A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) disse que são precisos mais 15 médicos para fazer medicina geral
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) acusou hoje o Governo de falta de vontade em resolver a situação do Hospital Garcia de Orta, sublinhando que a unidade necessita de mais 15 médicos para fazer medicina geral a jovens.
O vice-presidente da FNAM João Proença foi hoje ouvido na Assembleia da República numa audição requerida pelo PCP sobre o encerramento das urgências pediátricas no período noturno do Hospital Garcia de Orta, em Almada.
Desde novembro que a urgência pediátrica deste hospital do distrito de Setúbal tem encerrado diariamente no período noturno, entre as 20:00 e as 08:00, devido à falta de especialistas para assegurar a escala.
João Proença explicou que o problema é de “gestão de recursos humanos”, lembrando que os médicos mais novos têm tendência a sair por causa da situação contratual, que não os favorece.
“Para contratar pessoas tem de se cativar com boa liderança, com bons contratos”, salientou, acrescentado que “o hospital precisa de ter pelo menos mais 15 pessoas para fazer medicina geral a jovens e não duas”.
Em janeiro, o Ministério da Saúde anunciou que vai avançar com a contratação direta de cinco pediatras para o Garcia de Orta.
O também vice-presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) afirmou ainda que “é bom tomar medidas que resolvam o problema”.
Recordando uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, António Sales, o dirigente considerou que há “falta de vontade” do Governo, acusando o executivo de “deselegância”.
João Proença deixou também críticas ao critério de seleção das administrações, argumentando que desde os anos 90 tem havido “tráfico de influências e as pessoas não são nomeadas por mérito”.
“Não é atrativo quando não há projeto para a liderança. […] trazem uma pessoa de fora […]”, afirmou, sugerindo a realização de eleições para os órgãos técnicos.
“Transformou—se numa confusão e numa conflitualidade interna. As crianças de Almada e do Seixal tem o direito de ter cuidados como as de Lisboa. Não há vida no serviço de pediatria”, sublinhou.
Na semana passada, o presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta, Luís Manuel Martins Amaro, informou que as urgências pediátricas noturnas do hospital, encerradas desde novembro por falta de médicos, podem reabrir progressivamente, “se tudo correr bem”, a partir de abril.
O dirigente foi ouvido na Comissão de Saúde, no parlamento, numa audição requerida pelo PSD, “a propósito da degradação das condições de funcionamento dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, e pelo PCP, que quis questionar “sobre o encerramento das urgências pediátricas no período noturno do Hospital Garcia de Orta”.
Luís Amaro salientou, na ocasião, que a anterior administração e a atual têm tentado contornar a falta de médicos pediatras desde 2016, uma situação que levou à necessidade de encerramento das urgências pediátricas duramente o período noturno e aos fins de semana em novembro de 2019.