O conceito da Ecalma está a ser substituído pelo WeMob. A fiscalização do estacionamento no concelho de Almada mantem-se, mas estão a ser pensadas novas soluções. Dimas Pestana é o responsável pela viragem para o sistema WeMob e, em entrevista a O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO, fala de um projecto que dota o território com mais mobilidade e com regras de estacionamento que pensam a cidade
Em 2004 foi criada em Almada a empresa pública municipal Ecalma, com actividade principal de gestão e fiscalização do estacionamento público urbano. Este conceito foi agora substituído pela WeMob, empresa de mobilidade de Almada. O que caracteriza este novo projecto?
O objectivo deste novo projecto é afirmar a mobilidade em Almada desligando-se dos conceitos anteriores da Ecalma, que estavam muito focados em áreas como a fiscalização. O desafio agora é mais direcionado para a mobilidade partilhada, como as trotinetes, bicicletas e carros partilhados, para além de um novo conceito de regularização do estacionamento.
Ponderamos ainda outras alternativas viradas para a sustentabilidade energética com veículos menos poluentes, nomeadamente para zonas do concelho com limitações de transportes onde nos estamos a constituir como operador para suprimir essas necessidades, caso de transportes escolares. Temos todo um desafio centrado na mobilidade.
Ao mesmo tempo apostamos na melhoria dos parques de estacionamento, no reforço dos pontos de carregamento eléctrico – que vão triplicar –, também lugares à superfície reservados para carregamento de veículos e meios de mobilidade suave. Ou seja, criar soluções de mobilidade viradas para o futuro.
A fiscalização do estacionamento mantem-se?
Mantem-se; mas na base se um sistema pensado para a mobilidade.
Falou em carros partilhados. Como vai funcionar esse sistema?
São carros eléctricos ou híbridos. Através de uma aplicação para telemóvel, quanto tenho um carro deste serviço estacionado nas minhas imediações, desbloqueio-o e viajo até ao destino que pretendo. É como o que já existe para trotinetas ou bicicletas.
Neste momento estamos a fazer uma experiência piloto, com carros eléctricos, de ligação de Almada a Lisboa. Estão a funcionar, creio que cinco viaturas, mas o número irá depender da procura.
Como estamos numa experiência piloto não há custos associados, depois sim; estamos a fazer esse cálculo que terá um valor por desbloqueio e por quilómetro. Este valor não está fechado, estamos a trabalhar com uma entidade, mas há outras, neste momento não posso afirmar qual irá fazer esse serviço. Tenho é a certeza que, num futuro bastante próximo, teremos este serviço a funcionar em Almada.
Entretanto já temos uma experiência com trotinetes partilhadas a funcionar na Costa da Caparica?
Para já estamos a fazer uma experiência piloto apenas na Costa da Caparica em que se paga um euro por desbloquear e 15 cêntimos por minuto. Quem deixar a trotinete nos pontos pré-determinados tem uma compensação de 50% no próximo desbloqueio. Mesmo assim, todos os dias há rondas para posicionar as trotinetas que foram deixadas incorrectamente.
Há medida que esta experiência evoluir vamos estender o serviço a outras localidades do concelho, como a Trafaria, Cacilhas e acrescentar mais localidades. Estamos a trabalhar com a operadora Flash numa ideia mais virada para a parceria do que para a exploração de um serviço.
Com a WeMob estão pensadas alterações ao regulamento de estacionamento?
Sim! O projecto WeMob prossupõe um regulamento estruturante para a mobilidade no concelho de Almada, onde estão plasmadas possibilidades de estacionamento olhando para o todo do território. Por exemplo: com o antigo regulamento é muito difícil criar alterações de estacionamento para residentes em determinadas zonas, mas com o novo regulamento temos um instrumento que abrange todo o concelho possibilitando dar respostas em tempo útil.
O novo regulamento é construído por fases; neste momento está em discussão pública – a revisão começou em Novembro do ano passado -, e só deverá ver a luz do dia em Junho deste ano. Na sua essência, abrange todo o concelho e tem capacidade de, em determinado momento, se necessário, ter mecanismos de intervenção.
Isso implica mais parquímetros?
Mecanismos de intervenção não implica, de todo, mais parquímetros. Neste momento nem está previsto investimento em novos parquímetros. Inclusivamente, estamos a prever descer os preços dos parquímetros porque sentimos que não são necessários. Os parquímetros são um instrumento que apenas será usado se houver excesso de procura.
Está previsto um aumento dos espaços de estacionamento livre?
Está previsto um aumento de lugares de estacionamento. Uma parte será livre e outra com tarifas reduzidas. Por exemplo: as zonas de interface onde exista muita procura, possivelmente não poderão ser de estacionamento livre, mas haverá outros espaços nas imediações sem custos. É uma gestão que está a ser feita em todo o concelho.
Os residentes em zonas de grande procura de estacionamento vão estar protegidos dos parquímetros?
São criadas zonas mistas. Os residentes têm um dístico e não pagam, quem vier de fora paga. Os residentes vão estar protegidos, essa é a nossa visão. O mesmo irá acontecer para quem tem estabelecimentos comerciais nessas zonas, terá um dístico para estacionamento.