O agora presidente cessante do Aposento do Barrete Verde de Alcochete despede-se com o sentimento de dever cumprido e com um sonho de criança concretizado
Após quatro anos à frente do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, Rui Fonseca encerra este capítulo com a sensação de dever cumprido. O agora presidente cessante despede-se com o sentimento de ter concretizado um sonho de criança e de ter conduzido a associação por um dos períodos mais marcantes da sua história recente.
Com coragem, a palavra que o próprio escolhe para definir este ciclo, Rui Fonseca e a sua direção deixam um Aposento do Barrete Verde “financeiramente saudável, com instalações renovadas e um futuro mais estável”, garante o ainda presidente em entrevista a O SETUBALENSE.
Como se sente ao terminar estes dois mandatos?
Sinto-me feliz. Primeiramente por ter realizado um sonho de criança, e claro também por ter conseguido realizar todos os objetivos a que me propus.
Qual é palavra que melhor define este período?
A palavra que melhor define este período de 4 anos é coragem. Sem dúvida que é preciso ter coragem para enfrentar todos os desafios que foram aparecendo diante desta direção ao longo deste período, surgiam quase diariamente.
Quais foram os maiores desafios que enfrentou nestes mandatos?
Quando iniciei o primeiro mandato, a condição financeira do Aposento não era de todo saudável. A primeira grande primeira dificuldade desta direção foi criar condições para conseguirmos fazer face às dívidas e despesas que existiam. Foi também um grande desafio recuperar o Aposento a nível do espaço físico, mas também a forma como as pessoas olham para a coletividade.
Que conquistas considera mais marcantes para o Aposento e para Alcochete?
Primeiramente, creio que conseguimos ‘limpar’ o bom nome do Aposento, que vinha de uma situação complicada. Foi essencial, e era um dos objetivos, voltar a dar credibilidade à casa. Isso era o mais importante, depois disso, tudo são pequenas grandes conquistas.
Como surgiu a ideia e qual foi o impacto da reestruturação da sede?
A ideia surgiu em reunião de direção, com o objetivo de proporcionar melhores condições ao departamento de Sevilhanas, visto que é no Salão Nobre que o grupo tem os seus ensaios. Também pensámos no nosso grupo de forcados, que possuem uma sala só para eles, e queríamos que tivessem um espaço melhor. Foram 49 mil euros de investimento, mas foi uma obra que sem dúvida valeu a pena fazer.
Que desafios encontrou nesta reestruturação e como os superou?
Penso que o maior desafio foi garantir que tudo estaria pronto a tempo das Festas do Barrete Verde e das Salinas, visto que é a altura do ano em que a nossa sede é mais frequentada.
Existiram outros investimentos significativos que gostaria de destacar?
O grande investimento feito nas tronqueiras, sem dúvida, onde investimos 66 mil euros. Foi um dos primeiros investimentos feitos por nós. A madeira existente nas ruas já não reunia, de todo, as condições necessárias que nos garantisse a segurança de quem frequenta as nossas festas.
De que forma é que estes investimentos influenciam o futuro da coletividade e da comunidade?
As tronqueiras que foram adquiridas têm uma garantia de 20 anos, o que nos leva a deixar este legado com o sentimento de que, tão cedo, o Aposento não necessitará de direcionar investimentos neste sentido. Relativamente à comunidade, fomos ouvindo palavras e opiniões de apreço, que nos transmitiram uma grande sensação de segurança, que era a nossa grande preocupação.
O Aposento promoveu colóquios com grandes nomes da tauromaquia. Que balanço faz destes eventos?
Bastante positivos, sem dúvida. Alcochete é tauromaquia. E o Aposento tem o dever de proporcionar momentos como esses, não só à sua comunidade, mas também aos aficionados de Norte a Sul do país, que fizeram questão de estar presentes nesses colóquios.
Como avalia a evolução das Festas do Barrete Verde e das Salinas nestes anos?
Lembro-me de ser miúdo e esperar um ano inteiro pela semana das festas, mas as festas, para nós, resumiam-se às largadas e ao convívio. Em cada canto havia uma tertúlia, um grupo de amigos. Atualmente as festas são muito mais do que isso, com a exigência a ser estrondosamente maior.
Contratar artistas para as Festas do Barrete Verde e das Salinas deixou de ser um pormenor. Alcochete cresceu, e com esse crescimento veio também a necessidade de tornar a festa um pouco de todos. No entanto, deixar bem claro que sempre lutámos para que as nossas raízes, costumes e identidade se mantivessem presentes e vincadas.
De que forma descreve a relação do Aposento com a vila e com a comunidade tauromáquica nacional?
O Aposento do Barrete Verde de Alcochete é uma das associações mais emblemáticas do nosso concelho e sei que a maioria dos Alcochetanos sabe e valoriza aquilo que é o Aposento.
O Aposento é a maior tertúlia portuguesa, desempenhando o cargo de presidente da Assembleia Geral da Associação de Tertúlias Tauromáquicas Portuguesas.
Que legado deixa para a associação e para os futuros dirigentes?
É uma pergunta difícil porque costuma-se dizer, ‘cada cabeça, uma sentença’. No entanto, sei que deixamos um Aposento completamente saudável financeiramente, com as instalações totalmente renovadas, pelo que quem vier atrás não terá nem de perto as preocupações que nós tivemos quando chegámos.
O que é que estes mandatos lhe ensinaram a nível pessoal e profissional?
A nível pessoal, garantidamente que me trouxe experiência e conhecimentos, mas principalmente pessoas que levo para a vida, muitos amigos e infelizmente inimigos também. Nesse sentido quero deixar um agradecimento a todos os sócios, órgãos do Aposento, empresas, pessoas singulares e amigos que apoiaram estes mandatos.
A nível profissional, posso dizer que se não tivesse a profissão que tenho, e a pessoa que tenho a trabalhar comigo, dificilmente teria sido possível dedicar tanto tempo ao Aposento do Barrete Verde.
Olhando para o futuro, quais são os próximos projetos ou objetivos, dentro ou fora do Aposento?
O meu objetivo agora é dedicar-me à minha empresa. Não vou deixar de apoiar e estar presente nos eventos promovidos pelo Aposento do Barrete Verde, e também não descarto a hipótese de um dia poder voltar.