Obra da autoria de Luciano Amaral apresenta levantamento sobre o impacto do grupo na economia portuguesa antes do 25 de Abril
A dimensão atingida e o inerente peso que o Grupo CUF – “umbilicalmente” ligado ao Barreiro – teve no desenvolvimento do nosso país antes do 25 de Abril estão reflectidos com rigor no livro da autoria de Luciano Amaral, professor da Nova School of Business and Economics.
“O Impacto do Grupo CUF na economia portuguesa em 1973” intitula a obra que a Fundação Amélia de Mello (FAM) lançou na última semana em formato digital (“e-book”).
O trabalho literário – cuja edição em papel, com a chancela da editora Principia, se encontra esgotada – apresenta o levantamento da história do grupo, visto como o maior da Península Ibérica e um dos maiores da Europa nas décadas de 1960 e 1970.
“Este livro mostra que, em 1973, nas vésperas do 25 de Abril de 1974 e pouco antes de ser quase integralmente nacionalizado, o Grupo CUF reunia cerca de 200 empresas e representava à volta de 12% do capital social de todas as empresas do País, aproximadamente 7% do volume de negócios, 5,5% do PIB e 1,7% do emprego. Um legado notável iniciado por Alfredo da Silva, na época, um visionário”, sublinha sobre a obra Vasco de Mello, presidente da FAM, citado em comunicado.
O crescimento do grupo, segundo revela Luciano Amaral na obra, acentuou-se, sobretudo, a partir de 1960. Foi a partir de uma pequena fábrica química de Lisboa, fundada em 1895, e sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial que o grupo se consolidou e expandiu.
O crescimento do grupo alargou-se do “núcleo químico original para a navegação, a banca e os seguros”. Em 1973 o grupo tinha participação “em 46 actividades, da agricultura aos serviços mais modernos, passando por grande número de ramos industriais”.
Segundo Luciano Amaral, o livro “dá um contributo decisivo para deslindar uma questão sempre mal esclarecida na historiografia portuguesa, que é a da dimensão dos grupos económicos antes da sua nacionalização a seguir ao 25 de Abril de 1974”. “Será muito difícil ser mais preciso do que ele é sobre a dimensão do Grupo CUF entre a década de 1950 e 1973, e avança-se bastante sobre a dimensão dos sete principais grupos económicos neste último ano”, assume o autor.
A FAM lembra que o Grupo CUF “foi responsável pela criação da cidade industrial do Barreiro, explorou os estaleiros da Rocha do Conde de Óbidos, foi proprietário de algumas das maiores companhias de navegação, foi proprietário dos estaleiros da Lisnave e da Setenave, esteve na origem da criação do Complexo Industrial de Sines, era proprietário de uma das maiores fábricas de celulose do País, a CELBI, do Banco Totta & Açores e da Companhia de Seguros Império”. Além de ter estado “na origem dos primeiros passos do turismo de massas no Algarve, com hotéis no Alvor e na Penina”, de ter lançado “produtos de consumo modernos, como os sumos de fruta Compal e os óleos Fula” e de ter sido “dono da companhia de fabrico de cigarros ‘A Tabaqueira’ e dos supermercados Pão de Açúcar”.