António Mendonça diz que o cenário de Alcochete é o que parece mais de acordo com a visão de natureza estratégica defendida
O bastonário da Ordem dos Economistas, António Mendonça, defendeu que Alcochete é a localização para o novo aeroporto da região de Lisboa que serve os interesses estratégicos do País a longo prazo.
O bastonário dos Economistas falava numa audição na Assembleia da República, requerida pelo PCP, tendo sublinhado que as ideias defendidas na quarta-feira de manhã não correspondem a uma posição institucional da Ordem, que ainda não estudou de forma aprofundada o tema do novo aeroporto.
“Um projecto desta natureza tem de ser pensado fundamentalmente em termos estratégicos”, apontou o antigo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações entre 2009 e 2011 (governo PS), acrescentando que deve ser alcançado consenso relativamente a uma “solução de longo prazo e que se enquadre nos objectivos estratégicos do País”.
Para o economista, “o cenário de Alcochete é o que parece mais de acordo com a visão de natureza estratégica” defendida.
António Mendonça vincou que o investimento neste tipo de infra-estruturas tem de ser encarado no sentido da contribuição que podem dar para recuperar as dinâmicas de crescimento económico de que o País precisa, num local que potencie novas dinâmicas económicas, em termos nacional e local.
O bastonário da Ordem dos Economistas apontou que “tudo o que havia para estudar, está estudado”, relativamente à localização do novo aeroporto, frisando que o importante “é tomar uma decisão”, defendendo que os custos de uma “não-decisão” são “muito grandes”.
“Queria chamar atenção para o desperdício nacional que está associado a este tempo todo de indecisão e tudo aquilo que foi gasto, não foi propriamente cinco tostões”, referiu.
António Mendonça defendeu também que o novo aeroporto deve ter em consideração os interesses da TAP, companhia aérea de base nacional, que já se manifestou contra a construção no Montijo e uma solução dual (Portela + 1).
Relativamente às dúvidas levantadas sobre a escolha do consórcio que junta a COBA – Consultores de Engenharia e Ambiente e a Ingeniería Y Economía Del Transporte (empresa pública espanhola) para a elaboração da Avaliação Ambiental Estratégica, devido a eventuais conflitos de interesses estratégicos entre Portugal e Espanha, o bastonário lembrou que também há empresas portuguesas a participar em concursos internacionais, embora “possa existir a preocupação”.
Entretanto, o antigo bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos, levantou dúvidas sobre a atracção de companhias aéreas para um futuro aeroporto de Lisboa no Montijo, deixando ainda críticas à Avaliação Ambiental Estratégica (AAE).
O responsável, que foi ouvido em substituição do actual bastonário, na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, sobre o concurso público para a Avaliação Ambiental Estratégica sobre a localização do Novo Aeroporto Internacional de Lisboa, ironizou sobre a “luta pelos ‘slots’”.
“A easyJet não vai para o Montijo, já ganhou os ‘slots’ e ninguém lhos pode tirar desde que satisfaçam os objectivos. A Ryanair já disse que não ia. Então quem é que vai”, questionou.
Carlos Matias Ramos pediu várias vezes ao longo da audição que lhe “provem” que a solução que integra o Montijo é mais barata e rápida do que a do Campo de Tiro de Alcochete, que estudou quando liderava o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).