do Barreiro.

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Os responsáveis da Baía do Tejo, proprietária dos territórios da antiga
CUF, e da autarquia do Barreiro, referiram que a DGPC vai avançar com o
processo e que em breve será publicado em Diário da República.

“Existe uma preocupação da Baía do Tejo com a defesa do património.
Queremos atrair investimento para o parque empresarial, mas respeitando a
história e o património. Esta decisão da DGPC em iniciar o processo de
classificação vem a favor da preservação”, disse Jacinto Pereira,
presidente da Baía do Tejo.

O presidente da Câmara do Barreiro, Carlos Humberto (PCP), referiu que no
início do Plano de Urbanização do território da Quimiparque e zonas
envolventes já tinha sido identificado património para se pedir
classificação.

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“Do que propúnhamos no plano, existe um elemento, que são as chaminés, que
não está considerado, mas que vamos tentar incluir no prazo de consulta
pública. A abertura desta classificação é muito positiva”, disse o autarca,
lembrando o património também existente ao nível da moagem e do setor
ferroviário.

O processo de classificação do património foi despoletado por um grupo de
cidadãos, intitulado “Em defesa do Posto Médico da CUF”, que avançou com o
pedido de classificação de vários espaços históricos da antiga CUF para a
DGPC, de modo a impedir também a demolição do edifício do antigo posto
médico.

A Baía do Tejo está a avançar com a requalificação da rua da União, no
concelho do Barreiro, local onde se situa o edifício do Posto Médico da
CUF, sendo esta a rua que faz a ligação entre a saída do parque empresarial
da Baía do Tejo e o centro do Barreiro.

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*Grupo de Cidadãos defende importância do antigo Posto Médico da CUF *

Além da obra de requalificação da rua, que vai originar a demolição de
alguns edifícios, como o antigo posto médico, esta intervenção tem o
objetivo de intervir na requalificação de toda a zona envolvente, com a
criação de passeios e espaços verdes.

“Avançamos com uma proposta na DGPC para a classificação de um conjunto de
imóveis. É um edifício que tem muito valor arquitetónico, quem passa por
fora nem se apercebe de todo o seu valor, e também é importante ao nível da
obra social de Alfredo da Silva”, disse ao DIÁRIO DA REGIÃO Regina Dinis,
membro do grupo.

Os elementos do grupo, que já efetuaram uma petição pública, realizaram
diversas reuniões com responsáveis e foram ouvidos na Assembleia da
República, já receberam a resposta da DGPC que vai avançar com a
classificação de edifícios, mas deixa de fora o antigo posto de médico.

No documento, a que o DIÁRIO DA REGIÃO teve acesso, é explicado que o
antigo posto médico da CUF não está incluído por “o atual estado de
degradação não o justificar”, mas os elementos do grupo garantem que não
vão desistir e vão levar também o caso ao ministro da Cultura.

“O antigo posto médico está recuperável e até podia haver fundos
comentários para uma intervenção. Vamos avançar com uma reclamação dentro
do prazo legal. No fundo, estamos todos a pagar demolição de um edifício
histórico que é propriedade de uma empresa pública”, afirmou António
Ferreira, também membro do grupo, salientando que existiram “muitas
contradições” ao longo do processo.

“Aconteça o que acontecer nós já ganhámos com este processo. Não havia
nada, o património estava a ser destruído aos poucos e, por nossa
iniciativa, agora já têm que pensar duas vezes”, acrescentou Ana Pinto.

*Manutenção do posto médico não é compatível com visão global do projeto*

A DGPC pretende classificar a Casa Museu Alfredo da Silva mais o antigo
Posto da GNR, o Museu Industrial e Centro de Documentação, o Bairro
Operário de Santa Bárbara, o Mausoléu de Alfredo da Silva, edifícios da
primeira geração Stinville, edifícios da antiga central a vapor, o Armazém
de Descarga e Moagem de Pirite, o Silo de Sulfato de Amónio e o Silo de
Enxofre.

“O antigo posto médico não está no processo de classificação e a sua
demolição vai avançar com previsto. Esta classificação ia avançar mais dia
menos dia, foi acelerada por esta intervenção, mas é positiva e vai no
sentido que temos defendido”, disse Jacinto Pereira, referindo que acredita
que quando as pessoas perceberem a intervenção no seu todo, o projeto será
“consensual”.

O autarca Carlos Humberto explicou que não se avançou com a classificação
do património até que estivesse definido o plano para a zona e por questões
formais, mas referiu que a DGPC pretende classificar o que a autarquia já
defendia e acrescentou alguns elementos.

“Este plano é muito mais que o posto médico e não se trata apenas de
construir uma rua. É deitar abaixo os muros que separam a fábrica da
cidade, é uma visão estratégica de abrir o território e alargar o centro do
Barreiro e ter o bairro operário como um monumento, numa zona verde, sem
nada em seu redor”, disse, explicando que na fase de consulta pública a
autarquia está a ponderar acrescentar outros elementos.

Sérgio Saraiva, administrador da Baía do Tejo, considerou que o projeto e a
visão global para toda a zona não é compatível com a manutenção do antigo
posto médico e restantes edifícios no local.

“Esta classificação aconteceu mais cedo, mas não muda o projeto da Rua da
União e não causa constrangimentos, vai trazer é mais responsabilidade. Por
exemplo, na requalificação da Casa Museu, que pretendemos avançar, vamos
ter que pedir um parecer, mas isso faz parte do processo normal”, explicou.


António João Oliveira

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