A CDU e o BE recusaram integrar a proposta de protocolo para a vacinação contra a gripe na ordem de trabalhos, por atraso
A vacinação contra a gripe na rede de 38 farmácias solidárias no concelho de Almada deverá estar no terreno ainda esta semana. Trata-se do programa direccionada a pessoas consideradas de grupo de risco, portanto com mais de 65 anos e com doenças associadas, que no concelho são cerca de 38 mil cidadãos.
Contudo, esta campanha gratuita construída em parceria entre a Associação Nacional de Farmácias, Associação Dignitude – através do programa abem, Rede Solidária do Medicamento – e Câmara Municipal de Almada, esteve em vias de ser adiada por quinze dias, até à próxima reunião de Câmara.
Na última reunião pública, 2 de Novembro, o Bloco de Esquerda e a bancada da CDU recusaram a integração da proposta na agenda da ordem de trabalhos, por considerarem que a mesma não lhes foi distribuída atempadamente. Assunto que deu origem a trocas de palavras de desacordo entre as duas bancadas da oposição e a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros.
De facto, a proposta que deveria ter chegado aos vereadores na quarta-feira, 28 de Outubro, apenas foi distribuída no dia seguinte, razão pela qual a vereadora do BE Joana Mortágua assumiu que não tinha tido oportunidade de a analisar. No caso da CDU, o protesto, manifestado pelo vereador José Gonçalves foi de carácter de lei e acusou a maioria socialista de repetir o querer agendar propostas no dia da reunião, o que na sua opinião não é permitido.
Para a presidente socialista Inês de Medeiros o regimento está a ser cumprindo, e justificou a intenção do executivo de levar esta proposta a deliberação pela “urgência” da mesma, e para que a população alvo deste programa de vacinação contra a gripe não fosse prejudicada.
Nem mesmo assim o BE e a CDU votaram a favor da aceitação da proposta na ordem de trabalhos, vencendo a maioria socialista numa votação por 2/3 dos votos. A sugestão que deixaram ao executivo foi agendar uma reunião extraordinária para decidir sobre a mesma.
“Se for convocada uma reunião extraordinária, e se a proposta vier devidamente instituída formalmente, votaremos com todo o gosto”. No mesmo sentido pronunciou-se Joana Mortágua. Portanto, o que ficou claro é que a oposição está de acordo com a proposta, pelo que em próxima reunião deverá votar a favor da mesma.
Mas Inês de Medeiras decidiu não convocar reunião extraordinária e “assinar já o protocolo para que as farmácias comecem a administrar a vacina”, deu a saber a vereadora Teodolinda Silveira a O SETUBALENSE.
Refere a responsável pelo pelouro municipal da Saúde, que entende a decisão da CDU e do BE como uma “afirmação política” e que “não teve em conta o atraso causado a este programa de vacinação contra a gripe”, todo o processo com as farmácias “já estava preparado”, faltando apenas a deliberação. Portanto, com a assinatura da presidente as pessoas de grupo de risco já podem começar a dirigir-se às farmácias.
Todo o processo da deliberação da proposta 722/20 será assim finalizado na reunião de câmara de dia 16, com a ratificação da mesma. Neste caso, os votos da maioria simples entre os vereadores do PS e do PSD, que também integra do executivo, serão suficientes para a aprovação.
Entretanto, para além de poderem recorrer às farmácias para que lhes seja administrada a vacina contra a gripe, as 38 mil pessoas identificadas como grupo de risco, podem ainda optar por se dirigir aos centros de saúde. Isto enquanto cominua a funcionar a Unidade Móvel de Saúde que circula pelos bairros mais deprimidos, do concelho.
