Junta de Freguesia está “farta de ser ignorada” e pede intervenção política “clara” de Luís Montenegro
A Junta de Freguesia do Samouco quer uma intervenção urgente do Governo e realça que a vila está “farta de ser ignorada” sobre a questão do crescimento da actividade de apanha ilegal de bivalves no estuário do Tejo. O pedido da autarquia samouquense foi feito através de uma carta enviada directamente ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, onde Joel Rodrigues, presidente desta junta de freguesia, afirma estar cansado de “promessas e desculpas” e exige “acção e respeito”.
O autarca tem na sua ‘lista de pedidos’ o reforço humano e logístico permanente da GNR, a fiscalização da Polícia Marítima, a presença diária das forças de segurança, a criação de uma resposta coordenada a nível nacional com “resultados concretos no imediato”, e a intervenção política “clara” de Luís Montenegro.
É com um “misto de frustração e revolta” que o responsável autárquico do Samouco se dirige a Luís Montenegro, sentimentos que Joel Rodrigues considera reflectirem o “estado de espírito generalizado” da população do Samouco.
O autarca recorda que o primeiro-ministro visitou a vila em 2023, onde teve “contacto directo” com o problema, recebeu “alertas e pedidos claros”, mas que ainda assim não fez “nada de concreto”. “A sensação deixada foi a de que a visita serviu apenas para alimentar a aparência de proximidade, sem qualquer consequência prática. E isso é inaceitável”, considera Joel Rodrigues.
No entender do responsável autárquico, as operações policiais que têm sido realizadas “já não intimidam” quem infringe a lei. “São acções que considero ser apenas gestos de cosmética, que servem apenas para calar momentaneamente as vozes mais revoltadas. Não travam o problema e muito menos o resolvem”, realça.
Nesse sentido, Joel Rodrigues pede presença policial fixa e constante no terreno, durante um período temporal significativo e com reforço de meios, para “criar dissuasão, impor autoridade, quebrar redes informais e restaurar a confiança das populações” no Estado.
No documento dirigido a Luís Montenegro, a que O SETUBALENSE teve acesso, o presidente da junta explica que são cada vez mais os samouqueiros que se afastam da praia, com “dor, indignação e um profundo sentimento de impotência”, perante a “degradação” deste espaço.
Para o autarca, a Junta de Freguesia do Samouco, assim como a Câmara Municipal de Alcochete, tem feito “tudo o que está ao alcance”, mas não tem “nem meios nem competências para travar uma estrutura ilegal organizada”.
Dessa forma, por se tratar de um “combate” da responsabilidade do Governo, é exigido com urgência o reforço humano e logístico permanente da GNR de Alcochete, a fiscalização contínua e eficaz por parte da Polícia Marítima, em vez de “aparições esporádicas”, a presença diária das forças de segurança no Samouco e nas zonas críticas do Estuário, durante um período prolongado e não apenas quando há “pressão mediática”, a criação de uma resposta coordenada a nível nacional, com envolvimento dos vários Ministérios, com “resultados concretos no imediato”, e a intervenção política “clara” de Luís Montenegro, porque “ignorar este problema é pactuar com ele”.