A presidente da Câmara de Almada diz que as pessoas vão ser alojadas temporariamente até se encontrarem soluções
A circulação de pessoas no Cais do Ginjal, entre o terminal de Cacilhas e os restaurantes no Olho de Boi foi hoje, quinta-feira, interditada pela Câmara de Almada segundo aconselhamento dos serviços de Protecção Civil Municipal, e respectiva lei de bases, Esta interdição está prevista durar até 1 de Maio mas, poderá ser alargada se, até lá, as soluções encontradas não forem suficientes para garantir a segurança naquele percurso.
“Esperamos que [esta interdição] seja por um período o mais curto possível”, disse hoje a presidente da Câmara de Almada em conferência de Impresa para dar conta das medidas imediatas a tomar perante a “degradação extrema” deste domínio hídrico.
Inês de Medeiros deu a saber na manhã de hoje que está concluída uma parede que veda o acesso à zona, na qual foi instalada uma porta, fechada, para dar acesso aos serviços de Protecção Civil ou outros casos necessários.
Entretanto, as cerca de 50 pessoas que residem no local, entre elas, ao dia hoje, estavam identificadas oito crianças, vão ter de sair, sendo alojadas temporariamente por duas semanas, muito provavelmente na Escola Básica e Secundária Anselmo de Andrade, em Almada, já a partir desta quinta-feira.
Inês de Medeiros que foi acompanhada pela vereadora da Protecção Civil, Francisca Parreira, e pelo Coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil, António Godinho, não foi específica quanto ao local onde esta famílias “flutuantes” vão ficar, mas garantiu que as mesmas terão condições para “pernoitar, terão alimentação e instalações sanitárias, além de apoio psicológico e todo o apoio social possível”. Depois será analisado pelos serviços sociais caso por caso.
“A interdição da zona faz com que as pessoas deixem de ter acesso a estes locais, neste sentido, accionámos uma Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP), local para onde serão deslocadas todas as pessoas actualmente residentes no Cais do Ginjal”, disse a autarca.
Com desagrado, Inês Medeiros soube ontem que depois das pessoas terem aceitado sair dos edifícios em risco de derrocada no Ginjal, algumas delas decidiram não sair enquanto não lhes fosse garantido um realojamento. Sem dizer qual a associação que persuadiu algumas pessoas a não saírem, a autarca garantiu que sempre que houver alguém que ponha em risco a segurança de pessoas, tomaremos todas as medidas necessárias, inclusivamente fazendo queixa às entidades competentes por estarem a convencer as pessoas a permanecerem em local de risco”.
Sabe-se contudo, que a associação em causa é o movimento Vida Justa que emitiu um comunicado a criticar a autarquia pelos despejos no Cais do Ginjal sem que seja assegurada uma solução de alojamento a longo prazo. “Os moradores do Ginjal estão em risco de ser brutalmente retirados da sua rotina, sendo obrigados a faltar ao trabalho ou à escola, acumulando problemas pelos quais serão depois penalizadas”.
Disse a autarca que nos “últimos dias os serviços da autarquia têm mantido contacto com estas pessoas com o objectivo de tentar encontrar já uma solução definitiva. Em alguns casos mais prementes já tínhamos encontrado solução, e estas pessoas depois de terem aceite ser alojadas em realojamento temporário foram dissuadidas de o fazer”.
Entretanto, a Câmara de Almada, que vai reunir a 14 de Abril com a Administração do Porto de Lisboa, entidade com jurisdição naquela zona, para que sejam encontradas soluções rápidas para a segurança no Cais do Ginjal, uma vez que a intervenção definitiva “demora muito tempo”. Segundo Inês de Medeiros, “os edifícios devolutos em risco de derrocada são propriedade privada, pelo que os proprietários têm sido reiteradamente notificados para a consolidação dos mesmos”.
A emergência destas intervenções é agora ainda mais emergente devido às fortes chuvadas dos últimos dias, um sismo e também a Tempestade Martinho. “A arriba está ensopada”, revelou a autarca.
Disse ainda que a Câmara Municipal além dos contactos como os proprietários dos imóveis e dos restaurantes no Cais do Ginjal “já se disponibilizou a proceder aos melhoramentos das vias de acesso pela parte de cima da zona do Olho de Boi, assim como a criar circuitos alternativos”, os quais poderão ser consultados através de sinalética e informação no terminal de Cacilhas”, ao mesmo tempo “estamos a melhorar a iluminação pública”.