Vereadores da CDU vão gerir dois pelouros a tempo inteiro e um outro a meio tempo no mandato 2025/ 2029
O PS, que governa a Câmara de Almada pela mão de Inês de Medeiros, e a CDU finalizaram um acordo, ontem, para a governação da câmara durante o mandato 2025/ 2029. Ao que O SETUBALENSE sabe, trata-se ainda de um pré-acordo, uma vez que este ainda não foi formalmente assinado por ambas as partes.
O que para já está definido é que os três eleitos comunistas vão receber dois pelouros a tempo inteiro, mais um outro a meio tempo. Portanto, a CDU assumirá a condução executiva dos pelouros Higiene Urbana e Frota, Intervenção Social e Saúde, presidência dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), cuja administração integrará um vogal nomeado pelo PS e um segundo vogal por mútuo acordo, e Movimento Associativo e Casa das Associações – para apoio logístico, técnico e jurídico. Uma distribuição que é anunciada pela própria CDU em nota de Imprensa.
Relativamente aos Orçamentos para 2026 da Câmara Municipal de Almada, SMAS e WeMob, afirma a CDU que se compromete a examinar as propostas a apresentar pela presidente da Câmara Municipal, “sendo condição necessária para a sua viabilização, quer a garantia de meios para a ação nos pelouros que estarão à sua responsabilidade, quer a aplicação da Opção Gestionária e a aplicação do Suplemento de Penosidade e Insalubridade, nos termos referidos pela CDU no documento Questões de Princípio”.
Aprovado que seja o Orçamento para 2026, “é admitida uma revisão orçamental quando forem conhecidos os resultados da auditoria à situação financeira da Câmara Municipal, que promova o ajustamento das necessidades levantadas”, refere a CDU.
Para o PSD, que elegeu dois vereadores e que com o acordo entre os dois partidos de esquerda passa a ser o maior partido da oposição – tendo obtido mais votos que o Chega que também elegeu dois vereadores – o entendimento entre PS e CDU “é uma ironia”. Diz Paulo Sabino, presidente da concelhia social-democrata de Almada que a CDU “sempre proclamou ser uma oposição frontal, agora rendeu-se ao poder”. Na sua opinião, este entendimento vai levar Almada ao “atraso”, isto porque “a CDU é assim que gosta, e o PS não sabe fazer”, e tira desde já uma conclusão: “A CDU acaba de perder a possibilidade de ganhar a Câmara Municipal em 2029”.
Quanto á possibilidade de o PSD alinhar também num acordo pós-eleitoral com o PS, Paulo Sabino é taxativo, “fomos contatados, mas dissemos que não”. Afirma o autarca que a questão foi discutida dentro do partido e a decisão foi “unanime de não aceitarmos pelouros”.
Aliás, nos últimos dois mandatos do PS na gestão da Câmara de Almada, o PSD (como AD) participou durante sete anos num acordo pós-eleitoral, e não gostou da experiência. “Os nossos vereadores fizeram um bom trabalho, e se mais não fizeram foi porque o PS não deixou. Muitas das nossas propostas ficaram dentro da gaveta”.
Mesmo sem ter vereadores eleitos à Câmara Municipal, a Iniciativa Liberal (IL) já reagiu a este entendimento entre socialistas e comunistas, e embora considere este acordo “legítimo institucionalmente”, considera, contudo, que este é um “desrespeito para os eleitores almadenses, por tal hipótese nunca ter sido colocada durante a campanha eleitoral”.
Em nota de Imprensa, lembra que a IL, que pela voz do seu candidato, Carlos Alves, “apresentou sempre a sua candidatura como de oposição ao Bloco Central formado pelo PS-Almada e PSD-Almada, mas também contra o regresso da CDU-Almada ao poder”.
Afirmando que este entendimento foi “negociado à porta fechada e apenas após as eleições”, considera a IL que, “não obstante a sua legitimidade institucional e condições de governabilidade que trará ao executivo municipal, confirma aquilo que os almadenses rejeitaram durante quatro anos: a perpetuação de um sistema de governação feito sem respeito pelos cidadãos, da manutenção do poder pelo poder, por parte do PS Almada e a capitulação política da CDU Almada”.
Acrescenta IL no mesmo comunicado, que “após anos de críticas ferozes da CDU Almada à gestão do PS Almada e às práticas da presidente Inês de Medeiros, o que hoje se apresenta é uma contradição evidente: quem acusou o PS Almada de má gestão, aceita agora integrar o executivo, assumindo pelouros e participar diretamente no modelo que condenou”.
E termina o mesmo documento garantindo que a Iniciativa Liberal – Almada “reafirma que estará na Assembleia Municipal como oposição firme, vigilante e construtiva. Fiscalizará cada decisão, cada euro gasto, cada alteração orçamental e cada consequência deste acordo que retira aos almadenses a clareza política que merecem”.
Até ao momento não foi possível obter o comentário de Carlos Magno, eleito pelo partido Chega.
Nas autárquicas de 12 de outubro, o PS venceu tendo elegido quatro mandatos com 29,10% dos votos, o PCP-PEV (CDU) elegeu três vereadores ao obter 20,61% dos votos, o PSD elegeu dois mandatos e conseguiu 19,36% da preferência dos eleitores, e o partido Chega elegeu também dois vereadores através de 18,24% da votação.