Fernando Pinto diz que este “é um problema que não foi resolvido há quinze anos, quando era pequenino, e que se foi agravando progressivamente ao longo dos anos”
O presidente da Câmara de Alcochete afirmou hoje que não está surpreendido com a mega-operação de combate ao tráfico de seres humanos a decorrer naquele concelho e defendeu a criação de uma `task-force´ para combater o problema.
“Não estou nada surpreendido. Aquilo que eu sempre sugeri foi que o Estado deveria criar uma task-force onde as entidades estivessem todas unidas num só objectivo, que fosse, de facto, encontrar uma solução para este problema, tal como aconteceu, por exemplo, com o processo de vacinação”, disse à agência Lusa Fernando Pinto (PS).
“De uma coisa não tenho dúvidas: todos os dias há um conjunto de crimes ambientais, económicos e de saúde pública, que são cometidos no estuário do Tejo. É um problema que não foi resolvido há quinze anos, quando era pequenino, e que se foi agravando progressivamente ao longo dos anos”, acrescentou o autarca de Alcochete, no distrito de Setúbal.
Fernando Pinto reagiu desta forma a uma mega-operação de combate ao tráfico de seres humanos liderada pela Polícia Marítima, que decorre desde as 08h00 nos concelhos do Montijo e de Alcochete, designadamente na localidade do Samouco, onde todos os dias centenas de mariscadores, muitos deles imigrantes de origem asiática, se dedicam à apanha ilegal de amêijoa.
A operação, segundo a estação de televisão CNN, tem a colaboração do Serviço de Informações de Segurança (SIS) e envolve centenas de elementos da Polícia Marítima e Unidade Especial da PSP, bem como inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e da Autoridade Tributária.
O presidente da Câmara de Alcochete garante que nada o move contra os mariscadores, que em muitos casos fazem da apanha ilegal de ameijoa no estuário do Tejo o seu ganha-pão, mas reconhece a necessidade de se resolver o problema.
“Têm que se criar condições para que esta actividade deixe de ser ilegal, verificar se há possibilidade de se criar essas condições. E se houver, que isso de facto seja desenvolvido, para que as pessoas, legalmente, possam desenvolver essa actividade, devidamente regulamentada”, defendeu.
“E que todos estes processos de origem criminosa possam desaparecer, porque nada abonam, não só o concelho de Alcochete, mas também o nosso país, até porque este é um assunto que extravasa já o nosso país e que envolve outros países. Daí as operações que já se têm desenvolvido de forma internacional”, concluiu o presidente da Câmara Municipal de Alcochete.