Novo presidente da direcção assume cargo com o objectivo de recuperar o edifício da “melhor forma possível” e devolver a colectividade aos sócios
Após alguns períodos de turbulência na Sociedade Imparcial 15 Janeiro De 1898, António Cruz assumiu no passado dia 28 de Fevereiro a presidência da direcção, com o claro objectivo de recuperar o edifício da “melhor forma possível” e devolver a colectividade aos sócios. O associado número 89 afirma ter chegado a uma casa onde se “sente nervosismo”, mas pretende “apaziguar” esse sentimento e devolver à Sociedade tudo aquilo que esta fez por ele.
Em entrevista a O SETUBALENSE, o novo líder da colectividade assegura que a única coisa que pode garantir é que esta “vai ficar diferente e vai ficar muito melhor”, graças ao trabalho da equipa que, por enquanto, considera “ideal”. Quanto à relação com a banda, realça que a ligação está muito boa, reforçando que a Sociedade “precisa sempre” da banda e que “nada disto faz sentido” sem a mesma.
O que é que o levou a candidatar-se à presidência da Sociedade?
Tudo começou numa conversa informal onde me disseram que as coisas não estavam bem aqui, que era preciso que alguém conhecesse a casa. Frequentei este espaço mais de 18 anos, fui músico aqui muitos anos, conheci bem a casa e conheço bem as pessoas.
Mas este desafio não foi só lançado agora, já tem vindo a ser feito há muitos anos. A situação agora é diferente, a minha vida profissional também estabilizou e agora senti-me com mais tempo e aceitei.
O que pode trazer para esta colectividade?
Em primeiro lugar alguma estabilidade. A casa não está estável, parece estar nervosa. Sente-se de nervosismo nas pessoas, não sei se é por falta de liderança, por falta de algum acompanhamento ou por falta de gestão. Mas as pessoas sentem-se nervosas. Acho que as pessoas precisam de um acompanhamento, e eu posso tentar fazer esse apaziguar de sentimentos.
Tem uma ligação familiar à casa. Existia uma obrigação em assumir a presidência?
Nunca seria uma obrigação. Seria quase devolver o que talvez fizeram por mim há uns anos atrás. Ensinaram-me música, deram-me uma amizade, receberam-me bem. E acho que estava na altura de retribuir com trabalho e com algum esforço, para elevar isto e tentar melhorar alguma coisa aqui dentro.
Sente que tem a equipa ideal?
Para já, sinto. Não vou dizer que se me fizeres a pergunta daqui para um ano não possam haver alterações. Tenho o José David, que é um financeiro, tenho o Domingos, que está sempre disponível, o Luís Miguel, que é o responsável de banda, o Nuno Lóia, que tem um conhecimento da casa muito vasto, o Mário Santos, que é pai de um músico e que também conhece a casa, e o Ricardo Piçarra também está aqui há muito tempo, que é o nosso secretário.
Já têm os principais objectivos para este mandato?
Um dos principais objectivos para este mandato é tentar recuperar o edifício da melhor forma possível. Há pequenas coisas que são necessárias fazer, mas sem descurar todos os departamentos.
Como segundo objectivo queremos devolver a Sociedade aos sócios, porque eles têm vindo a cair a pico nesta casa, e nós somos uma colectividade que vive de sócios. Ainda não sabemos muito bem como vamos fazer, mas temos algumas ideias.
Qual foi a principal dificuldade com que se depararam quando chegaram?
A principal dificuldade foi falta de informação, falta de passagem de conhecimentos. Nem posso dizer se é falta de dinheiro ou não, porque nós não sabemos se há dinheiro. Não sabemos quantas contas bancárias há, não sabemos o que lá está. Oficialmente não nos foi passado nada.
Como é que isso aconteceu? Tendo em conta que existia uma comissão de gestão e uma anterior direcção…
Uma parte da não transmissão, como nós não sabermos como estão as contas bancárias, deve-se ao facto de alguma burocracia, porque há uma série de documentos que temos que preencher até podermos ter acesso às contas bancárias, nomeadamente o RCBE.
Este não é directamente um problema com a Comissão de Gestão, é um problema burocrático apenas. Se bem que eu acho que poderia ter sido dito quanto é que está disponível em cada conta.
E a vossa ligação com a banda, como é que está?
A nossa ligação com a banda está… eu não queria dizer fantástica, porque não sei o que é que vai na alma das pessoas, mas sinto que está muito boa. A banda retorna a simpatia, as pessoas tratam-nos bem, eu falo com o Maestro Tiago Menino quase diariamente e não vejo aqui nada que possa estar aqui em litígio com a banda neste momento com a direcção.
A banda é fundamental para manter a Sociedade bem?
A Sociedade existe por causa da banda, a Sociedade nasce em 1898 com uma banda, mas a Sociedade já teve banda, já teve ginástica, já teve Orfeu, já teve escola de música, já teve muitas coisas. Se a Sociedade neste momento precisa da banda? A sociedade precisa sempre da banda, nada disto faz sentido sem banda.
Isto não é um edifício de escritórios, não é uma empresa, é uma colectividade para servir os sócios, a população de Alcochete e do País, porque nós temos troféus internacionais. Existimos para elevar o nome de Alcochete, e se assim não for, nada disto faz sentido.
Qual a melhor forma de chamar sócios para a colectividade?
Temos um grupo de sócios envelhecidos e depois temos um de pessoas novas, é difícil fazer ou ter aqui uma solução que possa agradar a todos, se calhar temos que abordar aqui várias soluções, e várias soluções ou podem ser dispendiosas ou podem não abranger um grupo ou podem não abranger outro, de maneira que temos que ter cuidado a abordar isto, porque não queremos mais sócios a sair, queremos que os sócios frequentem a colectividade. Agora, razões para eles saírem podem haver muitas.
Neste momento a Sociedade tem condições para receber os sócios na sede?
Neste preciso momento talvez não, esperemos que daqui por um mês ou dois já tenha, estamos a planear algumas coisas, nomeadamente voltar a reactivar o bar dos sócios, mas não sabemos ainda em que moldes vamos fazer isso, mas era uma das situações que queríamos voltar a revitalizar.
O que pode garantir aos sócios para o futuro da Sociedade?
Posso garantir é que a Sociedade daqui a dois anos vai estar melhor do que está agora. Temos trabalhado bastante, tivemos aqui muitos e-mails para ler, muita coisa que estava aqui, e temos mais uma série de pendências ainda para resolver. A única coisa que podemos garantir é que vai ficar diferente e vai ficar muito melhor. Temos muitas ideias.