A actriz e cantora almadense conta com um reportório enorme de espectáculos, músicas e participações televisivas
A menina de Almada que começou na música e se tornou uma estrela de…. musicais. Poderia ser este o cartão de visita de Anabela, mas ele não reflectiria a dimensão dos seus talentos. Razões maiores para, em tempo de aniversário de “O Setubalense”, abordarmos a vida musical de Anabela.
Se numa primeira análise se poderá considerar que Anabela é a musa de Filipe Lá Féria para os seus musicais, ela é muito mais do que isso, uma actriz versátil e uma cantora de respeito.
Para a maioria, a memória mais “antiga” remeterá para o Festival RTP da Canção, que venceria em 1993, com “A Cidade (até ser dia)”. Era uma adolescente com 16 anos, mas com uma voz que deixaria marcas.
Mas antes do festival, havia um passado musical que incluía a vitória na Grande Noite do Fado, apenas com 12 anos e o 2.º lugar no Festival Internacional da UNICEF, para além de dois álbuns, “Anabela” em 1991, e, “Encanto” no ano seguinte. Ainda como “teenager” Anabela era a única cantora a vencer a Grande Noite do Fado e o Festival RTP da Canção. Nesse mesmo ano edita o seu terceiro álbum com o título da canção que levaria à Eurovisão.
Aos 20 anos edita o seu quarto disco, “Primeiras Águas”, o qual incluía “Avenidas”, single de apresentação, escrito por Rui Veloso.
No mesmo ano, em 1996, “Jasmim ou o sonho do cinema”, musical infantil, marca o início da sua colaboração com o encenador Filipe La Féria, o homem dos musicais, do qual se tornaria uma “espécie de musa”.
Três anos mais tarde, dupla acção no meio artístico – lança o seu quinto álbum, “Origens”, que reflecte isso mesmo –, um regresso ao fado, às origens e em simultâneo ao mundo dos musicais, curiosamente (ou talvez não) um musical chamado “Amália”. Todos sabemos a dimensão da importância e do sucesso deste espectáculo.
O início do seculo vai coincidir com uma gravação com o músico espanhol Carlos Nunez e uma digressão internacional com mais de 2 anos.
No entanto estava a chegar o maior sucesso do teatro musical em Portugal, “My Fair Lady”, no qual Anabela assumir o protagonismo, ao interpretar – magistralmente – o papel de Eliza Doolittle. Decorria o ano de 2002 e ao sucesso juntar-se-ia o do musical bem português, “Canção de Lisboa”. Anabela assumia cada vez mais o papel principal no universo – com cada vez maior sucesso – dos musicais em Portugal.
Como cantora multifacetada, Anabela grava em 2005 “Aether”, um álbum produzido pelo carismático músico Carlos Maria Trindade – nome incontornável da música quando falamos de Heróis do Mar e dos Madredeus. Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Manuel Alegre ou Ary dos Santos, são alguns dos poetas que Anabela escolheu para “Aether”.
No ano seguinte, novo disco, desta feita juntando duetos com o tenor Carlos Guilherme. “Encontro”. O sucesso comercial do disco, estaria na origem de uma longa tour nacional dos dois cantores.
Mas o ano de 2006 ficaria marcado – na vertente dos musicais – pela interpretação de Maria no clássico “Musica no Coração”, que se manteria em palco durante dois anos.
Até final da década Anabela assumia o seu papel como (a) actriz de musicais de Filipe La Féria, com papéis de grande dimensão em musicais como “Jesus Cristo Superstar” ou “West Side Story”.
Mas porque Anabela sempre foi sinónimo de inovação e novos projectos em 2010 grava o álbum “Nós”, uma viagem pelo melhor da música portuguesa no último meio século. Clássicos como “Olhos Castanhos” (Francisco José), “Ontem, Hoje e Amanhã” (José Cid), “Adeus Tristeza” (Fernando Tordo), “E depois do Adeus” (Paulo de Carvalho) ou “Só nós dois” (Tony de Matos), temas aos quais imprimiu a sua personalidade vocal e musical e que se tornou uma referência na música em Portugal.
Em 2013 outro desafio, desta feita, a participação série televisiva da RTP, “Os nossos dias”, mas logo está de volta para “A Républica das bananas”, mais um musical de Filipe Lá Féria e a novo disco.
Em 2015, junta nomes como Tiago Torres da Silva, Pedro Silva Martins, Diogo Clemente e Miguel Gameiro, para a “construção de um novo disco, “Casa Alegre”, um trabalho que, conforme referiu na altura, tem Portugalidade, retractada nas histórias construídas por estas novas gerações de poetas e músicos.
Seguiram-se outros musicais de relevo, como “A Bela e o Monstro no Gelo”, e voltou ao universo de Amália Rodrigues ao interpretar o papel da diva do fado, no Musical “Amália”, no Teatro Politeama.
O regresso ao Festival RTP ocorreu em 2018 – 25 anos depois da sua vitória no certame. Foi para defender a canção “Para te dar abrigo”, de Fernando Tordo e Tiago Torres da Silva.
Entretanto voltou a brilhar em “Severa”, mais um musical de La Féria (claro) na qual foi mais uma vez protagonista.
Aliás ser protagonista em disco ou em musicais é, sempre foi o seu papel. Com todo o mérito da menina de Almada.