Investigadores estão a estudar uma solução para travar mariscadores ilegais em Alcochete e Samouco. Um trabalho quase terminado
A apanha ilegal da amêijoa-japónica no estuário do Tejo, junto às margens de Alcochete e Samouco, é o alvo de um estudo que tem vindo a ser desenvolvido pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Um trabalho designado de Plano de Acção da Amêijoa-Japónica que, na semana passada, foi explicado por investigadores desta Faculdade num encontro onde esteve o presidente da Câmara de Alcochete, Fernando Pinto.
“Fiquei muito sensibilizado pelo facto da Universidade de Ciências de Lisboa estar a desenvolver um trabalho, já há cerca de cinco anos, de levantamento exaustivo de tudo o que rodeia a apanha destes bivalves. desde tentar perceber se o número de indivíduos da amêijoa-japónica tem aumentado, e se o há mais ou menos pescadores legais e ilegais nas margens do Tejo”, comenta Fernando Pinto.
Com o autarca a denunciar há muito este problema – onde aponta estar a ser cometido um “crime” do ponto de vista económico, ambiental e de saúde pública -, junto de várias entidades de segurança, ministérios e de gestão do território, agora com a Faculdade de Ciências a estudar esta matéria, começa a acreditar que se poderá chegar a uma solução.
“Erradicar o problema não implica acabar com a apanha de amêijoa-japónica, mas sim criar as condições naturais para desenvolver uma actividade de boas-práticas e gerar emprego”, explica, e sublinha a sua convicção de que quando as Academias estudam uma questão, “quase sempre encontram uma solução. Um final feliz”.
Com o problema da apanha de amêijoa-japónica a persistir há cerca de 15 anos, o autarca fala que “todos os dias entram e saem do Tejo mais de 1 500 mariscadores” destes bivalves, e explica: “A montante da Ponte Vasco da Gama a apanha desta amêijoa está completamente interditada. A jusante, existe um limite apertado da quantidade que pode ser apanhada”. E apenas pelos mariscadores legais os quais, pelas contas do presidente, serão cerca de uma centena.
Embora deste encontro na Universidade, que reuniu representantes da GNR, Marinha Portuguesa e diversas associações de pescadores, não tenham saído conclusões, ficou combinado que, quando este estudo estiver concluído, o mesmo será dado a conhecer a diversas entidades com intervenção no sector, entre elas a Câmara de Alcochete.
“O objectivo é termos um documento a ser partilhado com o Estado para que, em articulação com um conjunto de várias entidades ligadas a ministérios, possamos ter uma base de trabalho”. E pelo que diz o presidente, o resultado deste estudo promete ter grande amplitude, inclusivamente envolve entidades de Espanha, França e Itália. “É um trabalho profícuo desenvolvido por uma Faculdade e acompanhado por entidades na busca de se encontrar uma solução”.
Uma coisa parece já se saber. Adianta Fernando Pinto que alguns dados disponíveis, apontam para uma possível diminuição do número de amêijoa-japónica no estuário do Tejo, e que o número de mariscadores ilegais, que há 15 anos eram cerca de 50 e, recentemente, já rondavam os 1 500, parece ter estabilizado, ou mesmo diminuído.