Moradores do Bairro do Matadouro desesperam com constantes falhas de luz

Moradores do Bairro do Matadouro desesperam com constantes falhas de luz

Moradores do Bairro do Matadouro desesperam com constantes falhas de luz

Empresa referiu que analisou a reclamação e que as interrupções ocorridas resultam de interações ilícitas de terceiros com a rede

Os moradores do Bairro do Matadouro, em Almada, queixam-se de constantes interrupções no fornecimento de energia elétrica, por vezes de várias horas, e de não terem da parte das entidades responsáveis uma resposta para a resolução do problema.

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Mariana, uma das moradoras no bairro, localizado junto ao Hospital Garcia de Orta e contíguo ao bairro ilegal da Penajoia, explicou, em declarações à agência Lusa, que a situação se arrasta há meses e que, apesar de todas as reclamações feitas junto da E-Redes, a situação se mantém inalterada, estando até a agravar-se.

“Pagamos as contas e temos tudo conforme a lei, mas estamos a ser ignorados e deixados à margem pelas entidades competentes como a E-Redes”, disse, referindo-se à empresa responsável pela distribuição e manutenção da rede elétrica em Portugal continental.

As falhas reiteradas de energia, explicou a moradora, têm provocado danos materiais em frigoríficos e arcas congeladoras, esquentadores, placas elétricas e máquinas de lavar, e têm colocado em causa a segurança pública, já que deixam ruas e habitações às escuras durante a noite, expondo moradores a riscos de criminalidade e acidentes.

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Além deste problema de cortes de eletricidade, adiantou, quando existe luz não tem corrente suficiente, impossibilitando o uso de esquentadores, pelo que a água não fica quente para tomar duche.

A situação estende-se a toda a população do Bairro do Matadouro e os moradores, desabafou Mariana, sentem-se abandonados.

Numa das respostas da E-Redes a uma queixa efetuada pela moradora em meados de novembro, a empresa referiu que analisou a reclamação e que as interrupções ocorridas resultam de interações ilícitas de terceiros com a rede elétrica de serviço público.

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“As interrupções que têm afetado o seu local de consumo resultam do facto de terem sido realizadas inúmeras ligações ilegais à rede elétrica de serviço público, impactando, naturalmente, na qualidade de serviço de fornecimento de energia dos clientes ligados à rede elétrica na zona de influência do Bairro do Matadouro”, indicou.

A empresa adiantou que esta causa lhe é alheia “e da exclusiva responsabilidade de quem, ilicitamente, interfere com a rede elétrica de serviço público, em prejuízo dos clientes”, o que a distribuidora não consegue prevenir e evitar.

No que se refere à erradicação da causa das ligações indevidas de terceiros, a empresa respondeu à moradora que a intervenção da E-Redes está fortemente condicionada, porque não são garantidas condições de segurança aos seus técnicos para a execução dos trabalhos de regularização.

Esta circunstância, indicou, é do conhecimento das autoridades policiais, às quais já foi, “recorrentemente, solicitado apoio para o efeito, mas sem sucesso”.

A agência Lusa questionou a E-Redes sobre esta situação que está a afetar dezenas de moradores do Bairro do Matadouro, mas até ao momento nao recebeu qualquer resposta.

Junto ao Bairro do Matadouro está o Bairro da Penajoia, um aglomerado habitacional ilegal instalado em terrenos do Instituto Nacional de Reabilitação Urbana (IHRU) que tem vindo a crescer nos últimos anos. A situação já levou a Câmara Municipal de Almada a enviar uma carta aberta ao Governo a apelar para uma resposta urgente.

Nessa carta é ainda feita referência a outro bairro ilegal, do Raposo, contíguo ao Bairro do Monte.

O documento enviado ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, foi subscrito por 200 moradores de bairros contíguos, pela Câmara Municipal de Almada e pelas juntas de freguesia de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, e de Caparica e Trafaria.

“Com o envio desta carta aberta, a Câmara Municipal de Almada, em conjunto com as duas juntas de freguesia e os moradores, reitera o seu compromisso em defender os direitos das populações e a legalidade urbanística, apelando a uma resposta urgente, responsável e consequente do Governo e do IHRU que reponha a dignidade habitacional e salvaguarde o interesse público neste território”, explicou a autarquia em comunicado.

A esta missiva, o gabinete do primeiro-ministro respondeu dizendo que ia encaminhar o assunto para o ministro das Infraestruturas.

Os subscritores alertam igualmente para os impactos negativos no concelho, incluindo interrupções nos serviços públicos essenciais, danos patrimoniais significativos, acumulação de resíduos e o agravamento do sentimento de insegurança entre moradores e comunidades vizinhas.

Em declarações à agência Lusa na altura, a presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, explicou que o problema é de todos os níveis, social, humano e económico, atingindo inclusive empresas implantadas na zona que estão a ter cortes de energia e roubo de materiais.

Face às recentes queixas dos moradores do Bairro do Matadouro, a agência Lusa voltou a questionar a autarquia, que referiu terem sido tomadas várias medidas para regularização da situação, que, “como já é do domínio público, tem origem nas puxadas ilegais feitas pelos moradores do núcleo ilegal de Penajoia”.

“Para além dos sucessivos pedidos e alertas ao Governo, nomeadamente ao IHRU, para a emergente necessidade de resolver este complexo problema existente no concelho, em terrenos do Estado, a autarquia tem vindo a reunir-se e a trabalhar em estreita colaboração com a E-Redes no sentido de minimizar os impactos destes cortes no abastecimento”, explicou.

Segundo a autarquia, na semana passada a E-Redes iniciou uma nova obra, depois de várias intervenções já realizadas, que permitirá, de acordo com a empresa, reforçar o cabo de média tensão e dessa forma resolver a situação que afeta os moradores do Bairro do Matadouro. Estima-se que os trabalhos durem entre duas e três semanas.

Na resposta enviada à Lusa, o município adiantou que “tem, igualmente, visitado e feito vários contactos com os moradores do Bairro do Matadouro, explicando o que está a ser feito no sentido de normalizar o abastecimento de eletricidade”.

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