Teatro de Almada: “Além da dor” revela a invisibilidade de trabalhadores precários

Teatro de Almada: “Além da dor” revela a invisibilidade de trabalhadores precários

Teatro de Almada: “Além da dor” revela a invisibilidade de trabalhadores precários

Companhia de Teatro de Almada

Em palco vai estar o sistema capitalista e o modo como este se baseia na insegurança das pessoas e se aproveita delas

 

Quatro trabalhadores precários que fazem as limpezas no turno da noite numa fábrica de transformação de carnes compõem o cenário da peça “Além da dor”, que se estreia amanhã, sexta-feira, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada.

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Precários em todas as acepções da palavra, a peça gira em torno de quatro trabalhadores contratados por uma empresa de trabalho temporário que estão subordinados às ordens de um encarregado que, por sua vez, é funcionário da empresa onde prestam serviço.

Sem poderem tirar um dia de folga para ficar com uma filha doente, nem poderem dar-se ao luxo de perderem moedas na máquina de café na empresa onde prestam serviço, o que é posto em palco é o sistema capitalista e o modo como este se baseia na insegurança das pessoas e se aproveita delas, como escreveu o autor britânico Alexander Zeldin quando, em 2014, escreveu e encenou a peça.

Por trás dos quatro rostos dos trabalhadores, que vendem a sua força de trabalho sem poderem recusar o horário nocturno que mais ninguém quer, estão três mulheres; uma com uma filha, outra com problemas de saúde que lhe dificulta e chega mesmo a tolher os movimentos, outra que se percebe que não tem casa para viver e um homem de quem pouco de sabe.

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No rectângulo onde o cenário se fixa – que é parte da fábrica e também a sala onde aqueles trabalhadores se juntam para uma pausa de quatro em quatro horas – apenas uma mesa com cadeiras, uma cadeira, uma máquina de café, um cabide e uma prateleira com baldes, esfregonas e luvas.

Quando se apresentam e se encontram pela primeira vez umas com as outras e com o encarregado da fábrica, a primeira coisa que têm que fazer é entregar-lhe o passaporte.

Na pausa, aqueles quatro estranhos juntam-se e bebem chá, café, lêem revistas ou conversam. Quando começa a amanhecer saem para casa ou para outro emprego, também precário.

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“Além da dor” – “Beyond Caring”, no original – é a primeira de três peças escritas e postas em palco por Alexander Zeldin que constituem a trilogia “The Inequalities” (“As desigualdades”, numa tradução livre). Seguiram-se “Love” (“Amor”), em 2016, que em outubro último esteve em cena na Culturgest, e “Faith, hope and charity” (“Fé, esperança e caridade”), em 2019.

A peça está em cena na sala Experimental até 03 de abril de 2022, com sessões de quinta-feira a sábado, às 21:00, e à quarta-feira e domingo, às 16h00.

CP

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